Benguela relança produção de conservas de atum, 28 anos depois

     Economia           
  • Benguela     Quinta, 29 Setembro De 2022    15h36  
Sector das pescas é dos que mais gera empregos em Benguela
Sector das pescas é dos que mais gera empregos em Benguela
Henri Celso

Benguela – Vinte e oito anos depois, a província de Benguela vai voltar a produzir conservas de atum, com a conclusão, prevista para breve, da montagem de uma fábrica da empresa Alva Fishing, projectada para 80 mil latas/dia.

A instalação desta fábrica de conservas de atum, segundo uma informação a que a ANGOP teve acesso, implica um investimento de 11, 3 milhões de euros, concedidos à empresa Alva Fishing, localizada no município da Baía Farta, ao abrigo da linha de crédito de mil milhões de euros, assegurada pela filial espanhola do Deutsche Bank.

De acordo com o director do Gabinete Provincial da Agricultura, Pecuária e Pecas em Benguela, José Gomes, a montagem dos equipamentos da unidade fabril está já na ordem dos 90 por cento, estando o início da produção previsto para Dezembro deste ano ou início de 2023.

Fez saber que a nova fábrica está a ser instalada dentro das infra-estruturas da empresa Alva Fishing, na sede municipal da Baía Farta, e terá inicialmente capacidade para transformar 20 toneladas de atum, o equivalente a 80 mil latas de conserva/dia.

A expectativa, disse, é a de aumentar a capacidade de produção instalada, pouco depois do arranque da fábrica, como forma de atender as necessidades do mercado consumidor, em várias províncias do país.

“Está tudo muito avançado e já estão a ultimar a montagem”, referiu o director das Pescas, revelando que, para a entrada em funcionamento da fábrica, foram adquiridas duas embarcações de 50 toneladas, cada, fabricadas em Portugal, devendo chegar ao país a qualquer momento.

Animado com esta forte possibilidade de relançamento da produção de conservas em Benguela, José Gomes lembrou que este segmento industrial na província paralisou em 1994, face à descapitalização das empresas, na sequência do conflito armado terminado em 2002.

Ainda assim, admite ter havido várias tentativas para reactivar a indústria de conservas em Benguela e justifica que a problemática da falta de uma fábrica de produção de latas desmotivaria os investidores.

Nos últimos anos, salientou, investidores sul-africanos e namibianos visitaram Benguela, mas, a seu ver, sem uma fábrica de latas localmente, os projectos acabariam engavetados.

Não obstante os constrangimentos que se registam, José Gomes destaca a visão e resiliência da empresa Alva Fishing que, com o apoio do Estado, está já a trabalhar no sentido de implementar uma nova fábrica de conservas de atum, na Baía Farta.

“Até 2023 esta fábrica poderá funcionar e haverá ingresso de dezenas de trabalhadores”, informa a fonte, considerando que o projecto, no fundo, está alinhado com a estratégia do Governo de intensificar a captura do atum e a sua transformação.

A província de Benguela contava com cinco conserveiras, actualmente em estado obsoleto e de abandono. Trata-se de três no bairro do Tchipiandalo, uma no Casseque Marítimo – a famosa “Mampesa”, uma das últimas a fechar as portas em 1994, e a fábrica “Atlântico”, na Baía Farta.





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