Luanda – O ajustamento financeiro do Fundo Monetário Internacional (FMI) após à quinta avaliação do programa económico de Angola, apoiado por um acordo estendido no âmbito do plano de Financiamento Ampliado, demonstra o grau de compromisso das autoridades angolanas no cumprimento das metas impostas.
A apreciação é de economistas angolanos que reagiram, hoje, à decisão do Conselho Executivo do FMI em aprovar o desembolso imediato de DES 535,1 milhões - cerca de USD 772 milhões, elevando os financiamentos totais sob o acordo para DES 2.678,3 biliões (cerca de USD 3,9 biliões), de acordo com a publicação do FMI a que a ANGOP teve acesso a partir do seu wesite.
Em declarações à Rádio Nacional de Angola, o António Stop disse ser fundamental que se perceba que esta avaliação do Fundo Monetário Internacional não incide propriamente sobre a economia angolana, mas se refere sim ao grau de compromisso das autoridades nacionais com o programa previamente assinado ou assumido pos esta instituição.
Acrescentou que neste âmbito o Fundo considera que Angola tem gerido muito bem a questão da dívida pública quer porque assumiu o acordo de suspensão da dívida quer porque também o preço do barril do petróleo está muito acima do de referência orçamental.
“Esses excessos estão a servir de almofadas para garantir uma boa dinâmica da dívida, e por se acreditar também que o sistema financeiro está a ser reestruturado, sobretudo a nível da nova Lei das Instituições Financeiras. E, por outro lado também, o FMI acha que Angola tem gerido bem os choques provocados pela pandemia, pelo que deu o voto de confiança”, reforçou.
Já o economista Daniel Sapateiro entende que a decisão dessa instituição de Bretton Woods vem valorizar os esforços do Executivo face aos desafios que a economia do país enfrenta, apoiando as políticas sólidas que visam estabilizar a economia, criar oportunidades inclusivas de crescimentos e ajudar os mais vulneráveis da sociedade angolana.
“Com isso vai-se restaurar a sustentabilidade externa e fiscal, melhor a governação e diversificar a economia, assim como prover o crescimento económico, sustentável, liderado pelo sector privado, fazendo aqui a diversificação sem o peso do sector petrolífero”, destacou.
O analista salientou que os ajustes fiscais em curso, nomeadamente as revisões dos impostos realizadas em 2019 e 2020 e em face ao impacto da pandemia do Covid-19 influenciaram o aumento dos gastos sociais.
Por fim, o economista Afonso Maleca referiu que o Executivo deve aproveitar esse dinheiro para aplicar em programas geradores de valores para a economia nacional, podendo se tornar sustentável, diversificada e com um ambiente de negócios recomendável, com tudo aquilo que um país como Angola possa ser visto como sério e responsável.
O Conselho Executivo do Fundo Monetário Internacional (FMI) concluiu, nesta quarta-feira, a quinta avaliação do programa económico de Angola, apoiado por um acordo estendido no âmbito do Programa de Financiamento Ampliado.
O acordo estendido de Angola no âmbito do EFF (sigla em inglês), por três anos, foi aprovado pelo Conselho Executivo do FMI, a 7 de Dezembro de 2018, no valor de DES 2,673 biliões (cerca de USD 3,7 biliões no momento da aprovação).
Seu objectivo, segundo uma publicação no site da organização, é restaurar a sustentabilidade externa e fiscal, melhorar a governação e diversificar a economia para promover o crescimento económico sustentável liderado pelo sector privado.