Agronegócio pede celeridade na concepção de terras para PDAC 

     Economia           
  • Huíla     Quinta, 30 Março De 2023    12h29  
Empresários no encontro de apresentação
Empresários no encontro de apresentação
Amélia Oliveira - ANGOP

Lubango - Empresários do agronegócios na Huíla solicitaram mais celeridade na concepção dos títulos de terra e maior transparência do Governo na implementação do Projecto de Desenvolvimento da Agricultura Comercial (PDAC), nos municípios do chamado "triângulo do milho".

Os empresários pediam durante a apresentação do PDAC, num encontro promovido pelo Governo local, na quarta-feira, no Lubango, a fim de atrair potenciais actores do agronegócio, no segmento da transformação e comercialização, dentro da cadeia das culturas do projecto.

Ao falar da iniciativa que abrange os municípios de Caconda, Caluquembe e Chicomba, o coordenador regional sul, do Fórum Angolano de Jovens Empreendedores (FAJE), Piedade Pena, referiu ser um "bom projecto", mas para que se possa ter o resultados esperados, o Governo e as administrações devem facilitar a viabilidade dos documentos, principalmente o acesso ao título de que ainda pode demorar um ano ou mais tempo para tratar. 

“Caso contrário, vamos continuar a ter os mesmos beneficiados, aqueles que já têm terras e para que isso mude é necessário que o processo de concepção dos documentos seja célere e os agricultores familiares dêem, realmente, o seu contributo na produção nacional”, continuou.

Outros constrangimentos, segundo Piedade Pena são a morosidade da resposta da banca, assim como a  apresentação periódica dos resultados do PDAC, pelo que a resposta célere é decisiva para a aplicação do projecto seja eficaz.

Referiu que existe uma cooperativa inscrita para a área de produção e cinco para o escoamento no PDAC, sendo que a aposta do FAJE é o escoamento, que ainda tem muitos problemas por causa das vias de acesso.

Já a empreendedora do ramo do comércio e indústria, Teresa Oliveira, defendeu maior fiscalização nos actores que posteriormente vão receber o financiamento e mais controlo de quem está a concorrer para implementar aquilo que se predispõe a fazer.

“É preciso transparência no processo de quem realmente está a trabalhar para não serem as mesmas pessoas que querem os projectos e não os fazem, pois há uma cadeia que deixa com que as coisas fiquem no mesmo sítio, situação que precisa ser mudada”, disse .

Um outro empreendedor, Erikson Carvalho, sugeriu que o projecto fosse extensivo para outros municípios da província, em função de muitos empresários não terem terras ou interesse nos referidos municípios.

Informou que o empresário ao adquirir os 10 hectares, um dos requisitos para ter acesso ao programa, para a vertente do produtor, às familias camponesas acaba por encarecer a agricultura familiar.

Em contra partida, o presidente da cooperativa multissectorial Celeiros do Sul, Osvaldo Atongue, focada na área de escoamento de produtos agrícolas, reforçou que ainda têm a produção a perde-se porque o produtor não tem com fazer chegar as plataformas comerciais, pelo que a cooperativa serve de elo entre o produtor e mercado.

Reafirmou que vão comercializar os produtos dos agricultores que aderirem o PDAC, um desafio que se propuseram, embora as vias de acesso não estejam bem, mas têm de fazer, pelo que já estão a preparar um espaço de sete mil metros quadrados em Caluquembe para instalar a base logística da cooperativa.

Já o empreendedor de comércio e prestação de serviços, Edmar Dungula que pretende concorrer, manifestou ser uma oportunidade para os pequenos empresários, num projecto que visa melhorar as políticas de receitas do país. 

Pretende focar na produção de milho batata-doce, feijão e outras variedades da cadeia, mas pelas "janela" pequena de financiamento que vai até 150 mil dólares. 

Por sua vez, a vice-governadora para o sector Político, Económico e Social, Maria João Chipalavela, realçou a necessidade da discussão de como ultrapassarem os constrangimentos para não terem os mesmos problemas nas épocas agrícolas, como a produção que estraga pelo problema do escoamento, associado a questão dos acessos difíceis.

Lembrou que se produz mais em épocas de chuvas, sendo a água, um factor determindante para produção e a retificação dos solos, um outro problema para o aumento produtivo, mas há  alternativas que devem ser aproveitadas.

"A minha preocupação é que está iniciativa seja para fortalecer o que já está a ser feito e não para começcar com coisas novas, que até dar o seu resultado vai demorar. Vamos discutir como procurar soluções para os constragimentos para aumentar a produção e a transformação com mais qualidade, continuou.

Já o secretario-geral da Associação Industrial de Angola (AIA), Joaquim Bento, referiu que o projecto pretende empoderar os empresários do agronegocio, pelo que apelou os produtores a manterem-se resilientes no desenvolvimento da agricultura.

Frisou estarem focados na criação de cooperativas para terem mais visão e interação com as instituições, pois são as potenciais para beneficiárias do PDAC e a vão apoiar junto das instituições publicas, na facilitação da documentação.

O PDAC é um projecto do Ministério da Agricultura que conta com o financiamento do Banco Mundial e da Agência Francesa de Desenvolvimento, num total de 230 milhões de dólares, com a finalidade de aumentar a produtividade dos agricultores comerciais e melhorar o acesso ao mercado.

Para além da Huíla, abrange as províncias do Huambo, Malanje, Cuanza Norte, Cuanza Sul e Bié. EM/MS





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