Benguela – O projecto de fomento da produção de trigo, que está a ser desenvolvido na comuna da Chicuma, município da Ganda, província de Benguela, prevê atingir o pico de 73 mil toneladas em quatro anos, soube a ANGOP.
Trata-se de um ambicioso projecto promovido pela empresa angolana Royal Empire, num investimento inicial de 1, 5 mil milhões de kwanzas, financiados pelo Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Agrário (FADA) e pelo Fundo de Garantia de Crédito (FGC).
Falando hoje à ANGOP, o director do Gabinete Provincial da Agricultura, Pecuária e Pescas em Benguela, José Gomes da Silva, adiantou que o projecto consiste em mais de 20 mil hectares de terras aráveis preparados para o relançamento da produção de trigo na comuna da Chicuma.
Em termos de impacto directo, sublinhou que vão ser beneficiadas três mil e 500 famílias camponesas, das quais duas mil e 500 já estão cadastradas em função dos espaços disponíveis.
De acordo com o director da Agricultura em Benguela, prevê-se a geração de mais de 13 mil postos de trabalho directos, o que é uma mais-valia para os produtores rurais criarem rendimentos.
Por isso, José Gomes da Silva garante o apoio incondicional do Governo Provincial de Benguela, visto o projecto estar alinhado com a estratégia nacional de promover a produçao de grãos, principalmente trigo, arroz e soja no ano agrícola 2023/2024.
Para isto, destacou que o Executivo aprovou recentemente o Plano Nacional de Fomento de Produção de Grãos (Planagrão), com o objectivo de reduzir a curto prazo a forte dependência do país da importação do trigo, milho, arroz e soja, o que implica gastos de milhares de milhões de dólares.
A seu ver, isso contribui para assegurar a auto-suficiência alimentar do país no que diz respeito à produção destes cereais, importantes para a dieta da população.
Por outro lado, considera que Angola tem condições climáticas favoráveis à produção de grãos em diferentes áreas do território nacional, sendo a comuna da Chicuma local ideal para o fomento da cultura do trigo em grande escala.
“Visitamos várias vezes esta comuna, que tem condições propícias para a produção do trigo e esperamos dentro de quatro anos atingir o pico da produção com 73 mil toneladas”, diz, revelando que as famílias camponesas abraçaram o desafio com grande entusiasmo.
Know-now
Para o êxito da produção, ressaltou o envolvimento neste projecto de vários colaboradores nacionais e estrangeiros, sobretudo especialistas brasileiros que estão a contribuir com conhecimento técnico, visto que a agricultura no Brasil está bastante desenvolvida.
“Hoje não se faz agricultura sem ciência e know-now. É impossível”, frisou, avançando que a valiosa experiência do Brasil está a ser aproveitada pelos técnicos angolanos, para que dentro de quatro anos se possa atingir o pico da produção do trigo.
Para ele, resta apenas arregaçar as mangas e trabalhar, já que este projecto da Royal Empire tem viabilidade técnica e financeira para avançar, além das condições climáticas do local onde está a ser implementado.
Primeiras experiências
Por outro lado, contou sobre as primeiras experiências com a produção de trigo na Chicuma feitas no ano agrícola 2021/2022, com cerca de seis mil famílias camponesas apoiadas com sementes, assistência técnica e tratamento de terras.
É que, segundo o entrevistado, a produção experimental atingiu “resultados brilhantes”, pois foram colhidas cerca de nove mil toneladas de trigo, o que está a animar as famílias camponesas e pequenos produtores envolvidos no processo.
No entanto, indicou que toda essa produção acabou por ser escoada para a Fazenda Vinevala, na província do Bié, onde foi comercializada, por falta de máquina de descasque do trigo na Chicuma.
E deu conta de que se prevê para Setembro deste ano o arranque definitivo da produção, com o lançamento das sementes de trigo à terra.
Assim, cada família vai receber da parte da entidade promotora seis a sete hectares para produzir, bem como todo o tipo de equipamento, desde motocultivadores e máquinas de colheitas do trigo e descasque.
Como o ciclo do trigo é curto, José Gomes da Silva diz que a expectativa é de que as primeiras colheitas sejam feitas em Janeiro de 2025. JH/CRB