Lobito – A fábrica de bebidas alcoólicas Caxaramba, localizada no município do Lobito, província de Benguela, vai lançar, em breve, uma bebida à base de fuba de milho e abacaxi, soube a Angop, esta sexta-feira.
Segundo o seu proprietário, Ricardo Guerra, a fuba já foi adquirida ao Complexo Industrial Carrinho e, neste momento, a empresa já leva acima de dois meses de experiências, até atingir a excelência para a fabricação da bebida.
Confidenciou que ainda não tem uma marca definida, mas está dentro da sua estratégia que passa por fabricar produtos com valor acrescentado e promovê-los, a exemplo do que faz o Brasil com as cachaças, ou o rum na Venezuela e em Cuba.
Na mesma senda, está previsto também a criação de um rum com infusão de ananás e cuja linha de produção está "praticamente afinada”, segundo Ricardo Guerra.
Questionado sobre a aquisição da matéria-prima, uma vez que há relatos de camponeses no Bocoio e Monte Belo, assim como no Balombo, que se queixam da falta de escoamento dos produtos, acabando por se estragar, o empresário afirmou que “o maior problema está no acesso para as zonas onde eles têm aquela commodity em grandes quantidades".
“Esta situação faz com que eles tenham pressa de vender o ananás, a preços não competitivos, e nesse caso, leva vantagem aqueles que têm lobbys montados, como é o caso de comerciantes que utilizam carrinhas para ir vender em Luanda”, salientou.
Em relação aos produtos fabricados na empresa, o proprietário da Caxaramba afirmou que existem três vertentes de negócios. Um deles é o rum que leva o nome da empresa,”Caxaramba”, feito de forma artesanal, fermentado, destilado e depois envelhecido em barris.
“Neste momento, temos mais de 50 mil litros a envelhecer em barris, desde 2018, para melhorar a qualidade do produto”, enfatizou.
O “Gin 77” é outro dos produtos da casa, feito com infusões de botânicos nacionais, nomeadamente o caxinde.
Já o “Whisky Black bird”, segundo Ricardo Guerra, é feito com álcool nacional, adquirido à Biocon, com caramelo e aromas comprados a uma empresa local, que importa através de laboratórios certificados. Esse produto é embalado em saquetas de plástico de 50 ml.
Quanto ao processo de produção, Ricardo Guerra exemplificou algumas quantidades de matéria-prima de que a fábrica necessita, tais como 60 a 80 metros cúbicos de etanol, para as saquetas, 100 toneladas de cana, 50 de açúcar e melaço e a mesma quantidade de fuba de milho, nesta fase experimental.
Entretanto, o empresário é de opinião que a indústria nacional deveria preterir as embalagens de plástico (saquetas) pelas de vidro, para proteger melhor o produto e dar melhor durabilidade de armazenamento, no que toca ao estado de conservação.
“Temos uma indústria de vidro com alguma história, que é a Vidrul e mais recentemente a Embalo Vidro que, com algum investimento, podem dar resposta à demanda no mercado nacional.
Apontou como um dos constrangimentos, a garrafa de rum Caxaramba de 650ml, que não pode ser exportada para Portugal, por estar despadronizada em relação às medidas usadas na Europa.
Lamentou igualmente sobre o Imposto Especial de Consumo (IEC) que, a seu ver, prejudica o produto nacional em detrimento do importado.
Para ele, a tributação de um produto local, nunca deveria ser igual a outro importado. Ambos pagam oito por cento.
Quanto ao mercado nacional, afirmou que os seus produtos estão a ganhar espaço, salientando algumas parcerias tais como a venda nas lojas Bem Barato do Complexo Industrial Carrinho e nas promoções da Soba Catumbela, aliando o seu ao dessa unidade fabril.
A Cacharamba conta neste momento com 40 trabalhadores efectivos, distribuídos pelas linhas de enchimento, tratamento de água, laboratório, embaladoras, rotuladores, logística e administração.