Luena – Um projecto ambiental, denominado Gestão Sustentável de Fogos, poderá ser implementado, em 2023, nas províncias do Moxico, Lunda Sul, Lunda Norte, Malange e Cuando Cubango, financiado pelo Fundo Verde do Clima (FVC).
A implementação do projecto poderá ocorrer em sete anos com um orçamento de aproximadamente 42 milhões de dólares norte-americanos, suportados pelo Fundo Verde do Clima (iniciativa global concebida para atender às necessidades de mitigação e adaptação ao aquecimento global).
O projecto Gestão Sustentável de Fogo, em fase de colecta de dados desde 2021, enquadra-se na Estratégia Nacional de Adaptação às Alterações Climáticas 2021-2035, tendo em conta o cenário de ocorrência de fogos que se regista no país em todos os anos.
A consultora da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) para área de Alterações Climática em Angola, Ludmila Sayovo, que disse ser um projecto “ambicioso” a ser implementado nas comunidades que exercem a actividade agrícola e realizam queimadas com frequência.
Esclareceu que a pretensão do projecto é engajar as partes interessadas e representantes das comunidades, identificar o contexto para a realização dos estudos técnicos.
Consiste ainda em captar e socializar suas experiências e actividades relacionadas com a redução de emissão de gases de efeito estufa, gerir e monitorizar queimadas e incêndios, bem como recursos florestais.
Explicou que o plano prevê dar uma ampla abordagem tanto na mitigação, através da redução dos gases de efeito estufa, como na adaptação que envolve a melhoria dos recursos florestais, biodiversidade, ecossistema e o meio de vida das comunidades que têm praticado queimadas.
Neste momento, segundo a também coordenadora do projecto, estão na fase final de colecta de dados de queimadas no Moxico para, em Março de 2023, serem enviados ao FVC e posterior financiamento e implementação.
A consultora da FAO acredita que com a redução de emissões de gases de efeito estufa, o país poderá vender crédito de carbono no mercado internacional e estes irão converter em benefícios económicos e financeiros das comunidades.
Já o chefe de departamento do gabinete provincial do Ambiente no Moxico, Cristóvão Adão José, chamou atenção à prática das queimadas para fins agrícolas pelo facto de este costume empobrecer os solos, danificar a fauna e flora, para além de afugentar os animais selvagens do seu habitat.
A FAO é uma agência acreditada no Fundo Verde do Clima para projectos de tamanho médio até 250 milhões de USD, ao passo que o referido fundo é o maior instrumento para o financiamento de projectos de mitigação e adaptação às alterações climáticas.
Em Angola, o referido projecto conta com a supervisão e preparação de uma Comissão Multissectorial que engloba o Ministério da Cultura, Turismo e Ambiente (MCTA), Ministério da Agricultura e Pescas (MINAGRIP), Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica (INAMET), Ministério da Economia e Planeamento (MEP) e a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO).