Nova linha Gove-Matala impulsiona indústria mineira da Huíla

     Economia           
  • Huíla     Segunda, 29 Abril De 2024    11h00  
Linha de alta tensão de energia eléctrica (foto ilustração)
Linha de alta tensão de energia eléctrica (foto ilustração)
Pedro Parente

Lubango - A chegada da nova linha de transporte de energia de alta tensão Gove (Huambo) - Matala (Huíla) vai permitir a electrificação do parque mineiro da Huíla, assim como a redução de custos, a maximização de receitas e a promoção de novos investimentos, consideram os empresários do ramo.

Trata-se de uma linha de 220 quilovolts (kV) de alta tensão que vai ligar as subestações das barragens do Gove (Huambo) e da Matala (Huíla), um projecto que enquadra-se no Programa de Electrificação do País e é o primeiro passo para a interligação do sistema sul. O mesmo está actualmente a 15 por cento de execução, tendo passado já pela mobilização e desminagem do troço.

Ao falar hoje, segunda-feira, no quadro do Dia do Mineiro, assinalado sábado, 27 do mês em curso, o director do Gabinete provincial para o Desenvolvimento Económico Integrado da Huíla, Domingos Kalumana, afirmou que tal situação vai reduzir os custos operacionais com combustíveis e outros fluidos, bem como os equipamentos de produção de energia para o normal funcionamento do parque mineiro.

Declarou que a electrificação do parque industrial mineiro fica dependente da ligação das subestações das barragens Gove e da Matala, pois a produção desta última é insuficiente para atender à demanda da Huíla e de outras províncias vizinhas.

Reforçou ser um projecto estruturante, permitindo que o excedente de energia do Gove-Matala  sirva para abastecer o parque industrial da Huíla, não só o de exploração de rochas ornamentais, mas de outros sectores, como o do agro-negócio.

Destacou que com isso, o desafio vai ser a exportação do produto acabado para agregar valor, não só para a economia do país, um factor que depende, igualmente, do nível de investimento das empresas, pois algumas vão recorrendo a parcerias e financiamentos bancários para desenvolver o seu parque de transformação.

“A questão da água também é um outro desafio, mas têm o rio Cunene, como sendo o com maior caudal a nível da província e existe ainda a bacia hidrográfica do Cubango-Okavango, mas há uma distância de 175 mil quilómetros para que a água vá para os diferentes pontos”, manifestou.

Domingos Kalumana avançou ainda terem outro desafio consubstanciado na construção de um parque logístico de estufagem de blocos de granito, na comuna da Arimba, com os serviços integrados para facilitar o processo de transportação, aproveitando no Caminho de Ferro de Moçâmedes, o que facilitará a cadeia de transporte e exportação.

Reiterou que a melhoria do ambiente de negócios no sector é um desafio do Executivo, através do melhoramento da sua eficiência, reduzindo o número e a duração dos procedimentos para a criação de empresas e dos respectivos custos, bem como da qualidade das regulações.

O responsável alertou para a responsabilidade social corporativa das empresas, para que a notoriedade e o impacto seja mais significativo, porque acreditam na máxima, "juntos são mais fortes e fazem melhor", pois a actividade mineiras ocorre nos 14 municípios.  

Por sua vez, o presidente da Associação dos Produtores, Transformadores, Comercializadores e Exportadores de Rochas do Sul de Angola, Marcelo Siku, reforçou haver limitações na questão da industrialização do sector, pois o mercado nacional é “ínfimo”, para além de não dispor de electricidade.

“Fazendo fábricas com gerador é muito dispendioso, ainda mais com o aumento do preço de gasóleo, daí que é necessária a electrificação das pedreiras onde trabalhamos, como os Gambos, Chibia, ou da Bibala, a fim de facilitar implementação de chapas para exportar não em blocos somente, mas em material acabado”, disse.

Salientou que receberam do vice-governador para a área técnica a garantia que a energia já está na localidade da Olivença, a 40 quilómetros da zona de exploração de Tchikuatiti (Chibia) e acredita que em quatro meses, pode chegar à Chibia e depois aos Gambos.

Fez saber que a Associação tem 27 associados e destes 19 em actividade, os restantes estão na fase de prospecção e pesquisa.

O cadastro mineiro na Huíla é constituído por 106 empresas, num universo de 140 concessões, das quais 62 para prospecção e 78 para exploração. Deste número estão em operacionalização 19 empresas de rochas ornamentais, duas de ouro, uma de argila, uma de calcário dolomítico, duas de água mineral, uma de ferro e outra de nióbio em fase de exploração.

Das concessões para prospecção, 16 empresas estão em plena actividade, sendo 10 de rochas ornamentais, quatro de ouro e duas de metais ferrosos.  

Está em fase de implementação o projecto de exploração de ferro no município da Jamba e o de exploração de Nióbio, em Quilengues, estimando-se para o ano em curso novos empregos para o sector mineiro na Huíla, em função do número de empresas com concessões em processo de instalação. EM/MS





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