Preço dos fertilizantes sobe quase cinco vezes em três anos 

     Agricultura           
  • Luanda     Terça, 18 Abril De 2023    09h41  
Sacos de fertilizantes agrícolas
Sacos de fertilizantes agrícolas
Cedida

Luanda – A alta dos preços dos fertilizantes/adubos inorgânicos no mercado nacional, agravada, essencialmente, pela guerra entre a Rússia e Ucrânia, continua a ser um dos factores que poderão condicionar o aumento da produção agrícola em Angola. 

Apesar da subvenção do Governo angolano, que assume 35% do custo real dos adubos destinados aos agricultores familiares, o actual preço dos fertilizantes a nível nacional subiu quase cinco vezes mais do que o ano agrícola 2019/2020, período em que o saco de 50 quilogramas custava cinco mil kwanzas. 

Actualmente, o preço dos adubos varia entre 26 mil a 35 mil kwanzas, dependendo da tipologia e localidade. 

Por exemplo, nas duas lojas de referência de venda de fertilizantes, na província do Huambo, o saco de 50 kg do fertilizante NPK 12-24-12 (composição química de 12% de Nitrogénio, 24% Fósforo e 12% Potássio) está a ser comercializado a 27 mil kwanzas, enquanto o preço do adubo de ureia varia entre 28 mil a 30 mil kwanzas e o amónio custa Kz 15 200. 

Por outro lado, no mercado informal do Huambo, cujo cliente tem a possibilidade de ter desconto, caso a quantidade requerida seja maior, o NPK 12-24-12 também está a custar 27 mil kwanzas, a ureia 23 mil e o amónio 13 mil. 

A tendência crescente do preço dos fertilizantes também se verifica na província do Bengo, onde os revendedores estão a comercializar o saco de 50 quilos do NPK 12-24-12 a 35 mil kwanzas, depois de comprarem a Kz 25 mil em Luanda. 

No Cunene, o preço deste insumo custa Kz 28 400 e o cloreto de potássio tem valor de 19 mil 950 kwanzas, enquanto a ureia está a ser comercializado no valor de 19 mil 220 e o sulfato de amónio 15 mil 400 kwanzas. 

No Namibe, o adubo NPK está no valor de Kz 28 280, o Sulfato de Amónio custa 16 mil kwanzas e Ureia 15 mil. 

Já no mercado informal do Bié, o saco do 12-24-12 custa 28 mil 280 kwanzas, Ureia 30 mil, enquanto o Amónio custa 19 mil kwanzas. 

No Moxico, o adubo de Ureia, produto que está a ser comercializada unicamente no mercado informal, custa 25 mil kwanzas. 

Na mesma sequência, o preço do 12-24-12 ronda os 41 mil 895 e Amónio custa 23 mil 195 kwanzas nos mercados informais da Huíla, representando um dos preços mais altos comparativamente a demais províncias. 

Em declarações à ANGOP, o director provincial da Agricultura, Pecuária e Pescas na Huíla, Pedro Conde, justificou a alta dos preços dos fertilizantes pela dependência das importações derivadas da falta de fábricas de produção destes produtos no país. 

Esse factor, segundo a fonte, fez com que os armazéns tivessem escassez de fertilizantes, em função da procura de mais de 300 mil agricultores integrados em 824 associações de camponeses. 

Pequenos agricultores beneficiam da subvenção dos Estado 

Para mitigar a situação actual do elevado preço dos fertilizantes no mercado nacional, o Ministério da Agricultura e Florestas, em parceria com o Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Agrário (FADA), disponibilizou várias toneladas de fertilizantes para distribuir às cooperativas, associações e pequenos produtores, que devem contribuir com 65% do preço real, enquanto o Estado subvenciona 35%. 

Neste âmbito, o Governo Provincial do Huambo já distribuiu 45 mil 745 sacos de adubos NPK 12-24-12, nove mil 439 de Amónio e cinco mil 977 de Ureia, que beneficiaram dois mil 732 agricultores individuais, 273 cooperativas agrícolas, 254 associações de camponeses, 365 escolas de campos e 13 empresas do sector agrícola, em toda província. 

Quanto aos preços, o saco de 50 quilos do 12-24-12 está a custar mais de 16 mil kwanzas, Ureia acima de 21 mil e de Amónio perto de dez mil kwanzas. Estes produtos estão a ser comercializados a crédito, com o pagamento inicial de cinco mil kwanzas para cada saco e os restantes de forma faseada.

O mesmo cenário também se regista na província do Bengo, onde o NPK 12-24-12 está a ser comercializado ao preço de 17 mil 285 kwanzas, enquanto o saco de 50 quilos do Sulfato de Amónio custa Kz 10 mil 785, cujos beneficiários podem pagar em três prestações, sendo a primeira no valor de nove mil 307 kwanzas. 

Com mais de 187 cooperativas e 155 associações de camponeses controlados, a direcção provincial da Agricultura, Pecuária e Pescas do Bengo tem disponível 280 toneladas de fertilizantes para distribuir às cooperativas, associações e pequenos produtores. 

Na mesma senda, o FADA também disponibilizou 230 toneladas de fertilizantes para as cooperativas, associações e pequenos produtores do Cunene, para a campanha agrícola 2022/2023. 

