Angola tem campos marginais com quatro mil milhões de barris

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  • Luanda     Segunda, 16 Maio De 2022    19h32  
O secretário-geral da OPEP estava prestes a deixar o cargo em Agosto deste ano
O secretário-geral da OPEP estava prestes a deixar o cargo em Agosto deste ano
Divulgação

Luanda - Os volumes e reservas dos campos marginais declarados de Angola estão estimados em quatro mil milhões de barris de petróleo, afirmou esta segunda-feira  o Presidente do Conselho de Administração da Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANPG), Paulino Jerónimo.

De acordo com Paulino Jerónimo, tal quantidade significa que há muita coisa a ser desenvolvida, o que vai permitir a estabilização da produção de crude de Angola, sem no entanto, avançar metas, ou seja, prazos.

Falando no painel de alto nível do VIII Congresso e Exposição do Petróleo Africano, aberto nesta segunda-feira, referiu que o desafio para esta legislatura é impulsionar e intensificar a substituição de reservas, com vista a atenuar o acentuado declínio da produção.

"É isto que de facto estamos a fazer", disse Paulino Jerónimo, avançando ainda que Angola tem cerca de 820 mil quilómetros quadrados de Bacia Sedimentar, que carece de uma estratégia de exploração de modo a avaliar toda a extensão da mesma.

Assim, acrescentou, foi aprovado uma estratégia de atribuição de concessões, que prevê a entrega de cerca de 50, de 2019 a 2025.

Nesta altura, apontou, já foram atribuídas cerca de 25, representando 50%, um trabalho feito em apenas três anos, desde que foi criada a Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis, que já faz a sua terceira licitação.

No próximo ano, 2023, a ANPG assegura entrar na quarta licitação, um aspecto que já não acontecia há muito tempo, de acordo com Paulino Jerónimo.

"A estratégia de licitação, além de olhar para o offshore, nas águas profundas e razas, e o onshore no litoral, também está a olhar para as bacias do interior, com cerca de 520 quilómetros quadrados de Bacias Sedimentares, em que já reconhecemos a existência de asfalto na superfície", confirmou.

Aposta no gás com nove consórcios

Outra oposta é a do gás, que até num passado recente era pertença do Estado, que não cedia direitos de exploração.

Hoje, o Estado resolveu dar direito aos investidores, o que permitiu a constituição de dois grandes projectos e a criação de nove consórcios de gás.

A constituição dos consórcios foi possível devido à cedência dos direitos por parte do Estado.

Segundo Paulino Jerónimo, existe um projecto para a construção de uma plataforma no Bloco 0 (zero), de modo a transportar o gás para o Angola LNG, que é de facto, o projecto âncora.

Inversão do declínio da produção

O Presidente do Conselho de Administração da Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustível considerou de preocupante o declínio da produção, que será invertido com as estratégias em curso.

O pico de produção de petróleo de Angola foi atingido em 2008, com 1 milhão e 903 barris de petróleo/dia.

Deste este período, a produção de petróleo tem estado em declínio suave, resultando, de 2009 a 2015, a um 1 milhão e 600 mil barris de óleo cru. Agora, verifica-se um declínio mais assentado, na ordem dos 1 milhão e 200 mil barris dia.

Entre cinco há sete anos, foi realizado um diagnóstico no sector para se encontrar as principais causas do declínio.

Entre as causas, identificaram-se a falta de realização de exploração e o não desenvolvimento dos campos marginais.

Ao longo dos últimos 20 a 30 anos, foram descobertos vários campos não económicamente viáveis, à luz dos contratos existentes.

Fruto dos esforços empreendidos, Paulino Jerónimo anunciou que as multinacionais, a Esso e a TotalEnergies, preparam a perfuração de poços de exploração, dentro das áreas em desenvolvimento, que se forem descobertas darão uma grande mudança.

Quanto aos campos marginais, disse foram dados incentivos fiscais contratuais às plantas marginais, de modo a permitir o desenvolvimento das mesmas.

Em 2021 registou-se a primeira produção do campo marginal, num poço, em Cabinda, sendo que este ano prevê-se outro em desenvolvimento, assim como em 2023.

Quanto a transição energética, defende que a mesma passe em primeiro lugar, por uma produção de petróleo mais limpa, com menos emissões de carbono, que prejudica o meio ambiente.

 

 





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