Retrospectiva`2023: Sub-16 salva honra do basquetebol em África

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  • Luanda     Domingo, 24 Dezembro De 2023    21h53  
Basquetebol feminino arrebata bronze no africano de Sub-16
Basquetebol feminino arrebata bronze no africano de Sub-16
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Luanda – Em um ano de pouca “safra” para os seniores, a Selecção Nacional de basquetebol feminina em Sub-16 salvou a honra de Angola no contexto do continente africano.

Por Bernardino Vicente e Marcelino Camões - Jornalistas da ANGOP

A equipa nacional feminina conquistou a medalha de bronze (terceiro lugar) no Campeonato Africano "Afrobasket`2023", mercê do triunfo sobre a anfitriã Tunísia, por 50-43, em prova decorrida na cidade de Monastir.

O evento foi conquistado pela formação do Mali, com vitória na final sobre a similar do Egipto, por 57-56.

Nessa mesma competição, os masculinos da categoria não foram além da quarta posição, numa competição ganha pela Guiné, seguindo-se o Egipto e o Mali.

Não sendo a primeira vez que o país se impõe no continente nos escalões inferiores, desta vez a subida ao pódio, além de diminuir o desempenho de fraco prestígio das honras no ano findo (masc e fem), demonstra a aposta federativa de mais de uma década no basquetebol jovem.

Hegemónica no continente berço, mas nem tanto assim em femininos, os seniores masculinos totalizam 11 troféus do Campeonato Africano (Afrobasket), fazendo com que seja, também, o maior representante em Campeonatos do Mundo e Jogos Olímpicos.

Desde que conquistou o Afrabasket em 2013, recuperando o título perdido em 2011, o combinado nacional foi a segunda classificada em 2015, suplantado pela Nigéria, por 65-74, em prova disputada na Tunísia.

Até à data, tem estado fora do pódio, com as provas de 2017, Senegal e Tunísia, e de 2021, no Rwanda, a serem conquistadas pelos tunisinos.

No entanto, o ano de 2023 não foi particularmente positivo para este gigante do basquetebol africano, que não conseguiu a qualificação directa aos Jogos Olímpicos, por via do Afrobasket, e do pálido desempenho no Campeonato do Mundo.

No evento, ocorrido em Agosto/Setembro no Japão, Filipinas e Indonésia, o combinado nacional, enquadrado no grupo A, foi afastado na fase inicial com três derrotas, a última das quais diante da República Dominicana, por 67-75.

No sofrível percurso, Angola venceu apenas as Filipinas (80-70) dos cinco jogos da fase inicial até às classificativas. Baqueou ainda com a República Dominicana (67-75), China (76-83), Itália (67-81) e Sudão do Sul (78-101), esta última qualificou-se, com surpresa, aos Jogos Olímpicos de Paris`2024.

Com estes resultados, a Selecção Nacional terá de disputar o torneio pré-olímpico, de qualificação aos Jogos de Paris, juntamente com fortes adversárias da Europa, América e da Ásia, numa missão quase “impossível”.

No mundial, Angola até cotou-se na terceira posição entre os cinco países africanos, mas no cômputo geral foi 26ª nas classificativas do 17º ao 32º posto. A prova foi conquistada pela Alemanha, ao vencer a Sérvia na final (83-77).

Em Julho, Angola organizou a II edição do AFROCAN2023, prova para jogadores que evoluem nos respectivos países, terminando na sétima posição.

Venceu a Nigéria, por 72-69, em jogo das classificativas do sétimo ao oitavo lugar, disputados no Pavilhão Multiusos do Kilamba. Marrocos conquistou o evento ao bater, na final, a Côte d´Ivoire, por 78-73.

Já a Selecção Nacional sénior feminina participou na 26ª edição do Campeonato Africano (Afrobasket2023), disputada no Rwanda, tendo sido eliminada na fase regular.

