Luanda - O Executivo está a preparar uma proposta para o Projecto de Gestão Sustentável de Fogo, informou, esta quinta-feira, a secretária de Estado para Acção Climática e Desenvolvimento Sustentável, Paula Francisco.
O Projecto de Gestão Sustentável de Fogos visa ajudar as comunidades a gerir incêndios florestais e queimadas de forma sustentável e assim reduzir as emissões de gases de efeito estufa, bem como melhorar o ecossistema e conservação da biodiversidade local.
Falando no Workshop de Endosso na Nota Conceitual do Projecto, no quadro do "Programa Preparatório do Fundo Verde para o Clima", referiu que a história de fogos em Angola data já de alguns anos, sendo neste princípio que se apresenta a visão do país para as alterações climáticas.
Neste quadro, a secretária de Estado reconheceu ser necessário desenvolver acções de adaptação equilibrada que permitam minimizar os impactos das alterações climáticas de forma eficiente e garantir a sustentabilidade do desenvolvimento nacional.
Disse ainda que a estratégia nacional para alterações climáticas 20/22, 20/35, identifica a gestão de florestas e outros usos do solo, entre as suas acções de mitigação e prevenção, monitorização de incêndios.
Assim sendo, sublinhou o Executivo está a desenvolver a capacitação, através de intervenções concretas e integradas na abordagem sobre a temática da educação e consciencialização ambiental junto das comunidades.
"Este método visa promover a modernização de uma agricultura sustentável, através de aplicações de práticas que garantam a redução de emissões de gás de efeito estufa, mas que permite aos produtores terem maiores rendimentos", sublinhou.
Paula Francisco avançou ainda que Angola foi considerada como um dos países na África Subsaariana com maior actividade de fogo, sendo que os estudos sugerem que, por meio da adopção da metodologia de gestão tradicional de fogo, o país pode reduzir as emissões por queimadas e incêndios até em metade.
Quanto às causas de incêndios no país, a secretária de Estado avançou que estão ligadas às práticas tradicionais de degeneração de solo e da erva por via do fogo, a caça furtiva, onde a maior parte culmina com o total descontrolo do fogo.
Apontou ainda que a elevada falta de conhecimento sobre os efeitos negativos da acção do fogo no solo e na vegetação, com particular incidência nas zonas rurais do interior do país, está na base da proliferação dos actos de queimadas praticada pela população.
Neste caso, exemplificou a província da Huíla, que actualmente apresenta um projecto de mitigação de incêndios e queimadas.
Assim sendo, quatro províncias foram seleccionadas como locais prioritários para a implementação de intervenções no local, nomeadamente, Malanje, Cuando Cubango, Moxico e Lunda Sul.
Este conjunto, totalizam aproximadamente cerca de 49 % do total anual de emissões de gases de efeito estufa proveniente de incêndios florestais.
Por sua vez, a representante da FAO em Angola, Gherda Barreto, disse que a Agenda 2030 reconhece a importância da gestão sustentável dos recursos florestais para a erradicação da fome, no alcance da segurança alimentar.
Apontou que o projecto de gestão sustentável de fogos que está a ser desenvolvido por Angola vai ajuda na identificação de soluções baseada na natureza e nas comunidades, aproveitando assim, o grande potencial do país para a redução de emissões de gases de efeito estufa e, consequente, a geração de crédito de carbono para benefício das comunidades.
Gherda Barreto sublinhou ainda que a FAO tem apoiado o Executivo angolano, no sentido de ter acesso aos recursos do Fundo Verde do Clima, na mobilização de outros financiamentos, bem como na elaboração do projecto de gestão sustentável de fogos. ANM/ART
