É preciso projectar uma Lunda Norte sem diamantes – Francisco da Rosa

     Economia           
  • Lunda Norte     Segunda, 05 Julho De 2021    10h49  
Ancião, Francisco Da Rosa
Ancião, Francisco Da Rosa
Hélder Dias

Dundo – A província da Lunda Norte precisa ser projectada para um futuro sem diamantes e despertar para a Agricultura, Pecuária e explorar outros recursos que dispõe como o manganês, ferro, ouro e sal, defendeu esse domingo, no Dundo, o ancião Francisco Da Rosa.

Em declarações à ANGOP, por ocasião do 43º aniversário da criação da Lunda Norte, o ancião, das poucas testemunhas vivas do processo de construção e/ou criação deste território, defende que sejam criadas políticas atractivas com vista a incentivar empresários nacionais e estrangeiros a investirem noutros sectores para além de diamantes.

Um dos primeiros passos, na visão do ancião, seria a implementação de um projecto para a revitalização do pólo agro-industrial do Cossa, a fazenda de Cacanda e os antigos pastos Calonda, passando para gestão privada, “sem burocracias”.

Disse tratar-se de projectos onde, antes da divisão do antigo distrito da Lunda, criava-se gados e produziam leite, arroz, queijo, carne, hortícolas, frutas e ovos, em grande escala.

“O Governo deve ter políticas concretas e evitar burocracias na cedência destes espaços abandonados a empresários que de facto querem investir neste sector e, assim, ajudar a projectar uma Lunda Norte sem diamantes, por se tratar de um recurso esgotável”, aconselhou.

Francisco Da Rosa sugere, igualmente, que se crie condições para a revitalização da produção de arroz e da antiga fábrica de produção de óleo alimentar em Cambulo.

“A Lunda Norte não tem nos diamantes a única marca ou fonte de riqueza, tem também, ouro, sal, manganês e é potencialmente agrícola. Só precisamos de investidores e uma maior abertura e vontade política da parte do Governo para revitalizar estes sectores, pois que, por exemplo em Cacanda e no Cossa, há ainda algumas infra-estruturas que podem ser aproveitadas”, sublinhou.

Primeiras infra-estruturas  

A construção da actual província da Lunda Norte teve início na parte baixa da cidade do Dundo, propriamente no bairro norte, em 1924. As residências existentes nesses quarteirões têm um modelo arquitectónico belga e inglês, consubstanciadas em casas de “balão”, feitas de tijolos.

Em 1917 foi construído o primeiro Hospital e, em 1936, foi erguido o primeiro  Museu no município de Cambulo pela empresa belga. Devido ao aumento das peças de artes, em 1943, começou a ser construído o actual Museu Regional do Dundo, que ficou concluído em 1950, sete anos depois foi feita a pista de Camatundo.

De 1953 a 1957 foi construída a barragem do Luachimo, que tinha uma capacidade de produzir oito megawatts de energia eléctrica. Em 1949 foi erguido o edifício dos Correios de Angola, em 1949 o Hotel Diamante e em 1967 começaram a ser criadas as vias de acesso.  

Divisão administrativa

Após a conquista da independência nacional, em 1977 o antigo Presidente da então República Popular de Angola, António Agostinho Neto, visitou o distrito da Lunda e, percebendo que era uma região bastante vasta, decidiu, a 4 de Julho de 1978, por Decreto-lei nº. 84/78, dividir a Lunda em duas províncias, no caso a Lunda Norte e Lunda Sul.

A capital da Lunda Norte foi estabelecida provisoriamente em Lucapa, enquanto uma nova capital seria construída na região do Mulepi, plano que foi posteriormente abandonado. Em 1997, a capital de facto da província passou a ser o Dundo, porque apresentava uma estrutura administrativa melhor que a cidade de Lucapa. A transferência foi ratificada como definitivo em 2000.

 

 





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