Empresas  a privatizar apresentam carteiras e volumes de negócios

     Economia           
  • Luanda     Sexta, 29 Janeiro De 2021    10h59  

Luanda - O portfólio e volume de negócios gerados pelas empresas Net One, Multitel e TV Cabo Angola foram apresentados, nesta quinta-feira, aos potenciais investidores interessados na compra das participações do Estado, em alienação.

Em torno deste processo,  passos já  estão a ser dados para a contratação de bancos para  a intermediação financeira, de acordo com o responsável do Departamento de Privatização  e Reestruturação de Empresas do Instituto de Gestão de Activos e Participações do Estado (IGAPE), João Tavares.

O cronograma prevê que, entre Maio e Junho, a privatizaçõo destas participações será lançada na Bolsa de Valores  e em  capital disperso em bolsa.

As referidas empresas, do ramo das telecomunicações, num total de 10, a serem apresentadas de forma progressiva pelo IGAPE, demonstram crescimento do volume de negócios, de acordo com o seu “core business” (negócio principal), apesar da crise económica agravada com a pandemia da Covid-19.

Na sessão de auscultação realizada, nesta data, pelo IGAPE, as contas apresentadas pela Multitel, onde o Estado detém 90% das acções, apontam para um volume de negócios de 2.446.260 kwanzas contra os 2.210.296 de kwanzas, de 2019, um aumento de 11%, mesmo num cenário de crise nacional e internacional.

Nesta empresa em que são accionistas a PT Ventures, da Sonangol (40%), Angola Telecom  (30%), o Banco de Comércio e Indústria (20%) e outros particulares (10%), a expectativa para 2021 éalcançar os 15% de receita total da companhia e mantê-la num crescimento acima dos dois dígitos.

Vão contribuir para tal aumento, de acordo com o seu director geral, António Geirinhas, a prestação continua dos serviços de Internet, VPN e VSAT, além de outros serviços ligados a infraestrutura de Rede, Data Center e Cloud, Voz IP, Serviços Web, entre outros.

Dados indicam que estes serviços estão em crescimento em algumas províncias do país, onde a Multitel conta com um total de 850 clientes do segmento “corporate” (corporativo) e empresarial.

Sem dívidas financeira, desde 2017, a referida empresa, no mercado há 20 anos,  em termos do EBITDA (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) atingiu, em 2020, a margem de 4,50% contra os 4,42% anotados em 2019.

A TV Cabo Angola, outra companhia em que o Estado detém quase 50% de acções por alienar, através da Angola Telecom e outra parte detida pela Visabeira Global, actua nas províncias  de Luanda, Benguela, Huila, Huambo e no Zaire, recentemente.

Apesar da crise, desde 2015,  também tem crescido na ordem dos dois dígitos em termos de volume de negócios, de acordo com o seu director geral, Francisco Ferreira.

A empresa cresceu acima dos 15%, tendo atingido os  21 mil milhões de kwanzas em volume de negócios, em 2020,  contra os 17 mil milhões registados em 2019, com a disponibilização de serviços de “triple play” (serviço triplicado, net+Tv+Voz) em Angola e alguns países em África.

“Apesar da crise temos estado a crescer acima dos dois dígitos “, afirmou Francisco Ferreira, durante a apresentação do estado da TV Cabo Angola.

Com uma divida financeira na casa dos oito mil milhões de kwanzas, o EBITDA da TV Cabo Angola foi de AKZ cinco milhões, observando uma redução em comparação com ano de 2019, período em que os números atingiram a cifra de sete mil milhões de kwanzas. 

Ja na Net One, cuja privatização será por via do concurso limitado por prévia qualificação, o Estado detém, através da MSTelecom, 51%. A mesma presta serviços de telecomunicações no segmento B2B e B2C, com foco na Internet (WiMA, LTE e VSAT) e VOIP.

Até 2019, a empresa contava com 13 mil clientes, representando 87 milhões de kwanzas da empresa. Segundo o seu representante,  Manuel Sambrano, que não apresentou os dados referentes a 2020, 94% do volume  de vendas é gerado por quatro serviços, os planos 8GB,  12GB, 40GB e 100GB.

Segundo ainda o responsável, a dívida dos clientes para com a empresa ronda os 58.109  milhoes de kwanzas, alem de outras obrigações que a mesma empresa tem para com terceiros.

O representante da Net One disse que a não expansão da rede, por conta da conjuntura económica do país e do mundo, dificultou o aumento dos serviços e clientes.

Esta foi a primeira sessão de auscultação do ano de 2021 realizada pelo Instituto de Gestão de Activos e Participaões do Estado (IGAPE), no quadro do processo de privatização de certas empresas do Estado e/ou alienação de participações deste principal agente económico. 

Na lista, neste segmento, constam a Unitel, MS Telecom, ACS- Angola  Comunicações e Sistemas, Angola Telecom, Angola Cables, a Empresa  Nacional de Correios  e Telégrafos de Angola (ENCTA) e Empresa de Listas Telefônicas de Angola (ELTA).





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