Lubango - A implementação de um processo de transferência de animais entre membros das comunidades minoritária San, em cinco localidades dos municípios Cacula e de Quipungo, na Huíla, está, nos últimos três anos, a fomentar a criação de várias espécies e a estimular a agricultura nesse grupo, antes, nómada.
Lançado em Agosto de 2020 e Julho de 2023, dos 15 bois, 72 cabritos, 28 ovelhas e 120 galinhas entregues a 131 famílias, o projecto já repassou a outros 372 agregados, das mesmas localidades, 11 bois, 84 cabritos, cinco ovelhas e 495 galinhas, após um ciclo de reprodução.
A informação foi hoje, terça-feira, avançada pelo director executivo da Organização Cristã de Apoio ao Desenvolvimento Comunitário (OCADEC), Benedito Quessongo, realçando que a implementação do processo, enquadra-se nos projectos de Apoio a Agricultura Familiar e Nutricional.
Destacou que neste período foram adquiridas e distribuídos gado bovino, galinhas, cabritos e ovelhas para as aldeias de Mumue-Cateta, Mupembati, Nondjava, Sassa e Hupa, que depois da reprodução, os aldeões repassaram algumas matrizes a outras famílias.
De acordo com Benedito Quessongo, o processo de transferência, na criação de animais, funcionou com regularidade aldeias da Hupa, Mupembati e Sassa, com ênfase na primeira, as famílias conseguiram acima de 50%, tendo como referência a linha de base das quantidades recebidas.
Afirmou que repasse, no início levantou receios em algumas famílias, mas depois de compreendido, está a contribuir para o alcance da sustentabilidade com “bons” resultados, pois com esta prática, as famílias afectadas estão a tornar-se mais sedentárias e aos poucos a actividade da caça que os levava ao nomadismo, está reduzir.
Sublinhou que dados resultados obtidos, o projecto terá continuidade no ano em curso, onde a previsão da OCADEC é adquirir e distribuir 170 animais de pequeno porte, como 40 caprinos, 30 ovinos e cem 100 galinhas, para reforçar o sistema.
A comunidade San faz parte dos primeiros povos de Angola, antes da invasão dos bantu, no início do século VI d.C. Hoje os San vivem riscos de extinção, com a sua longevidade em decadência, devido, sobretudo, a influência de hábitos alimentares alheios à sua cultura, antes baseada na caça e na recolecção de frutos silvestres, actividades hoje afectadas pelas alterações climáticas. BP/MS