Ao contrário dos masculinos, as femininas não dominam o ranking continental, liderado pelo Senegal com 11 troféus, seguida da Nigéria (5), RDC (3) e Angola (2- venceu em 2011 e 2013), Egipto (2), Madagáscar (1) e Mali (1).

O ano de 2023 também foi de grande relevância a nível das transferências de jogadores. A basquetebolista Artémis Afonso assinou pelo Sport Lisboa e Benfica por uma época.

A atleta é proveniente do campeonato espanhol, onde representou por duas temporadas o NBF Castelló.

Por seu turno, Sara Caetano, oriunda da escola Formiguinhas do Cazenga, vinculou-se ao Basket Lattes-Montpellier MMA, clube da 1ª divisão da Liga de França.

De 19 anos de idade e 1.72m de altura, a base teve passagem pelo ASVEL e ascendeu ao escalão superior do basquetebol daquele país europeu.

Este ano, o extremo poste angolano Sílvio Sousa foi oficializado como reforço da equipa Aris BC, da 1ª Divisão do Campeonato da Grécia, num contrato válido por uma época.

Na temporada passada, o jogador representou o Chorale Roanne de França, depois de passar pelos Estados Unidos da América.

O ano também foi marcado pelo diferendo judicial que opõe o 1.º de Agosto aos atletas Felizardo Ambrósio “Miller”, Edson Ndoniema, Hermenegildo dos Santos, Islando Manuel, Malick Cissé e Benvindo Quimbamba.

Os jogadores deixaram a equipa “militar” alegando incumprimento contratual e salarial, numa altura em que as partes não chegaram ainda a um entendimento.

No capítulo administrativo, o angolano Paulo Madeira foi reeleito ao cargo de presidente da Zona VI da FIBA África, para o quadriénio 2023/27, durante a Assembleia-geral do órgão reitor do basquetebol no continente africano.

O antigo presidente do FAB faz parte, por inerência de funções, do Bureau Central da FIBA África, tendo igualmente assento nos quadros da Federação Internacional (FIBA).

Ainda fora das quadras, o ano ficou marcado pela ascensão do antigo poste angolano Joaquim Gomes “Kikas” a nona posição entre os 25 melhores ressaltadores do mundo, numa eleição feita desde 1994 pela FIBA.

O ex-poste, actual presidente da Associação dos Comités Olímpicos de Angola, foi destacado no site oficial da FIBA com 143 ressaltos, após quatro participações em Campeonatos do Mundo, nomeadamente 2002 (EUA), 2006 (Japão), 2010 (Turquia) e 2014 (Espanha).

Ângelo Victoriano, antigo capitão da Selecção Nacional, tornou-se no segundo angolano distinguido para o “FIBA Hall of Fame 2023” (Passeio da Fama da Federação Internacional de Basquetebol). O primeiro angolano a merecer tal mérito foi Jean Jacques da Conceição, em 2013.

O ex-jogador do Petro de Luanda e do 1.º de Agosto integrou uma lista de dez nomeados e dois treinadores, sendo formalmente reconhecidos pelas suas contribuições em prol do basquetebol no mundo.

No entanto, nem tudo foi um mar de rosas, pois a modalidade teve uma grande perda em Junho, com o passamento físico do basquetebolista Reggie Moore.

O jogador de origem Norte-americana, nacionalizado angolano, jogou pela Selecção Nacional em Campeonatos Africanos, Campeonatos do Mundo e Jogos Olímpicos.

Nascido em Lemoore, Califórnia (EUA), Reggie Moore chegou ao basquetebol angolano em 2009, representando as cores do Recreativo do Libolo por três épocas, antes de rumar para o 1º de Agosto (2012-2016), Petro de Luanda (2016).

Em Angola, representou ainda as formações do Atlético Sport Aviação - ASA e Interclube. Na sua última época (2017-2018), Reggie Moore evoluiu ao serviço do Galitos de Portugal. BSV/MC/VM





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