Cuito – O impacto da caça furtiva, como principal causa da eliminação de espécies raras, foi o principal tema de discussão, na primeira conferência provincial sobre o meio ambiente, realizada hoje, na cidade do Cuito (Bié).
O director do gabinete do Ambiente, Gestão de Resíduos e Serviços Comunitários, Jonatão Cassapi, revelou que, nos últimos tempos, regista-se a presença de caçadores no território do Bié, fundamentalmente nos municípios do Cuemba e Chitembo, áreas limítrofes às províncias do Moxico e Cuando Cubango, respectivamente.
Em 2020 e 2021, adiantou a título de exemplo, o Serviço de Investigação Criminal (SIC), em parceria com o Instituto de Desenvolvimento Florestal (IDF) no Bié, deteve alguns cidadãos nacionais com chifres de rinoceronte, nos municípios do Cuemba e Camacupa.
Jonatão Cassapi informou que trabalham no sentido de reduzir a prática da caça furtiva, através de palestras de sensibilização, sobretudo no Cuemba e no Chitembo, pelo facto da actividade fazer parte da cultura dos povos da região, tendo em conta o potencial da fauna e flora existentes.
O vice-governador para os Serviços Técnicos e Infra-estruturas do Bié, José Fernando Tchatuvela, alertou que a prática, além de dizimar o ecossistema, causa danos incalculáveis à natureza, adiantando que, quanto à gestão ambiental, o Governo da província tem alocado verbas para execução de projectos, com vista a diminuir o impacto negativo sobre a natureza.
As acções centram-se no combate as queimadas anárquicas, abate indiscriminado da fauna e da flora, mau acondicionamento e gestão dos resíduos, poluição dos rios, exploração descontrolada dos recursos naturais, renováveis e não renováveis, bem como a formação de quadros ligados às áreas do ambiente, para sua preservação e conservação.
Em 2021, lembrou, foi lançado o programa de saneamento básico nos nove municípios, que está a permitir aos munícipes adoptar um ambiente mais sadio e uma gestão muito mais cuidada dos resíduos sólidos e não só, além do surgimento de vários polígonos florestais, no sentido de repovoar as zonas devastadas pelas queimadas anárquicas e abate indiscriminado de árvores.
A conferência, realizada sob o lema “ Educação ambiental para uma sociedade em risco”, visou buscar contributos valiosos à promoção de uma sociedade ambientalmente educada, para, de forma conjunta, se contrapor os problemas ligados ao saneamento básico, gestão e valorização dos resíduos.
A ideia é potencializar cada vez mais as instituições, quer públicas quer privadas, bem como os diferentes actores da sociedade, para a melhoria dos níveis de intervenção nas políticas públicas sobre a educação, preservação, protecção e conservação do meio ambiente para um desenvolvimento sustentável.
Os participantes analisaram ainda aspectos ligados a importância dos ecossistemas na manutenção da vida do planeta e seu impacto no equilíbrio térmico, valorização dos resíduos, como factor de geração de renda, bem como o assentamento populacional desordenado, nas zonas peri-urbanas e seu impacto no meio ambiente.