Universidade Kimpa Vita cria jardim botânico no Uíge

     Ambiente           
  • Uige     Terça, 26 Março De 2024    16h41  
Plantas descobertas na serra do Pingano
Plantas descobertas na serra do Pingano
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Uíge - A Universidade Kimpa Vita, na província do Uíge, está a trabalhar para a criação do primeiro jardim botânico da região, espaço que poderá congregar mais de mil espécies de plantas com valor medicinal, suplemento alimentar e atracção turística.

A ser instalado numa área de 25 hectares de terra, o jardim será dedicado à colecção, cultivo e exposição de uma ampla diversidade de plantas, anunciou terça-feira o vice-reitor para a Área Científica, Domingos Santos Mpungui.

Perspectiva-se, com essa iniciativa, a criação de uma  área ambiental protegida, constituída por colecções de plantas com o objectivo de desenvolver pesquisa, conservação do meio ambiente e educação ambiental.  

Em entrevista à ANGOP, no cidade do Uíge, o vice-reitor explicou que as plantas que tiverem valor medicinal, alimentar ou matéria-prima têm um futuro no sector produtivo.

Disse que as plantas serão preservadas, nomeadas e seguir para o sector empresarial, onde podemos encontrar empresas que poderão desenvolver mais estudos sobre essas espécies.

Indicou que algumas espécies em extinção poderão ser preservadas, no jardim botânico, permitindo que as gerações futuras conheçam e depois será criado um laboratório de análise de bioquímica, para permitir a descoberta das valências das plantas (valor alimentar, medicinal e matéria-prima para as fábricas).

Com isso, a ciência marca passos e trará benefícios para a sociedade, porque não interessa só preservar, mas também é importante a sua utilização, afirmou.

Sobre a existência de plantas raras, no Uíge, disse que a região possui 10 a 15 plantas endémicas. Por essa razão, considerou vantajosa a conservação dessas espécies, justificando que “toda” planta tem importância medicinal e outras utilidades.

A outra importância que se impõe, acrescentou, é ser ainda uma planta turística, porque, quando um turista chega ao Uíge, vai perguntar sobre a Loe Uigense.

O jardim botânico vai ter a capacidade de apresentar várias plantas raras, situação que poderá gerar verbas com a vinda dos turistas.

De forma exótica, as plantas endémicas têm esse valor, sendo representantes de uma e única espécie, disse.

Explicou que as plantas endémicas são aquelas que não se encontram numa outra área, o que desperta o interesse dos cientistas que sempre preferem descobertas.

"O interesse está aí, se ela é isolada pode estudar-se a sua evolução biológica, como é que se isolou naquela área, entre outras particularidades”, confirmou.

Acrescentou serem essas as razões da protecção das plantas endémicas. “Quando desaparece uma planta, desaparece da cadeia alimentar, porque, num ecossistema como a floresta, as plantas têm uma relação entre elas, uma planta não pode viver sem a outra. Por isso é que se chama floresta”, referiu.

Por essa razão, considerou importante a previsão do futuro, que significa consumir de forma racional.

Para o especialista, a investigação científica, sobretudo da biodiversidade reúne uma grande importância, “diria que o homem tira da biodiversidade o alimento, a matéria-prima e também o abrigo”, disse.

Descobertas de novas plantas no Uíge

Duas espécies de plantas vegetais, possuindo propriedades medicinais e outras utilidades, foram descobertas, na província do Uíge, por um grupo de investigadores das universidades Kimpa-Vita (Angola), de Dresden e Hamburgo (Alemanha).

Trata-se das plantas baptizadas com os nomes  Aloe Uigensis e Impatiens Pinganoensis. Servem  para a produção de fármacos modernos, medicamentos tradicionais, suplementos alimentares, assim como elementos de atracção turística.

A directora da Área de Cooperação da Universidade Kimpa Vita e do Jardim Botânico de Hamburgo, Thea Lautenschläger, disse que as  plantas foram descobertas, na serra do Pingano, que compreende os municípios do Uíge, Quitexe e Ambuila.

