Malanje - O representante da Organização das Nações Unidas para Alimentação (FAO), Anastácio Roque, afirmou, segunda-feira, em Malanje, que o sistema alimentar e nutricional do país é frágil devido à vários factores.
O responsável, que falava durante o workshop regional sobre "Sistemas alimentares e consultas públicas da estratégia nacional de segurança alimentar e nutricional (ENSAN II) - Angola 2030", apontou como factor agravante a pandemia da Covid-19.
Realçou que Angola é um país com potencial para o desenvolvimento agrícola e empregabilidade de muitos cidadãos, pelo que deve assumir um compromisso prioritário de transformar a actual estrutura de produção e consumo de alimentos sustentável e de saída dos problemas de fome e pobreza.
“As políticas de sistemas alimentares devem abordar a necessidade de reduzir a pobreza, eliminar a fome, reduzir a desnutrição e melhorar a saúde, através do estudo das doenças relacionadas à alimentação, conservação, biodiversidade, restauração dos ecossistemas, enfrentamento das crises climáticas e fortalecimento das energias nas zonas urbanas e rurais”, frisou.
Entretanto, é de opinião que os efeitos da Covid-19 demonstram hoje a fragilidade do sistema alimentar do país, a volatilidade dos preços dos alimentos e do petróleo, a mudança das dietas tradicionais e o aumento das doenças decorrentes da má nutrição.
Por isso, acrescentou, "urge a necessidade de se imprimir mais dinâmica e de maior entrosamento entre os governos, e maior eficiência da acção do Estado e da sociedade na garantia do direito à alimentação, rumo ao desenvolvimento sustentável do país através do seu sistema alimentar".
Por sua vez, o secretário de Estado da Agricultura para os Recursos Florestais, André de Jesus Moda, disse que o país vem trabalhando para ultrapassar a problemática da alimentação, pelo que promove este workshop para a recolha de opiniões que contribuam para a concretização desse desiderato associado ao combate à pobreza.
Nesta senda, realçou que a segurança alimentar passa doravante a ser o cartaz de conversa sobre a dieta desejada e necessária no país para trazer energias sustentáveis e alongamento da vida do cidadão.
Entretanto, defende que em consequência das resoluções saídas de cimeiras internacionais, todo o cidadão deve ter o direito de acesso à alimento seguro e nutritivo, em consonância com o direito à alimentação adequada e fundamental que torna a pessoa livre da fome.
O workshop sobre sistemas alimentares está a ser promovido pelo Ministério da Agricultura e a FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação), visando discutir e recolher opiniões sobre as vias de erradicação da fome e promoção da resiliência alimentar do país.
O evento tem duração de três dias e conta com a participação de técnicos agrários das províncias de Malanje, Lunda norte, Lunda Sul, Cuanza Norte e Moxico, para além de directores provinciais, responsáveis do Ministério da Agricultura e representantes das Nações Unidas e do Programa Alimentar Mundial (PAM).
Decorre desde segunda-feira sob o lema “A contribuição da agricultura nos sistemas alimentares”, e está a abordar temas relacionados com a contribuição da agricultura, da pecuária, das pescas e da aquicultura no sistema alimentar.