Angola aposta no incremento da cooperação com o Qatar

     Economia           
  • Luanda     Quinta, 14 Dezembro De 2023    15h11  
Embaixador de Angola no Qatar, António Coelho Ramos da Cruz
Embaixador de Angola no Qatar, António Coelho Ramos da Cruz
DR

Doha – Angola pretende estabelecer uma parceria empresarial assente numa relação económica forte com o Qatar, para alavancar a sua economia, afirmou, esta quinta-feira, em Doha, o embaixador angolano naquele país do Golfo Pérsico, António Coelho Ramos da Cruz.

Ao falar a propósito da participação angolana na Expo horticultural 2023, acrescentou que o incremento da cooperação bilateral será formalizado, proximamente, com a assinatura de um acordo entre a Câmara de Comércio e Indústria de Angola (CCIA) e a sua congénere do Qatar.

O Executivo angolano, afirmou, está “fortemente” engajado em promover e captar investimento, bem como estabelecer parcerias que ajudem a alavancar a diversificação da economia nacional, pelo que a  Embaixada tem trabalhado para convencer o Qatar sobre as potencialidades e oportunidades de negócios que Angola oferece.

António Ramos da Cruz disse sentir-se confortável com o lançamento da cooperação económica com o Qatar, porque conta com o suporte, do ponto de vista diplomático, do Presidente da República, João Lourenço, que lidera a acção para a promoção do processo de diversificação da economia do país.

“A nossa capacidade é grande. Pensamos que a nossa oferta irá atrair o empresariado qatari”, reforçou o embaixador, garantindo que Angola protege os empresários e os seus investimentos, de acordo com o princípio da reciprocidade de vantagens.

Sublinhou que, para Angola, as vantagens são claras e passam pela diversificação da economia e criação de empregos, fundamentalmente para jovens.

Considerou a participação de uma delegação da CCIA, integrada por empresários nacionais e estrangeiros estabelecidos em Angola, na 9ª edição da feira “Made in Qatar”, como uma “grande” oportunidade para tomar contacto directo com os homens de negócios qataris.

A feira “Made in Qatar" decorreu de 29 de Novembro a dois de Dezembro, numa co-organização da Câmara do Comércio e do Ministério do Comércio e Indústria do Qatar, e teve a participação de 450 empresas qataris e de diversos empresários estrangeiros interessados em novas parcerias e oportunidades de negócios.

Relativamente à Expo Horticultural Doha 2023, disse ser uma “óptima” oportunidade para promover a diversidade agrícola, e afirmou que Angola está bem representada, com o seu pavilhão a promover o país no evento.

“Temos feito bons contactos”, destacou o embaixador sobre a participação de Angola no evento, que decorre em Doha, desde o dia dois de Outubro até Março do próximo ano.

Disse que a perspectiva é fazer uma demonstração de produtos agrícolas angolanos, de uma forma mais intensa, como a promoção de uma semana específica para a apresentação e promoção de café e outros produtos.

Resumiu a participação de Angola na Expo 2023 como boa e acredita que, no final do evento, o balanço será positivo, afirmando haver “muito interesse da comunidade empresarial internacional em conhecer o nosso país”.

Por outro lado, tendo em conta as dificuldades financeiras do país, o embaixador de Angola no Qatar defendeu a uniformização e coordenação na missão da promoção e comunicação institucional na região do Golfo Pérsico, criando-se representantes itinerantes para cada área, que poderiam ser  substituídos, por exemplo, depois seis meses de actividade.

De igual modo, considerando as características comuns dos países da região, António Ramos da Cruz também advogou a criação, excepcionalmente, de apenas uma Câmara de Comércio para o Golfo Pérsico, por onde passaria todo o negócio privado e a divulgação e promoção do investimento estrangeiro.

“Ao invés de estarmos em todos os países, a câmara representaria e ajudaria a divulgar a diversificação da economia angolana da melhor maneira e teríamos a situação mais facilitada, porque um negócio feito no Kuwait ou na Arábia Saudita seria do conhecimento directo dos membros do Conselho de Negócios, representado por vários grupos empresariais com negócios no Qatar”, sustentou, referindo que os países da região não têm acordos económicos bilaterais.

Alertou os empresários angolanos para não esperarem da cooperação com o Qatar, única e simplesmente, uma forma fácil de obtenção de linhas de crédito e financiamento aberto para os seus negócios, pois, embora os qataris tenham muitas possibilidades de projectar, em parceria com Angola, investimentos estruturantes, tem de haver alguma “dedicação e preparação”.

“Não precisamos somente de dinheiro, mas também do domínio de algumas práticas do doing business que o Qatar tem, para os empresários angolanos ganharem parcerias, com vista a avançarmos rapidamente com a diversificação da economia nacional”, disse o embaixador António Ramos da Cruz.SR/AC





+