Energia condiciona relançamento da indústria na Ganda

     Economia           
  • Benguela     Segunda, 15 Maio De 2023    20h49  
Pormenor da cidade da Ganda
Pormenor da cidade da Ganda
Carlos Benedito-ANGOP

Ganda – A recuperação da indústria transformadora para o desenvolvimento socioeconómico do município da Ganda está condicionada pela gritante falta de energia eléctrica na região, admite o administrador local, Francisco Prata.

Antigamente, a Ganda já apresentava um certo desenvolvimento económico, por causa das indústrias que se tinham instalado, os estabelecimentos comerciais existentes e as fazendas que já estavam a produzir.

A principal fonte económica era a Companhia de Celulose e Papel de Angola, destruída pela guerra e, hoje, em escombros, na vila do Alto Catumbela.

É neste quadro  que o administrador municipal da Ganda aponta o dedo à falta de energia pelo progresso “um tanto quanto lento” da região, o que dificulta a instalação de fábricas.

Ao falar à ANGOP a propósito do estado actual daquela região, Francisco Prata reconhece que há ainda muito que se fazer face aos problemas de fornecimento de energia eléctrica, tanto na sede do município, quanto nas comunas da Ebanga, Casseque e Chicuma.

Conforme o responsável, neste momento, o município da Ganda depende da energia de geradores e a central existente na cidade não fornece energia 24/24 horas.

Essa energia é praticamente para o consumo doméstico ou para garantir o normal funcionamento das instituições públicas, tendo o administrador considerado o abastecimento de água também deficitário.

“Não podemos pensar em indústrias tão cedo, porque o sistema não permite. Então, temos que virar as nossas atenções para a agricultura”, assumiu.

Diante deste cenário, o administrador acentua a ideia de que a esperança para o crescimento do município está mesmo na agricultura e que as pessoas devem ganhar consciência e se dedicarem ao campo.

Ainda assim, e sem entrar em detalhes, referiu que, com a possibilidade da interligação com a barragem hidroeléctrica do Lomaum, no vizinho município do Cubal, já se poderá vir a pensar na industrialização da Ganda.

Outro projecto estruturante, sob a alçada do Governo Central, que a fonte preferiu também não esmiuçar,  tem a ver com a provável interligação da Ganda ao Sistema Eléctrico Norte, o que, a seu ver, poderá se traduzir em ganhos e, nomeadamente, a atracção de investimentos privados.

No fundo, assevera que estes problemas de electricidade na Ganda têm afugentado alguns empresários que, nos contactos encetados com a administração, terão manifestado a intenção de investir na localidade.

“Dos contactos mantidos, a primeira questão é mesmo a energia”, realça, considerando que, geralmente, a classe empresarial prefere implantar seus projectos de investimentos nos municípios do litoral da província de Benguela, em detrimento da Ganda, pois aqui teriam que trabalhar com geradores.

“Enquanto não se resolver o problema da energia eléctrica, dificilmente vai se investir”, lamenta.

Hotelaria sem investimento

Em relação à hotelaria, o administrador diz ser outro grande problema a nível da circunscrição, pois não se nota investimento, apesar de que se continue a apelar para as pessoas investirem.

Mas acredita que este cenário pode vir a mudar, no futuro, caso avance o projecto de ligação por estrada entre os municípios de Caluquembe, na província da Huíla, a Ganda e o Balombo, facto que poderá despertar algum interesse dos investidores.

Ao lembrar do passado, o administrador deu a entender que o município sofreu muito durante o difícil período da guerra, terminada em 2002, e, hoje em dia, a Ganda está de portas abertas para as pessoas interessadas em investir.

“Temos vindo a convidar os empresários para investirem na Ganda. Em princípio, o que os empresários precisam são as terras – e nós temos estado a facilitar e a encorajar”, frisou.

Nesse sentido, o administrador lançou um repto aos empresários no sentido de se unirem e juntos resgatarem a mística da Ganda, com olhos postos no futuro.

Para o responsável, já é tempo de se pensar em construir uma nova Bucaço, em referência à antiga Sociedade Agro-Pecuária com o mesmo nome.

 O sector económico da Ganda conheceu grande dinâmica no ano de 1973, através da actividade industrial transformadora de salsicharia.

“A Ganda era também forte na questão dos enchidos, mas o meu apelo é que as pessoas esqueçam a Buçaco e construam uma nova, porque o terreno e os animais estão aí”, insistiu.

Francisco Prata defende que há potencial e, para isto, pede que as pessoas olhem um bocado mais para o campo, visto que a agricultura é um sector promissor. JH/CRB 

 

 





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