Sporting do Lubango comemora 100 anos

     Desporto           
  • Huíla     Quarta, 27 Julho De 2022    08h02  
Huíla: Sede do Sporting do Lubango
Huíla: Sede do Sporting do Lubango
Amélia Oliveira

Lubango - O Sporting Clube do Lubango, a 45ª filial da congénere de Portugal, comemora hoje, quarta-feira, o seu centenário, sem "saúde" financeira, mas com ambições voltadas à reestruturação das modalidades.

O Sporting Clube de Lubango foi fundado no dia 27 de Julho de 1922, como Sporting Clube de Sá da Bandeira, na então colónia portuguesa de Angola. Nessa altura, a actual cidade do Lubango ostentava o topónimo português Sá da Bandeira.

Foi fundado como o 45º filial  subsidiário do clube português. Após a independência, em 1975, o clube conseguiu chegar à primeira divisão, com a sua equipa de futebol em 1994 e caiu dois anos depois.

Actualmente, conta com 11 modalidades, designadamente o futebol, boxe, voleibol, ginástica, ténis de mesa, karaté dó, andebol, judo, muay tay, MMA e basquetebol, congregando 550 atletas de iniciados a seniores.

Em entrevista à ANGOP, nesta cidade, o presidente do clube, Rui Telles, afirmou que depois do período da covid-19,  o clube está a reestruturar-se a nível desportivo e já está a obter resultados em algumas modalidades, bem como aumentou o número de atletas de 350 para 550.

A nível do futebol, fez saber que está em curso um processo de reestruturação, que começou com os sub 13 e 15, com a construção de uma escola na centralidade da Quilemba, que está com perto de cem atletas, lote de onde sairão os melhores para futuramente integrarem o clube.

"Pensamos bem, os escalões de juniores para frente são muitos dispendiosos e depois não havia qualidade suficiente para manter o nome do Sporting, quando a sua base é mesmo a formação, daí que apostamos nos sub 13 e 15 e para que evoluam até aos seniores ", continuou.

Quanto as outras modalidades, em prática, Rui Telles, destacou a ginástica, tida como a "rainha" do clube e que produziu vários campeões nacionais e este ano obteve mais duas medalhas de ouro no campeonato nacional, que decorreu no Bié.

Já no voleibol, outra modalidade de realce, o presidente do Sporting afirmou que não existe no momento campeonatos provinciais, nem nacionais, o que tem causado impasse a evolução da disciplina, fruto dos investimentos feitos nos atletas, uma vez que já foram vice-campeães nacionais.

A nível do andebol, o responsável realçou estar-se na fase inicial, com poucos atletas, ao passo que o basquetebol foi renovado com jogadores iniciados aos sub 19. No boxe, a fonte salientou que o clube tem atletas de qualidade, muitas vezes convidados para torneios noutras províncias e na Huíla tem apenas o Inter como adversário.

No karate e muay tay, avançou ter, também, boa participação, enquanto no judo é o actual vice-campeão zonal sul, em que participaram as províncias de  Benguela, Huambo, Cuando Cubango, Cunene, Huíla e Namibe.

Quanto ao ténis de mesa, Rui Telles referiu que têm feito algum investimento, mas não está a atravessar uma boa fase, tanto pela carência de material, como na qualidade dos atletas.

Clube aposta na formação dos treinadores

O presidente do clube informou que melhorou a qualidade dos treinadores, alguns acabaram a licenciatura em desporto e com novos métodos de treinamento, o que tem sido um incentivo para o próprio atleta.

Destacou que a ginástica e o voleibol estão a merecer maior atenção já que produzem melhores resultados, mas está-se, igualmente, a trabalhar para que as modalidades de combate atinjam o mesmo nível.

Dificuldades

"Todo o material de combate é caro e de ginástica também. Não temos possibilidade de adquirir. Estamos a fazer o que podemos dentro das limitações do clube, daí que o desenvolvimento não é tão rápido por causa das dificuldades", continuou.

Para ter um equipamento de ginástica de alto rendimento, um ginásio completo pode chegar aos 10 milhões de kwanzas, ao passo que um ringue de boxe de qualidade, compra-se a sete ou oito milhões e o clube não dispõe dessas receitas.

Frisou que o judo também precisa de um bom tartan, sendo que a associação tem, mas está a reservar para competições.

Temos 10 treinadores e têm de ser pagos para poderem treinar, temos de dar transporte aos atletas, só damos alimentação quando temos competição, equipamentos, material médico, mas não temos transportes", lamentou.

Património

O clube tem uma sede constituída por um pavilhão, uma área social, área administrativa e um bar que vai dando alguns rendimentos para cobrir alguns gastos  manutenção.

Tem ainda um campo de futebol pelado, herdado em 1974, que não está terminado, por falta de financiamento, sendo que está-se a projectar a vedação, para posterior aplicação de relva sintética, fazer um balneário e  criar uma escola de futebol no próprio estádio.

Sem avançar detalhes, Telles disse que actualmente dispõe de um orçamento baixo e irrisório, que vem do apoio de uma empresa local e reforçado com o aluguer do pavilhão para actividades políticas e religiosas, já que a busca de outros patrocínios tem sido difícil.

Contou que o clube precisaria no mínimo de 10 milhões de kwanzas para cobrir gastos de manutenção, pagar condignamente os trabalhadores, comprar material desportivo, dar refeições aos atletas, começar a trabalhar para concluir o campo entre outros gastos.

O Sporting do Lubango, segundo Rui Telles está com com quase mil sócios, dos quais apenas  cem pagam  quota.

Quanto a relação com o Sporting de Portugal, há uns anos tinham ligação institucional, com o envio de um jornal todos os meses, ligação que esfriou, mas há contactos para restabelecê-la.





+