De acordo com o director do gabinete da Agricultura, Pesca e Pecuária do Cunene, Carlos Ndanyengonduge, a medida do Executivo angolano visa atenuar o impacto da alta dos preços dos fertilizantes no mercado nacional, com a subvenção de 35%. 

Com esta subvenção, os agricultores familiares podem adquirir os fertilizantes a crédito, pagando, inicialmente, cinco mil kwanzas do valor global e liquidar o pagamento, após a colheita dos produtos. 

Já no Moxico, o saco de 50 quilos do adubo Sulfato de Amónio está a ser comercializado no valor de dez mil 750, contra 16 mil 538, com uma bonificação de cinco mil kwanzas, ao passo que o NPK12-24-12 custa 17 mil 285, com uma subvenção de nove mil e 307 kwanzas. 

Para a presente campanha agrícola 2022/2023, a província do Moxico beneficiou de 400 toneladas de adubo composto, faltando a recepção de 200 toneladas de Sulfato de Amónio planificadas. 

Benguela beneficiou de três mil 39 toneladas de fertilizantes subvencionados para 250 mil famílias camponesas, na campanha agrícola 2022/2023. 

“O Estado subvenciona 35 por cento, equivalente a 9 648 kwanzas”, confirmou o director provincial da Agricultura, Pecuária e Pescas de Benguela, José da Silva, tendo esclarecido que agricultores do sector empresarial, por sua vez, adquirem os fertilizantes por conta própria. 

Na Huíla, o adubo do tipo 12-24-12 custa Kz 18 036 e o Sulfato de Amónio tem o valor de 10 mil 750 kwanzas, um preço praticado pelo Instituto de Desenvolvimento Agrário de Angola (IDA). 

No Bié, o saco de 50 quilogramas do adubo composto NPK 12-24-12 custa 17 mil 285 kwanzas, Ureia tem o valor de 20 mil 475 kwanzas e o Amónio dez mil 750. 

Agricultores “clamam” pela baixa dos preços dos fertilizantes 

A par da escassez e do encarecimento de outros insumos agrícolas, a subida dos preços dos fertilizantes no mercado angolano tem aumentado o custo de produção, segundo o agricultor Joelson Cristóvão. 

Conforme o produtor da província da Huíla, os preços dos insumos estão “muito elevados”, facto que tem impacto negativo na qualidade e no preço do produto final. 

De acordo com Joelson Cristóvão, já é notório o abandono de algumas áreas agrícolas por parte de alguns agricultores, devido à carência de fertilizantes. 

Este cenário também preocupa aos agricultores do Moxico, temendo que a medida poderá influenciar, negativamente, no nível de produção dos produtos agrícolas, em função da incapacidade financeira de muitas famílias camponesas. 

Para agricultora Teresa Mariz, proprietária de uma das maiores fazendas no Moxico, com uma capacidade de mil hectares, sugeriu a redução do preço dos fertilizantes, com vista a facilitar a produção em grande escala e chegar ao consumidor a um preço mais baixo. 

Quem também alinha no mesmo pensamento é o empresário César Amândio que, sem especificar, defendeu o aumento da percentagem da subvenção dos fertilizantes para influenciar positivamente no preço final dos produtos no mercado. 

A par deste empresário, os agricultores na província do Huambo pedem, igualmente, o retorno da subvenção dos fertilizantes para todos, por considerarem que os preços actuais constituem avultados gastos no processo de cultivo, sem qualquer margem de rendimento a hora da colheita. 

A agricultora Graciana Chipondia, por exemplo, é de opinião que o saco de 50 quilogramas de fertilizante seja comercializado no valor de cinco mil kwanzas, tal como era nos anos anteriores, no sentido de facilitar a vida dos produtores. 

Já Avelino Sukuakueche Eduardo, outro agricultor, refere que o difícil acesso aos fertilizantes e aos preços altos têm promovido o êxodo rural dos camponeses, que acabam por preferir exercer outras actividades geradoras de rendimento nos centros urbanos, como o comércio informal, moto-táxi e prestação de serviços de segurança privada. 

Por sua vez, do presidente da Confederação das Associações e Cooperativas de Angola (UNACA) no Huambo, Paulo Tavares, reconheceu o esforço que o Governo tem feito para apoiar o sector da agricultura no país, mas defendeu o reforço das políticas e fiscalização, no sentido de garantir a eficácia na sua implementação das respectivas medidas. 

Com uma necessidade anual estimada em 150 mil toneladas, o país conta com duas fábricas misturadoras de fertilizantes, situadas na província de Benguela.

O ministro dos Recursos Minerais e Petróleo e Gás, Diamantino Azevedo, entende que a melhoria da informação geológica fornecida pelo Instituto Geológico de Angola (IGEO) abre portas para que o país seja auto-suficiente em matéria de fertilizantes agrícolas.

O governante, que falava na segunda-feira (17), durante o empossamento do novo conselho de administração do Instituto Geológico de Angola, disse que, ao se tornar auto-suficiente em matéria de fertilizantes agrícolas,  Angola passa, igualmente, a diversificar e a exportar a produção excedente para o exterior do país, com fins de angariamento de divisas.

Deste modo, precisou, a produção e transformação de fertilizantes para o mercado interno e externo permite ao país impulsionar o sector da agricultura e explorar o vasto potencial agrícola dos solos do país. QCB/AC 





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