Luanda – O Governo angolano prevê reforçar, neste ano, a captação de novos investimentos para o sector não petrolífero, com vista a contribuir decisivamente na recuperação económica, afirmou o secretário de Estado para Finanças e Tesouro, Ottoniel dos Santos.
Ao intervir, quinta-feira, na segunda edição do Fórum da Bolsa de Dívidas e Valores de Angola (BODIVA), o dirigente referiu que o ano de 2021 também deverá ser marcado pelo surgimento de oportunidades de investimento interessantes em vários sectores da economia.
Durante o seu discurso, a que a ANGOP teve acesso hoje, o governante explicou que tais oportunidades de investimentos surgirão, através do Programa de Privatizações (PROPRIV) de empresas e das reformas económicas gizadas pelo Executivo angolano.
Lembrou que, através do Programa de Apoio à Produção Nacional, Diversificação das Exportações e Substituição de Importações (PRODESI), o Executivo está a encetar um conjunto de 44 medidas, que englobam os 11 domínios do Doing Business (fazer negócio).
O objectivo, segundo Ottoniel dos Santos, é assegurar a atracção de investimento estrangeiro para a economia nacional.
“A abertura parcial da conta de capitais pelo Banco Nacional de Angola (BNA) criou as condições para a efectiva entrada do investimento estrangeiro, desejavelmente por via dos mercados da BODIVA”, sublinhou o governante no evento que premiou também algumas instituições.
Diante desse cenário, o secretário de Estado apela os empresários a estarem atentos a todas as oportunidades, em particular as que estão a ser criadas pelo PROPRIV, e a beneficiarem das condições excepcionais proporcionadas pelos programas e reformas do Governo.
Exorta ainda as entidades nacionais a criarem as bases para prestarem os competentes serviços de intermediação e consultoria aos investidores não residentes, sem perder de vista a atracção dos investidores residentes, cujo envolvimento no mercado de capitais nacional dará a estabilidade de que o mesmo precisa.
Conforme Ottoniel dos Santos, o financiamento da retoma económica de Angola terá de passar, necessariamente, também pelo mercado de valores mobiliários.
“É necessário, e cada vez mais urgente, o reequilíbrio da estrutura empresarial, entre o sector público e privado, com destaque ao PROPRIV, cuja eficiência e transparência pressupõe o recurso aos mercados regulamentados”, sustentou.
Transformação da BODIVA em plataforma de financiamento
Por outro lado, o secretário de Estado referiu que o Governo espera que a BODIVA se converta numa verdadeira plataforma de financiamento à economia angolana, particularmente ao sector privado, viabilizando negócios e projectos com elevado impacto económico e social.
“Não obstante, a curva de rendimentos que conseguimos criar, o serviço que a Bolsa de Dívidas e Valores de Angola pode e deve prestar à nossa economia não se esgota no serviço ao Estado”, considerou.
DE acordo com o responsável, o país está num outro patamar, com o crescimento e dinamismo do mercado secundário de dívida pública, alicerçado no consistente aumento dos montantes negociados e na entrada de novos players.
Recordou que, apesar de todos os constrangimentos ditados pela pandemia da Covid-19, em 2020, o montante negociado pela BODIVA ascendeu a 1,18 biliões de kwanzas, um salto gigantesco de 880 por cento, em relação aos cerca de 104 mil milhões negociados em 2015.
De igual modo, lembrou, o número de membros do mercado aumentou de dez, em 2015, para 25, abarcando as maiores instituições financeiras do país.
Referiu que, actualmente, a evolução do mercado permite que estejam disponíveis à negociação outros instrumentos financeiros, nomeadamente obrigações corporativas e unidades de participação de fundos de investimento, fundamentais para o financiamento do sector privado e para a democratização do acesso às oportunidades de rentabilização do capital.
A Bolsa de Dívidas e Valores de Angola (BODIVA) é uma entidade gestora que visa assegurar a transparência, eficiência e segurança das transacções nos mercados regulamentados de valores mobiliários, com o objectivo de estimular a participação de pequenos investidores e a concorrência entre todos os operadores.