Luena - A Região Leste do País, constituída pelas províncias do Moxico, Lunda Sul e Lunda Norte, carece de infra-estruturas desportivas adequadas, dificultando a normal prática do desporto nas diversas modalidades.
Por Alcides Pedro, Quintas Benjamim e Hélder Dias, jornalistas da ANGOP
Devido a falta de infra-estruturas, tem sido comum, nos últimos anos, a anulação ou transferência de eventos desportivos daquela zona para outras com melhores condições de recintos, sejam campos ou pavilhões, sendo o caso mais recente o Campeonato Regional Leste do Desporto Escolar.
A nível do futebol, a última vez que uma equipa da região participou de um jogo internacional, sob égide da Confederação Africana, foi em 2016, altura em que o Sagrada Esperança competiu nas afrotaças e jogou no seu próprio reduto.
Desde então, com as regras actualizadas pelo órgão reitor do futebol continental, Bravos do Maquis do Moxico e Sagrada Esperança da Lunda Norte foram obrigadas a disputar os jogos da Taça da Confederação em Luanda, dada a falta de estádios de alto padrão na zona.
Tal situação, além do desgaste físico com viagens, acarreta despesas acrescidas aos clubes citados, além do transtorno de jogarem longe do respectivo público e da massa associativa.
A inversão deste cenário não se afigura em curto ou médio prazo, porquanto o Orçamento Geral do Estado (OGE´2023) atribui para a região o montante mínimo de 682 milhões e 225 mil Kwanzas (mais de um milhão e 200 mil USD).
Contas feitas, o estádio Jones Cufuna Mundunduleno, de 4.200 lugares, pertença do Bravos do Maquis, ficou orçado em USD 15 milhões, por altura da construção há mais de 14 anos, sendo o menor da região, atrás do das Mangueiras (Luanda Sul) e Sagrada Esperança (Lunda Norte), para sete mil espectadores cada.
Consulta feita pela ANGOP, mostrou que a província da Lunda Norte possui a maior quota na região para a generalização da prática desportiva e melhoria do desporto de rendimento. Tem cabimentada mais de kz 604 milhões 785 mil para o efeito.
Já na Lunda Sul, o OGE´2023 prevê mais de kz 43 milhões 545 mil para a construção de um campo de futebol, no município de Cacolo, para mil adeptos, o único projecto local na vertente do desporto.
A província do Moxico é a que menos receitas recebeu para investimento. Terá kz 33 milhões 894 para a construção de um campo multiuso no município do Leua, a 62 quilómetros a leste do Luena.
Moxico
Em termos gerais, a província do Moxico possui o pavilhão gimnodesportivo 27 de Março, com dois mil lugares, que carece de reabilitação e modernização profunda.
Essa quadra polidesportiva já acolheu grandes eventos, com destaque para os Campeonatos Nacionais seniores masculino e feminino de andebol, em 2010.
Desde então, a infra-estrutura degradou-se, fundamentalmente o piso, situação que inviabilizou recentemente a realização do Campeonato Regional Leste do Desporto Escolar, qualificativo à fase nacional.
A propósito, a chefe de departamento dos Desportos da província do Moxico, Marlene Muzala, reiterou que a circunscrição debate-se com dificuldades de quadras polidesportivas, campos e pavilhões para o fomento do desporto de forma eficiente.
“É impossível ter campeões mundiais e olímpicos se não houver condições técnicas de trabalho, sobretudo infra-estruturas”, disse a antiga basquetebolista do Bravos do Maquis e três vezes melhor triplista dos jogos escolares, entre 2011 a 2015.
A responsável lamentou a vandalização por cidadãos dos cerca de 100 campos construídos no âmbito do Programa Despontar, no Luena, e nos demais municípios, dando lugar a construção de casas e outras infra-estruturas.
Lunda Sul
No futebol, o cenário também é de enormes dificuldades.
Depois de ganhar, há 10 anos, o Estádio Municipal das Mangueiras, com sete mil lugares, está em construção, embora de nível municipal, um pavilhão multiusos, com pouco menos de mil assentos, com as obras já em 80 por cento de execução física, embora paralisadas actualmente.
O pavilhão terá uma arena, camarotes, área de imprensa, parque de estacionamento, serviços de restauração, entre outros compartimentos.
Está igualmente em construção o campo comunitário do Santo António. As obras, erguidas numa área de nove mil 812 metros quadrados, com a capacidade para acolher mil e 92 espectadores, custam kz 300 milhões.
Em Março último, o governador da Lunda-Sul, Daniel Neto, pediu à ministra da Juventude e Desportos, Palmira Barbosa, que trabalhou na circunscrição, para interceder junto do Executivo para a retoma dos trabalhos do Estádio das Mangueiras.
Lunda Norte
A província da Lunda Norte tem 14 campos de futebol, com destaque para o Estádio Sagrada Esperança, no Dundo, com capacidade para sete mil espectadores, cinco quadras de ténis e seis polidesportivas.
Ainda no Dundo, está em construção, no município do Chitato, uma quadra polidesportiva, cuja conclusão está prevista para o ano em curso, enquanto as obras do pavilhão multiuso, orçadas em 18 milhões de dólares norte-americano, estão paralisadas desde 2015.
O imóvel, que quase se assemelha ao Arena do Kilamba, está implantado numa área de 6.464 metro quadrados, no distrito urbano do Mussungue, nas imediações da centralidade do Dundo.
A até altura da paralisação da empreitada, as obras estavam a 55 por cento de execução física, com uma despesa de USD 11 milhões.
O pavilhão, com três pisos, foi projectado para albergar três mil e setenta espectadores, com uma arena, dois camarotes, área de imprensa, parque de estacionamento para duas mil e 100 viaturas, dois balneários, sala de conferência de imprensa, bancadas e quadra de jogos.
A província da Lunda Norte, considerada o “viveiro” de ténis em Angola, tem em carteira a construção de um campo de relva sintética, no bairro Norte, para servir de treino para o Sagrada Esperança.
Além das afrotaças, o estádio Sagrada Esperança é o único na região que acolheu jogos internacionais, em 2011, num quadrangular em que fizeram partes as selecções da Zâmbia, RDC e Congo. AP/QB/HD/ YD/MC/VM
