Ramiros - O mau estacionamento de camiões avariados e a falta de prudência dos automobilistas constituíram, nos últimos quatros meses, as principais causas de acidentes de viação no troço entre a Boavista (Morro dos Veados) e Ramiros, município de Belas, Estrada Nacional 100.
Dados disponíveis indicam que, neste período, foram registados naquele troço, com mais de 15 km entre o Morro dos Veados e os Ramiros, 10 acidentes de viação, sem vítimas humanas, consubstanciados em despistes, capotamentos e colisões.
De acordo com as autoridades locais, a situação tende a pior por causa das infracções constantes ao Código de Estrada, a inexistência de placas reflectoras na parte traseira das carroçarias de camiões estacionados por avaria e excesso de velocidade.
A esses factores agrega-se a questão da condução em estado de embriaguez, ultrapassagens irregulares e mau estado técnico de viaturas, sobretudo pesadas, que colocam, constantemente, em perigo a vida dos automobilistas.
Segundo fontes do departamento da Polícia de Trânsito, muitos motoristas que usam o troço entre a Boavista (Morro dos Veados) e o distrito dos Ramiros optam por colocar galhos de árvores, bidões ou outros objectos, perigando a vida de terceiros.
Neste troço com sete metros de largura e uma de berma existem quatro pontos acentuados de 10%, com ribanceiras nos dois sentidos.
Ouvido pela ANGOP, o automobilista Amaro Gomes disse que já encontrou camiões abandonados na via e foi obrigado a parar e sinalizá-los com fitas de perigo.
“Fi-lo por iniciativa própria, para evitar mais acidentes”, disse, tendo apelado aos automobilistas para serem mais responsáveis e solidários com as vítimas de acidentes.
“Lembro-me de um autocarro que embateu em Abril passado contra um camião avariado, causando 10 feridos, entre ligeiros e leves", reforçou.
Por sua vez, o munícipe Manuel da Conceição, morador no bairro Mundial, recordou o acidente que chocou os habitantes da zona, em 2014, em que uma viatura de serviço de táxi colidiu contra um camião basculante carregado de areia, causando seis mortos.
Na via, segundo a fonte, é frequente o registo de automobilistas, principalmente taxistas, que organizam corridas e fazem ultrapassagens em curvas apertadas e pontes.
A propósito, o porta-voz da Direcção Nacional de Trânsito e Segurança Rodoviária (DTSR), intendente João Pereira, confirmou a ocorrência, constante, de acidentes no troço, apontando a irresponsabilidade, o excesso de velocidade, falta de prudência, destreza e consumo de bebidas alcoólicas como causas directas.
O oficial salientou que a corporação tem feito um trabalho regular no sentido de prevenir a sinistralidade rodoviária, mas com pouca colaboração dos automobilistas.
“Estamos a criar outros mecanismos para contornar a situação”, disse o oficial, adiantando que a Polícia tem exercido maior fiscalização sobre os automobilistas que deixam os veículos estacionados e sem equipamentos de sinalização, como triângulos, cones, colectes e placas reflectoras.
João Pereira salientou que todas as viaturas devem ter placas reflectoras, para facilitar a visibilidade de quem vem atrás e evitar acidentes. "Infelizmente, ainda temos motoristas irresponsáveis, que não observam estes parâmetros por negligência", avançou.
O Código de Estrada refere que a pré-visualização de perigo deve ser colocada a 30 metros da retaguarda do veículo avariado, ao contrário do sinal de perigo, que fica a 100 metros de distância. A multa aplicada por falta de reflectores e outros acessórios no veículo é de 300 a 600 CFA (unidade de correcção), equivalentes a 52.800,00 kwanzas.
De recordar que estão em curso obras de asfaltagem de um troço, no interior do Bairro Mundial, uma via que liga a EN-100, denominado do Branco ou Salinas, a partir da zona do autódromo, que vai desembocar na Avenida Fidel de Castro Ruz.
