Benguela – Mais de 300 toneladas de fertilizantes são necessárias, anualmente, no perímetro agrícola Vale do Cavaco, arredores da cidade de Benguela, para assegurar uma produção superior a 500 toneladas de banana, contra as actuais 400 toneladas/ano colhidas naquela cintura verde.
Falando à Angop, a propósito do decréscimo dos actuais níveis de produção, o seu director, Bernardo Gaspar, deu a conhecer que, neste momento, no Cavaco, apesar de não se registar mais dificuldades de água para irrigação, os 180 fazendeiros debatem-se com a falta de fertilizantes. "O calcanhar de Aquiles chama-se alta dos preços dos fertilizantes no mercado”, enfatizou.
Com dois mil e trezentos hectares em aproveitamento e 180 fazendeiros agrupados em seis associações, disse, a cintura agrícola de Benguela tem, actualmente, água abundante, pois os níveis do lençol freático estão recuperados e um clima propício para produção de banana a rondar os 27 graus célsius.
Segundo o especialista, para a cultura da banana é necessário uma fertilização de três a quatro vezes por ano agrícola, daí que só o Vale do Cavaco precisaria acima das 90 toneladas que recebe actualmente.
“Quem fala da cintura do Vale do Cavaco, em concreto, fala da produção agrícola no município de Benguela, por isso, muito recentemente, as autoridades locais comunicaram a existência, em armazéns, de 90 toneladas de fertilizantes, apesar de insuficientes, para atender em um ano, os 2.300 hectares.
A produção de banana deve ter, por regra, uma adubação de quatro vezes ao ano, ou seja, quatro meses depois da colocação em terra da planta-viveiro, recebe a primeira que se complementa de quatro em quatro meses.
Tendo em conta a realidade actual em que se pratica a agricultura, o engenheiro Bernardo Gaspar afirmou que nem sequer um quarto de produção desejada (25 por cento da produção) pode ser alcançada, porque se está a trabalhar “empiricamente”, já que nem se verificam testes sobre o estado dos solos.
Lamentou, a propósito, que um saco de adubo simples, como o sulfato de amónio ou a ureia, esteja a custar 20 mil, enquanto o 12x24x12, o mais usado, esteja cotado no mercado de imputes agrícolas aos Akz 28 mil.
Em relação a necessidade de desassoreamento do rio Halo, a montante (nos municípios do Cubal e Caimbambo), advoga que deveria ser tarefa sistemática, de modo a manter as águas no seu leito habitual.
No Cavaco pode produzir-se tomate, couve, cebola, batata rena, pepino, milho, entre outros produtos que conformam a dieta alimentar da região, todavia, a persistente praga denominada “Tuta Lagarta”, que há cinco anos devasta a região, continua a condicionar a produção, fundamentalmente de hortofrutícolas.
“Neste momento, a principal dificuldade para a produção da banana no Vale do Cavaco tem sido a falta de fertilizantes e não a falta de água, mas a praga em si continua a tirar o sono dos agricultores, cujos estudos de eliminação levaram já alguns técnicos à Zâmbia e África do Sul à procura de soluções, uma vez que estes países já haviam sido atingidos em tempos idos", disse.
Além da escassez ou falta de fertilizantes, Bernardo Gaspar aponta para a necessidade de se estender a energia eléctrica da rede pública, como outra mais-valia que poderá alavancar os níveis de produção no Cavaco.