Captura de peixe no Belas e Talatona cai para 10%

     Economia           
  • Luanda     Quarta, 22 Março De 2023    11h07  
Pescadores ( Foto ilustração)
Pescadores ( Foto ilustração)
Anabela Fritz

Ramiros - A captura de peixe por pescadores artesanais na comuna da Barra do Cuanza, distrito urbano dos Ramiros e bairro do Buraco, nos municípios de Belas e de Talatona caiu, desde Dezembro último, de seis mil quilogramas/mês para menos de mil, uma baixa de cerca de 90 por cento do total da cifra habitual.

Os Armadores de pesca artesanal apontam a pesca com navios de arrasto e aliada a situações climáticas, na costa marítima entre a comuna da Barra do Cuanza/Ramiros/Benfica e Mussulo como algumas das causas da redução da quantidade do pescado capturado na região, nos últimos três meses.

O presidente da cooperativa de pesca artesanal Hady Wabo (palavra da língua nacional kimbundo que significa  “sofrimento acabou”, em português), João Francisco, disse à ANGOP que a pesca de arrasto, considerada ilegal, está a ser feita por navios industriais e semi-industriais, situação que coloca em risco, também, a biodiversidade marinha e afecta directamente a pesca artesanal.

“ Os navios de arrastos provocam danos consideráveis ao material de pesca dos associados, por exemplo, este ano foram destruídos mais de mil metros de rede, por parte destes navios, que pescam em zonas estabelecidas para pequenas embarcações a cerca de seis milhas na região da Barra do Cuanza ”, lamentou.

Outra questão que tem contribuído para a baixa captura do pescado, apontou, é a situação climática - o período lunar, bastante calor que se faz sentir e falta de chuvas, uma vez que os cardumes emergem quando chove.

De acordo com o responsável, os arrastões aproximam as cinco milhas, no sentido da captura de camarão, choco e outras espécies marinhas raras e valiosas para o consumo humano, acabando por arrastar algas e peixe miúdo (cabuenha).

Acrescentou que os barcos de arrastos levam consigo as redes e chatas dos pescadores artesanais e capturam espécies protegidas.

Por sua vez, o armador de pesca artesanal, Luís Francisco, em actividade entre o Benfica/km-32 e Ramiros/Mussulo, apontou outra situação, que considerou de mal, o uso de explosivos por alguns operadores de pesca para a captura na região.

Sublinhou, “ Nesta zona não existe arrastões, mas temos outro problema são os granadeiros (indivíduos que utilizam explosivos para pesca), esta é a maior preocupação, acções realizadas quase todos os dias”

Autoridades sem meios para fiscalizar

Entretanto, o chefe da Polícia Fiscal na região do Cabo ledo/ Barra do Cuanza e Ramiros, inspector Lourenço André, reconhece o fenómeno, mas fez saber que a instituição carece de meios de transportes terrestre e aquático para fazer fiscalizar.

A prática de arrastado é feita, normalmente, durante a noite para não se escapar da fiscalização.

Desde Fevereiro último, as autoridades realizam uma campanha denominada “Cabuenha”, com término indeterminado. Está a ser dirigida às comunidades de pesca artesanal e é executada por uma equipa multissectorial composta por elementos da Polícia Fiscal, Capitania do Porto de Luanda e da direcção local da Agricultura e Pescas.JG/PPA





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