Angola quer dinamizar infra-estruturas,mas sem risco das finanças públicas

     Economia           
  • Luanda     Quarta, 08 Fevereiro De 2023    18h55  
Ministra das Finanças, Vera Daves
Ministra das Finanças, Vera Daves
Pedro Parente-ANGOP

Luanda - A ministra das Finanças, Vera Daves, apontou, esta quarta-feira, duas frentes para fazer crescer o desenvolvimento de projectos de infra-estruturas do país, mas com financiamento “ o mais barato possível”.

De acordo com Vera Daves, que falava na Mesa de Diálogo do Encontro empresarial Angola/Espanha, a parceria  terá de avançar  em duas frentes, a criação de  infra-estruturas de base eficientes para a criação de um “bom” ambiente de investimento e a atracção  de capital privado directo para investimento em projectos diversos,  entre os quais, o agro-negócio, pescas e indústria.

Uma das vias, que é o financiamento à infra-estruturas, Vera Daves  diz ser  importante que aconteça, mas sem deixar de defender  as conquistas  já alcançadas no quadro da sustentabilidade das finanças públicas.

“Para nós,  é importante defendermos a  continuidade da sustentabilidade das finanças públicas, por isso,  queremos continuar a buscar financiamento,  o mais barato possível”,  defende Vera Daves, que pede o apoio  das autoridades espanholas  no acesso à créditos/bancos, para que seja possível seguir  a via de fazer crescer  o desenvolvimento e os projectos de infra-estrutruras.

Mas ao mesmo tempo, acrescentou, o país não quer colocar em risco o que já conseguiu de “bom” em termos de sustentabilidade das finanças públicas.

A governante defende ainda para o país os projectos  de infra-estruturas  que ajudem a ancorar o crescimento do país,  tendo convidado os empresários espanhóis e angolanos a ajudar a identificar o conjunto de projectos que auxiliem  a aportar o crescimento da economia que se quer. 

“ Por mais que vos convidemos a fazer parceria connosco, na concretização da agenda de diversificação,  se não existirem um conjunto de condições  de base, como acesso a electricidade, água potável, estradas e rodoviárias, fica muito mais difícil, e temos consciência disso”, admitiu a governante, para quem, o  sector privado é  o principal motor do  crescimento económico.

Rácio da dívida em redução

 

O ministro de Estado para Coordenação Económica, Nunes Júnior,   que também interveio no  encontro empresarial,   reiterou  a continua retoma da economia, nos últimos tempos, um período  em que se regista equilíbrio nas  contas  internas e externas, bem como a redução da  dívida publica, em relação ao  PIB, que passou de 134% em 2020, para menos de 70% em Dezembro de 2022.

Com o crescimento económico que se verifica, com menos necessidades de endividamento e o facto de estar-se a registar superavits fiscais, afirmou que o rácio da dívida pública vai continuar a reduzir.

O foco  está agora no crescimento económico, aumentar a produção nacional,  intensificar a diversificação  da economia nacional, um trabalho  que admite difícil e complexo.

Aos empresários espanhóis disse que existem várias oportunidades de investimento que Angola oferece, e apela investimentos, tendo em conta as facilidades já criadas.

Empresários apostam

A directora-geral  da  empresa espanhola DT.Global , María Garron,  considera  o encontro um reforço da parceria entre os dois países.

Actuando no sector das águas em Angola, há quatro anos, disse ser importante ver o reafirmamento das  empresas espanholas como parceiros de trabalho e de negócios em várias áreas.

 A empresa, com um investimento de quatro milhões de euros, em Angola,  prevê reforçar  acções no sector das águas e saneamento e apostar nas energias renováveis, que esperam a sua implementação para breve.

Já o director geral da empresa angolana Candy- Factory (confeitaria), Frederico Crespo, disse o fórum  entre Angola/Espanha é um sinal de que o ambiente de negócios  está a melhorar e  há muitos  empresários que vêem explorar o mercado  angolano,o que considera positivo.

“Temos de criar oportunidades e depois criar parcerias com os empresários espanhóis”, disse, apontando oportunidades  para investimento na transformação de produtos agrícolas.

 O empresário vaticina atracção de muito investimento privado nos próximos anos, com destaque para o espanhol.

 Já o presidente da Associação das Industrias de Angola (AIA), José Severo, destaca os esforços da diplomacia economia que o Presidente da República tem dedicado à Espanha, que a seu ver tem respondido muito bem.

No seu entender, a Espanha está a trabalhar numa estratégia muito imperativa e real, augurando boas expectativas, mas defende que o empresariado daquele país europeu acredite mais em Angola.

“Temos áreas em que eles estão bem presentes, como energia, com empresas de renome internacional, mas na se sente a presença de Espanha no sector de mineração e na agricultura e agro-indústria, o que nós precisamos”, apontou o empresário.

Outras áreas  que  Espanha  pode apostar estão ligadas  ao  produção e processamento de café, a reflorestação no Sul e Leste de Angola para a produção de celulose, com vista a redução dos custos de importação de papel que  ronda os  400 milhões de dólares/ano, quando Angola já foi exportador  como projecto do Altocatumbela.

O presidente da Associação Industrial de Angola (AIA) aponta ainda áreas de investimento como a transformação de sal, produção de sodacaústica, que Angola importa, todos os anos, pagando 200 milhões de dólares, e na fruticultura, visto que a Espanha é um grande produtor de concentrados a nível da Europa.

De acordo com José Severino,  as oportunidades  para investimento  em Angola existem em várias áreas, como o algodão, que segundo o empresário pode ser produzido na  Huíla,  Benguela Cuanza Sul, Bengo, além de Malanje.

Representantes da Elecnor  e da conferencia espanhola de organizações empresariais (CEOE)  também partilham as suas experiencias de trabalho no fórum, testemunhado pelo Presidente de Angola, João Lourenço e o Rei da Espanha, Felipe VI.

 





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