Lobito – Cada entidade produtora de resíduos, na cidade do Lobito, província de Benguela, deve assumir o seu tratamento e destino para restauração dos ecossistemas, defendeu esta segunda-feira, o assessor do governo provincial para o ambiente, José Cangombe.
Intervindo num debate sobre a restauração dos ecossistemas, na administração local, Bento Cangombe afirmou que esta condição diminuiria a quantidade de resíduos produzidos pela comunidade.
“É importante implementar um plano de gestão de resíduos, no qual, o comerciante, a construção civil, hotelaria, restauração e outros, trate dos seus próprios resíduos, a exemplo do que é feito com o lixo hospitalar”, sublinhou.
Para ele, o governo provincial e as administrações locais deveriam responsabilizar-se apenas com os resíduos domésticos.
O assessor mostrou-se preocupado com o facto dos resíduos de todas as valas de drenagem na cidade desembocarem na baía, sem que esses sejam tratados nos seus pontos de descarga.
Por outro lado, a representante do projecto Otchiva, Rosária Saviera, manifestou a inquietação sobre o problema da reflorestação nos mangais por causa do lixo, dos aterros e da construção de habitações naqueles lugares.
“Há necessidade de dialogar com a sociedade porque esta situação está a contribuir para o extermínio de espécies, que segundo um levantamento feito o ano passado, foram identificados 15 tipos de aves e 13 de plantas”, afirmou.
A falta de educação ambiental nas comunidades, apresentada pelo projecto Cambéu, também chamou atenção da audiência devido à caça furtiva de tartarugas marinhas, uma prática comum em determinadas zonas costeiras do país.
De acordo com co-fundadora do projecto, a colombiana Luz Le Corre, muitos pescadores acham que as tartarugas comem os peixes e por isso estão a acabar, enquanto que outros pensam que tanto a sua carne como os ovos são muito nutritivos.
“Ao contrário destas ideias, as tartarugas têm uma missão muito importante do mar, porque protegem os peixes de muitos elementos poluentes que os matam”, enfatizou.
Por sua vez, o projecto Lobito cidade limpa lamentou a sabotagem sobre a arborização, na qual foram plantadas cerca de 600 palmeiras, desde as bombas do Obilisco até a poucos metros da rotunda do Tchapanguele, nas bermas da estrada nacional EN100, restando apenas cerca de meia dúzia.
Para a Directora do Gabinete Provincial de Ambiente, Gestão de Resíduos e Serviços Comunitários, Mariza da Kimzimba, as zonas húmidas são uma prioridade por causa do equilíbrio para o desenvolvimento sustentável.
Afirmou ainda que o governo tem apostado na sensibilização das pessoas, já que há muita falta de informação no que toca ao tratamento dos resíduos.
“Muita gente não tem noção de que o resíduo pode ser reaproveitado e reciclado para gerar renda para as famílias”, frisou.
Em relação aos mangais, revelou ter recebido alguns projectos que estão em estudo, mas garantiu que o primeiro passo vai no sentido da descontaminação e depois passar para a restauração do próprio ecossistema.
Ao tomar a palavra, o vice-governador para a área técnica e infraestruturas, Adilson Gonçalves, apontou alguns desafios, entre os quais a preservação das raras espécies marinhas na cidade do Lobito e a manutenção das praias da Baía-Farta, por ser um município pesqueiro e ter um nível acentuado de poluição.
Além de solicitar a contribuição de todos, sugeriu a participação dos estudantes, para começarem a ter uma educação ambiental de forma sustentável e almejar um futuro melhor.
O debate está enquadrado no dia Mundial do Ambiente, celebrado todos os anos no dia 5 de Junho, data instituída pelas Nações Unidas com objectivo de sensibilizar a população e elaborar acções que visem a preservação do ambiente.