Frisou que o projecto de pesquisas de plantas se iniciou, em 2012, na província do Uíge, através da Universidade Kimpa Vita, uma aposta na investigação das plantas usadas pela população como medicamento tradicional.

Thea Lautenschläger explicou que, desde do início do projecto investigativo, já foram obtidas várias amostras de plantas medicinais, tais como a Cuacua, Piritos, Peés, entre outras espécies.

Apontou que a organização que integra vai continuar a envidar esforços para a multiplicação destas espécies, visando servir a biodiversidade e estudos científicos.

"Desde o ano de 2012, temos uma cooperação com a Universidade Kimpa Vita e as Universidades Técnica de Dresdem e Hamburgo, ambas da Alemanha.  São quase 12 anos de cooperação que deram muitos frutos. Por exemplo, nós fizemos muitas publicações a nível internacional sobre a biodiversidade de plantas, mas também rubéolas, répteis e outros animais", continuou.

Explicou que, durante esse período, foram obtidos muitos resultados nas serras do Uíge, Damba e Pingano, uma biodiversidade muito alta, rica e endémica.

Referiu que as duas plantas  e uma outra que é a Herbácea Pinga Ya Siss, que cresce, igualmente, na Serra do Pingano, foram descobertas, nos anos 2013 e 2014.

Nessa época, prosseguiu, a Serra do Pingano era uma floresta densa mas, infelizmente, hoje a zona está muito devastada, o que significa que "já entraram muitos madeireiros e camponeses para fazer lavras e, consequentemente, as espécies estão em risco de extinção”.

O vice-reitor Domingos dos Santos disse que as plantas descobertas têm grandes vantagens para a investigação científica, enquanto fonte de alimentação, medicamento e atracção do turismo na região.

Nas serras da província do Uíge, existe alto nível de endemismo, o que significa que essa área tem espécies, plantas, animais e outros organismos que só existem nas serras do Uíge, disse.

Acrescentou que existem igualmente vários anfíbios, daí a motivação para a realização de vários estudos sobre a biodiversidade.

“Visitamos o Instituto Florestal do Uíge, tivemos uma boa conversa sobre os problemas na serra e uma das situações graves são os madeireiros que exploram ilegalmente, a invasão dos camponeses que entram nas florestas com uma rapidez muito alta”, lamentou.

Disse contarem com a colaboração do Ministério do Ambiente para a criação de uma área de protecção dentro dessas serras, e que tudo está planificado para este ano.

Desde o início do processo de investigação, em 2012, o grupo de investigadores já lançou três livros científicos, designadamente, “Bioversidade”, “Serra do Pingano” e " Área protegida e Apicultura ".

Jardins botânicos em Angola

O Centro Botânico do Kilombo fica a uns cinco quilómetros de Ndalatando, na província do Cuanza-Norte. Trata-se de uma pérola escondida no sopé de vários montes, espaço de um microclima muito especial, que possui todo o tipo de flores, árvores e plantas.

Este espaço sempre esteve ligado à preservação e estudo das plantas e culturas agrícolas de Angola, principalmente as desta região do país.

Foi criado, em 1907, como centro de investigação das seringueiras, abundantes nesta zona e muito procuradas no mercado mundial da altura.

Era conhecido por Jardim Botânico do Cazengo. Em 1961, passou a chamar-se Centro de Estudos de Salazar, o nome colonial da capital do Cuanza-Norte. Hoje, é conhecido por Centro ou Jardim Botânico do Kilombo. 

Jardim botânico de Luanda

Em 2016, foi anunciada a construção do Jardim botânico de Luanda para o ano de 2017, numa área de 13,4 hectares de terra. A iniciativa era da Fundação Eduardo dos Santos.

O projecto teria como objectivo a promoção do conhecimento científico e cultural em volta da conservação da natureza, através do turismo ecológico, além de valorizar a biodiversidade angolana e beneficiar a cidade de Luanda com um importante espaço público verde. JAR/IZ





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