Especialista aponta caminhos para o relançamento do café em Angola

     Economia           
  • Luanda     Sábado, 15 Abril De 2023    09h02  
PDAC aprova projectos da cadeia de café e grãos.
PDAC aprova projectos da cadeia de café e grãos.
Divulgaçao

Luanda – O produtor de café, Jorge Chaves, considerou este sábado que Angola precisa apostar na pesquisa, extensão, inovação e mecanização agrícola, para voltar a ser uma referência no panorama da produção mundial e recuperar a confiança das famílias produtoras do bago vermelho.

De acordo com o cafeicultor, Angola foi um dos países a sul do Sahara a começar com a produção do café e em grande escala. Tendo em conta a sua geo-localização e endo-climatérica privilegiada, o país, com uma aposta séria, poderá a médio prazo resgatar a sua antiga posição, na produção mundial do café.

Em entrevista à ANGOP, à margem do Dia Mundial do Café, que se assinalou a 14 de Abril, o também representante da Federação dos Produtores de Café, Polmares, Cacau e Caju (Recafé) no Cuanza Sul, apontou a inovação, sustentabilidade, tecnologia e a agregação de valor como pilares para o catapultar a produção do café em Angola.

Questionado sobre o estado da produção do café no país, o agricultor considerou de “penoso”, uma vez que actualmente a produção está estimada em 2 % .

Este facto, segundo o especialista, deve-se ao facto dos grandes produtores deixarem a cultura do café pela cultura de sobrevivência, como a mandioca, milho e outras produções.

Um outro problema que está na base da fraca produção de café assenta nos fenómeno das queimadas e destruição de  vários cafesais e as gravilhas (árvore usada para o sombreamento das plantas do Café). 

Neste sentido, diz o responsável, os pequenos produtores e as famílias perderam o incentivo à produção, dificuldades ao acesso aos insumos e a falta generalizada dos meios agrícolas.

Na visão do responsável da Recafé no Cuanza Sul, existem poucas políticas de incentivos à produção do café no país.

“ Angola está aquém dos diversos produtores mundiais, pois a produção do café a nível mundial já tem outros enquadramentos técnicos e tecnológicos para todas as áreas da cadeia de valor e não apenas a componente terra, homem e máquina”, asseverou. 

De acordo com Jorge Chaves, a cafeicultura nacional ainda depende essencialmente do sistema tradicional de irrigação e das quedas pluviométricas. 

Já em países como Moçambique, sem tradição na cultura do café, já está a usar sistema de gota gota para irrigação do Café.
Segundo o agricultor, é possível reverter o quadro, “pois temos potencial para desenvolver, com sustentabilidade, mecanização, automação, assistência técnica e com uma pesquisa forte no campo agro industrial”.

Para o responsável da Recafé no Cuanza Sul, a província necessita de um investimento de cerca de 200 milhões dólares para o relançamento efectivo do café na província, fundamentalmente com o Projecto de Desenvolvimento de Jovens do Café, a par da criação de um Centro Comercial do Café provincial. 

O especialista entende ainda que é importante promover o turismo café, criar o centro de inteligência do café, assim como a instalação de laboratórios centrais.OPF/AC



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