Estadio 11 de Novembro encerrado desde sábado por decisão da CAF

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  • Luanda     Domingo, 14 Novembro De 2021    16h17  
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Exterior do Estádio 11 de Novembro
Exterior do Estádio 11 de Novembro
Marcelino Camões
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Estaleiro do 11 de Novembro ainda permanece 11 anos depois da edificado o estádio
Estaleiro do 11 de Novembro ainda permanece 11 anos depois da edificado o estádio
Marcelino Camões

Luanda - Construído para albergar o Campeonato Africano das Nações em 2010, o Estádio 11 de Novembro, em Luanda, está encerrado desde sábado para obras.

A decisão, restrita aos jogos internacionais,  foi tomada pela Confederação Africana de Futebol (CAF), devendo reabrir após cumpridas as orientações do órgão reitor da modalidade no continente. 

Onze anos depois de edificado, tal como os também interditados estádios da Tundavala (Huíla) e Ombaka (Benguela), a CAF considera as infra-estruturas inaptas para a prática do futebol, por conta de uma degradação progressiva resultante da fraca manutenção.

Por altura da construção, foi anunciado que a manutenção dos recintos estaria a cargo da empresa chinesa Shangai Urban Construction Group Corporation (SUCGC).

Na verdade, passados os primeiros anos em que os imponentes espaços constituíam cartão de visita até para a comunidade internacional, conforme pronunciamentos ao longo do CAN´2010, a falta de manutenção rigorosa propiciou o surgimento prematuro de problemas até ao nível da estrutura.     

O 11 de Novembro, com capacidade para 50 mil espectadores, é dos mais visados com fissuras nos pilares de sustentação, além de outras situações ao nível das bancadas, elevadores, balneários, placards electrónicos e da relva.

Localizado no distrito urbano de Camama, no município de Talatona, na província angolana de Luanda, é orçado em USD 227 milhões, foi erguido em 18 meses, obedecendo padrões da moderna arquitectura, mas os problemas que apresenta pode exigir mais um investimento de Akz mil milhões.

No Estádio foi colocada uma pista que não serve o atletismo. Segundo entendidos, a qualidade é tão duvidosa que nunca albergou qualquer prova, sob risco de provocar lesões aos utentes.

No caso dos restantes estádios, este elemento fundamental para a pratica e desenvolvimento da modalidade nunca foi colocado, apesar de fazer parte do plano inicial.

Fissuras nos pilares, falta de cadeiras nas bancadas, inoperância dos elevadores, problemas ao nível dos balneários, tribuna de imprensa, falta de pintura em toda sua extensão são alguns dos problemas identificados na parte interior do estádio 11 de Novembro.

Na parte exterior, são visíveis fissuras nos pilares e paredes. O capim em toda extensão completa o cenário nada abonatório no gigante imóvel, agravado com a permanência até agora do estaleiro montado por altura das obras, sob responsabilidade da construtora Omatapalo.

Os dois placards electrónicos, inoperantes por desactualização do Software, integram igualmente a lista de melhorias exigidas pela Confederação Africana.

Ao longo dos anos, o imóvel tem merecido obras paliativas com todos os valores financeiros afins. Recentemente foi aprovada outra empreitada avaliada em Akz 50 milhões.

Sem recursos para auto-sustentação por falta de serviços paralelos, o recinto exige por mês despesas fixas com salários, IRT, luz, água, saneamento e manutenção na ordem de Akz dez milhões, mas o ideal seriam Akz 50 milhões, segundo fonte da direcção do imóvel.

Tundavala custou USD 69 milhões

Apesar da recente recuperação da relva do Estádio da Tundavala, alguns compartimentos estão comprometidos, com destaque para balneários, elevadores, móveis dos camarotes, bancada de imprensa e casas de banho.

Com capacidade para 20 mil espectadores, foi construído numa área de 25 mil e 807 metros quadrados pela construtora chinesa “Sinohydro Corporation LTD”, com um custo total de USD 69 milhões.

A obra, que durou nove meses, comporta 20 casas de banho,  duas subestações eléctricas com capacidade para 15 mil kV (quilovolt), uma sala presidencial, bancada de imprensa, quatro balneários para jogadores, duas salas para treinadores e igual número para árbitros.

Conta ainda com sete postos médicos para atendimento ao público, jogadores e convidados Vip, 14 lojas, um restaurante e parque de estacionamento para duas mil viaturas.

Desde a inauguração já foi obrigado a fechar as portas por três vezes, todas elas para a recuperação da relva, sendo que o último interregno demorou seis anos (2015-2021).

O sistema de captação de água e rega foi reactivado em 2019, graças a um financiamento de Akz 40 milhões por via do  Ministério da Juventude e Desportos. O trabalho incidiu em quatro furos de água e central de bombagem.

O gerador furtado em 2015 representou um duro golpe, pois fragilizou o sistema de rega e abriu portas à degradação.

Até agora não há culpados e nem um processo-crime na PGR sobre o assunto, mas o problema ficou sanado quando em Junho de 2018 chegaram do ministério de tutela dois novos geradores, com capacidade de gerar 45 Kva´s cada.

O estádio herdou o nome de um dos maiores destinos turísticos da província, a sétima Maravilha da Fenda da Tundavala, após um concurso público para atribuição de uma designação em que concorreram 112 propostas.

A iluminação está fixada em estrutura metálica composta por 408 holofotes de dois mil watts cada. Existem ainda salas de controlo e iluminação do recinto, de televisão, de imprensa e de jornalistas com capacidades para 65 e 200 pessoas, respectivamente.

A obra contou com a participação de 750 trabalhadores, dos quais 300 angolanos e os restantes chineses. Situado no sopé da Serra da Chela, no bairro do Tchioco, foi inuaugurado a 29 de Dezembro de 2009.

Estádio de Ombaka – ficou orçado em USD 100 milhões

Apesar das obras de requalificação de que tem sido alvo, o imóvel carece de melhorias nas estruturas metálicas do primeiro e segundo piso, recuperação da área de imprensa e rede eléctrica, balneários, além de uma área médica.

Segundo fonte da direcção do espaço não é possível avaliar o custo das intervenções a que o estádio tem vindo a ser submetido por terem sido pontuais, mas garantiu que desde a inauguração nunca sofreu uma reparação profunda, apenas paliativas.

Orçado em USD 100 milhões, actualmente o Ombaka possui uma despesa que ronda em cerca de Akz 2 milhões/mês, para fazer face ao pagamento permanente dos salários, energia e água.  

O empreendimento, que ocupa uma área de 41 mil e 500 metros quadrados, 40 metros e 35 de altura, um terreno de futebol com 68 metros de largura e 105 de comprimento, tem capacidade para 35 mil espectadores.

A cobertura metálica abrange 29 metros de comprimento, possui 256 lugares para personalidades VIPs, oito acessos para espectadores, 68 lugares para deficientes físicos, além de um parque de estacionamento para três mil e 365 viaturas e 537 autocarros.

O imponente estádio tem ainda salas para entidades VIP, reuniões, transmissão de TV e rádio, ginásio, escritórios, gabinetes, centros de imprensa e de comércio todos em estado que inspira cuidados. 

 





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