Catumbela – Produtores agrícolas em Benguela manifestam interesse em exportar mamão papaia para África do Sul, Namíbia e Portugal, por forma a aumentar a presença e visibilidade da produção angolana no mercado internacional, apurou hoje, sexta-feira, a ANGOP.
Estimativas do Departamento Provincial da Agricultura apontam que a província de Benguela produz, actualmente, mais de 200 toneladas de mamão papaia/ano, números que servem como incentivo aos agricultores locais que já estão de olhos no mercado internacional.
Com uma extensão de 46 hectares, a fazenda Sai-Frutos, no perímetro agrícola do rio Cavaco, tem a maior produção daquela fruta na província de Benguela, como resultado de um investimento de cerca de 40 mil dólares norte-americanos na aquisição de sementes originárias do Brasil, preparação de terras e instalação de sistemas de irrigação por gotejamento.
Falando à ANGOP, Gil Oliveira, o mentor do projecto e proprietário da referida fazenda, informou que a produção de papaia brasileira já leva dois anos, numa área de cinco hectares de terras, e agora encara a exportação como próximo desafio.
A fazenda produziu mais de 150 toneladas de papaia este ano, daí que o empreendedor pense em expandir a sua produção para mais quatro hectares, a julgar pelos resultados obtidos em apenas dois anos.
Para dar resposta à demanda no mercado internacional, defende que é preciso aumentar o actual volume de produção, com o envolvimento de mais agricultores, já que, como disse, a papaia tem grande rendimento no mercado da África do Sul e Portugal, onde a sua produção não é tradição.
É nesse sentido que o agricultor encara a elevada procura e o alto consumo desse produto tropical no mercado internacional como factores de incentivo para que os produtores pensem na exportação da papaia, embora, porém, tenha avisado que é necessário mais e melhor produção.
A fazenda Sai-Frutos também produz banana numa área acima de 10 hectares, maracujá (quatro hectares), cebola (três hectares) e batata-doce (seis hectares), mas o seu produto principal é o mamão papaia do Brasil.
Trata-se de uma variedade que pode produzir muitas toneladas por hectare, por isso Gil Oliveira diz-se optimista de que as colheitas irão aumentar de forma significativa, porque o objectivo é o mercado internacional.
“A produção de papaia aqui começou há dois anos de forma experimental em apenas dois hectares e hoje já temos cinco hectares”, lembrou, referindo que, desde Abril deste ano, a fazenda Sai-Frutos “despacha” semanalmente mais de três toneladas de papaia para a cidade do Lubango, província da Huíla, para além de lojas, supermercados e vários mercados informais de Benguela.
No início da safra, em Abril, a avalanche da produção de papaia era tal que mais de 30 toneladas se estragaram no campo, pese embora ter ressaltado que o problema de escoamento está superado e que o mercado interno já absorve tudo.
Por outro lado, contou ter optado pela produção de papaia, devido ao facto de as culturas tradicionais no vale do Cavaco, como tomate, estarem a registar baixa rentabilidade em consequência da praga da Tuta.
Relativamente às dificuldades, aponta a falta de apoio técnico por parte do sector da Agricultura, em Benguela, uma situação que tem vindo a dificultar sobremaneira a actividade agrícola no perímetro do Cavaco.
