Luena – Várias árvores míticas da cidade do Luena (Moxico), entre acácias, bambus e eucaliptos, estão em via de extinção, devido a má conservação e falta de sustentabilidade do processo repovoamento florestal constatou hoje a ANGOP.
Uma grande maioria dessas árvores do casco urbano do Luena e os respectivos bairros periféricos, está em fase de envelhecimento e desaparecimento, com destaque para as acácias rubras, mangueiras, citrinos e eucaliptos, colocando em risco o desenvolvimento sustentável do meio ambiente.
A extinção destas árvores está a acelerar o fenómeno da desertificação, numa região endémica a propagação de ravinas, estando, actualmente, com um registo de 20 erosões nos bairros da cidade.
Tem-se verificado as quedas constantes de árvores na via pública, provocando perigos aos transeuntes e circulação de viaturas nas referidas ruas, bem como reduzindo a purificação do meio ambiente e dos espaços verdes que constituem fontes para uma vida saudável da população.
Face ao fenómeno, o director do gabinete provincial do Ambiente, Gestão de Resíduos e Serviços Comunitários, no Moxico, Paulo Lumai, que falava à ANGOP, apelou às Administrações Municipais para a criação de polígonos e viveiros florestais, com vista ao combate das erosões na região.
O responsável disse que há necessidade das Administrações Municipais implementarem acções concretas para a protecção do meio ambiente, mormente a propagação do fenómeno de erosão de que a região é propensa.
Aliadas a essas práticas, Paulo Lumai considerou, igualmente, importante a criação de “cortinas de ventos” nas comunidades, bem como o povoamento e repovoamento florestais para a protecção do meio ambiente.
Mais de cinco mil árvores vão ser plantadas no Luena
A Administração Municipal do Moxico, que alberga a cidade do Luena, capital provincial, prevê plantar, dentro de três meses, mais de cinco mil árvores de diversas espécies, para combater o fenómeno de desertificação em várias espaços da região.
De acordo com o director municipal da Agricultura, Pescas e Florestas, Isidro Jorge Tomás, a acção visa, igualmente, fazer a substituição de árvores em estado avançado de declínio.
“ Já identificamos e catalogamos as árvores que estão em estado avançado de degradação, por isso, durante a época chuvosa vamos lançar a campanha de arborização de cinco mil árvores”, disse, em declarações à ANGOP.
Organizações juntam-se à causa
Para se contrapor este fenómeno, algumas organizações, mesmo de forma tímida, têm promovido ações de arborização nas artérias da cidade do Luena.
Entre elas, o destaque recai para a Associação Voluntários do Luena (AVL) e Associação dos Escuteiros de Angola (AEA), no Moxico, no âmbito do projecto ambiental denominado “Árvore da vida”.
A AVL fez, recentemente, plantação de pelo menos 50 árvores na parte frontal do Hospital Geral do Moxico (HGM), na avenida 1º de Maio e ao longo da Estrada Nacional (EN) 180.
De acordo com o presidente desta organização, Agostinho Machado, a partir de Setembro, com o reinício da época chuvosa, prevê-se implementar mais acções do género em outras localidades da urbe, sendo que estão preparadas 80 mudas numa das estufas da região.
“O grande obstáculo que enfrentamos é a falta de colaboração da população, porque constatamos que em algumas artérias onde plantamos, os moradores removeram as mudas, principalmente ao longo da Estrada Nacional 180”, lamentou.
Já a Associação dos Escuteiros de Angola (AEA), no Moxico, no âmbito do projecto ambiental denominado “Árvore da vida”, deu início à plantação de árvores de espécie de acácias rubras, acção que visa dar outra imagem e criar uma cortina de vento, bem como consciencializar a população sobre a importância da preservação do ambiente.
De acordo com o presidente da Junta Regional da AEA, no Moxico, Félix Mendes, até ao momento foram plantadas mais de 50 árvores, nas cidades do Luena e Luau, prevendo alargar o número na próxima época chuvosa.
Segundo fez saber, o projecto se enquadra na iniciativa da Associação dos Escuteiros de Angola que, num período de dois anos, prevê plantar um milhão de árvores, em todo o território nacional.
Recentemente, o Instituto Nacional para Cidadania - Mosaiko em parceria com a Fundação Fé e Cooperação (FEC) lançou um projecto denominado Usaki, para um período de três anos, voltado à capacitação das organizações sociais na gestão dos recursos ambientais, na província do Moxico.
Traduzido da língua nacional Cokwe, o projecto “Usaki”, que significa floresta (mata fechada), é financiado pela União Europeia (UE) e co-financiado pelo Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, beneficiando as zonas urbanos e rurais das províncias do Moxico, Cuando Cubango e Luanda.
Segundo o director - geral do Mosaiko, Frei Júlio Candeeiro, a iniciativa visa emancipar as comunidades e envolver as organizações da sociedade civil na divulgação dos desafios e na gestão inclusiva dos recursos naturais.
O projecto visa, também, fortalecer estas organizações e as autoridades locais, na promoção de boas práticas ambientais, através de iniciativas socioeconômicas sustentáveis, com incidência nas mulheres e nos jovens.