Arranca construção dos projectos à margem direita do rio Cunene

     Economia           
  • Cunene     Quarta, 06 Julho De 2022    17h53  
Acto de consignação da barragem da Cova do Leão
Acto de consignação da barragem da Cova do Leão
José Cachiva

Cahama – As obras de construção da Barragem da Cova do Leão, para o combate dos efeitos da seca na margem direita do Rio Cunene, arrancaram esta quarta-feira, no município da Cahama, província do Cunene.

O acto de consignação da infra-estrutura   foi  orientado pelo  Ministro da Energia e Águas, João Baptista Borges.

O denominado projecto Cunene 8, que corresponde aos lotes 7, 8 e 9,  enquadra-se no âmbito do "Programa de Combate aos Efeitos da Seca no Sul de Angola", denominado (PCESSA).

A Barragem contará com um volume útil estimado em 25,2 milhões de metros cúbicos, 17 metros de altura do barramento, quatro metros de largura na crista e 844 metros de comprimento.

 Inclui a construção de uma conduta de 98 quilómetros para beneficiar as populações dos municípios da Cahama e Curoca, dos mais afectados pela seca.

Este programa Cunene 8,  prevê abastecer cerca de 240 mil pessoas e mais de 30 mil cabeças de gado, bem como às 17 mil ligações domiciliares, mais de 250 chafarizes, irrigação de uma área aproximada de 75 hectares e garantir mais de 1 400 empregos directos.

Contempla um conjunto de acções, desde a construção de uma barragem no rio Caculuvar, na localidade da Cova do Leão, na sede municipal da Cahama, a que será associado o sistema de abastecimento de água às comunas da Cahama (Sede) e Ochinjau.

Cada comuna dos dois municípios, com a sua solução, no caso da Cahama e Otchindjau, água sai da represa da Cova do Leão, onde será construída uma captação e adução para o abastecimento. O Chitado, por ser uma comuna ribeirinha, parte do rio Cunene.

Prevê ainda, a reabilitação de 13 furos e nove  represas e a execução de um sistema de abastecimento de água à Oncócua (Sede municipal do Curoca), baseado no aproveitamento de furos artesianos existentes, bem como na execução de novas captações subterrâneas.

O projecto conta com um financiamento  da GEMCORP, no valor de  284,41 milhões de dólares, que está a ser levado a cabo pelo Gabinete para a Administração das Bacias Hidrográficas do Cunene, Cubango e Cuvelai (GABHIC).

O referido projecto será executado pela  empresa Engevia - Engenharia e Construções, sob coordenação técnica da BDM - Engenharia e Tecnologia, no prazo de  24 meses.

João Baptista Borges disse que, com o lançamento dos trabalhos, o  Executivo levará não apenas água, mas também esperança para a população da margem direita do rio Cunene, dos municípios da Cahama e do Curoca.

Informou que este sistema de abastecimento de água vai mitigar os graves problemas actuais  decorrentes da seca extrema e, deste modo, inverter o ciclo crescente de êxodo populacional, o risco de segurança alimentar, entre outros.

Afirmou que o programa de combate à seca é uma iniciativa  integrada no conjunto de acções prioritárias do  Presidente da República, João Manuel Gonçalves Lourenço, em ver o problema da falta de água resolvido.

João Baptista Borges  realçou que o mesmo está a ser desenvolvido pelo Ministério da Energia e Águas, por intermédio do Instituto Nacional de Recursos Hídricos (INRH), com gestão e monitorização do CAFU e desta vez, o GABHIC, para gestão da Construção e Desassoreamento de Barragens.

Os projectos estruturantes de combate aos efeitos da seca, na margem direita do rio Cunene, resultaram de dois encontros de auscultação às comunidades, realizado em Dezembro de 2021, no município do  Curoca e em Fevereiro  deste ano, na Cahama.

A seca e a fome de 2021 afectou 77 mil e 343 pessoas no município da Cahama e 43 mil pessoas no Curoca.

Outros projectos no Cunene

Em Outubro de 2021, foram consignadas as obras para a construção das barragens de Calucuve  e do Ndué,   nos municípios de Cuvelai e Cuanhama, dois projectos estruturantes de combate à seca na região.

A Barragem do Calucuve, avaliada em 96 mil milhões 420 milhões 460 mil e 427 kwanzas, está a ser construída no rio Cuvelai, durante 20 meses, terá 19 metros de altura e um volume de armazenamento de 100 milhões de metros cúbicos de água.

Será integrada por uma rede de canais com uma extensão de 111 quilómetros passando pelas comunas da Mupa (município do Cuvelai), Evale, Nehone até Ondjiva (município do Cuanhama). Vai comportar ainda 44 chimpacas (reservatórios de água).

Por outro lado, a Barragem do Ndué, a ser construída também na bacia do Cuvelai, mas na zona do rio Ndué,  durante 30 meses, terá 26 metros de altura com capacidade de armazenamento de 145 milhões de metros cúbicos.

Será ainda integrada por uma rede de canais condutores de 75 quilómetros até ao município de Namacunde, passando pelas comunas  Cubati (Cuvelai) e Oshimolo (Cuanhama), bem como 15 chimpacas.

Quando estiverem concluídos, 136 mil pessoas e 260 mil cabeças de gado estarão igualmente livres da seca, assim como permitirãom a irrigação, durante todo o ano, de 11 mil 600 hectares de terrenos agrícolas.

Sistema de Captação no Rio Cunene, a partir da região do Cafu

Com uma extensão de 160 quilómetros de canal aberto, 30 chimpacas e igual número de travessias para facilitar a mobilidade da população, gado e viaturas, o canal do Cafu foi inaugurado no dia 4 de Abril pelo Presidente da República, João Lourenço.

É o primeiro de um lote de cinco projectos do Governo angolano, criado no quadro do programa de acções estruturantes de combate à seca naquela região, que vai beneficiar 235 mil pessoas dos municípios de Ombadja, Cuanhama e Namacunde.

Avaliado em 44 mil milhões, 358 milhões 360 mil  e 651 kwanzas, o canal vai permitir ainda o abeberamento de 250 mil animais e a irrigação de cinco mil hectares de campos agrícolas.

Decorrem, desde Abril, as obras de ampliação de cinco quilómetros do canal do Cafu e mais uma chimpaca até à localidade de Onamulo-ya-Kanguile, que serão concluídas em Julho próximo.

 





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