Mandioca é catalisador para diversificação da economia - Josefa Sacko

     Economia           
  • Luanda     Quinta, 11 Março De 2021    08h46  
Josefa Sacko, comissária da UA para Agricultura, Desenvolvimento Rural, Economia Azul e Ambiente Sustentável
Josefa Sacko, comissária da UA para Agricultura, Desenvolvimento Rural, Economia Azul e Ambiente Sustentável
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Luanda - A comissária da União Africana  para Agricultura,  Desenvolvimento  Rural,  Economia Azul e Ambiente Sustentável Josefa Sacko considerou, quarta-feira, em Adis- Abeba (Etiópia) a mandioca como um instrumento  catalisador para a diversificação económica no nosso País, por ser de fácil mecanização.

“Angola tem um potencial enorme para o agronegócio com culturas elásticas em termos de solos, e de fácil mecanização como a mandioca que cresce quase em todos solos de Angola e ser um instrumento  catalisador para a diversificação económica no nosso país”, afirmou a responsável, em videoconferência.

Josefa Sacko, que falava na abertura do fórum “Oportunidades e desafios na cadeia de valor da mandioca em Angola”, promovido pelo Ministério da Indústria e Comércio, disse que os desafios do país se prendem com a atracção do sector privado, financiamento pelos bancos, a reforma fundiária e o estímulo do mercado de produção local.

Apontou como entraves, a falta de mecanização da cultura, a fraca capacidade de processamento da mandioca, bem como  a exígua produtividade, pois em média a cultura da mandioca em Angola é de 10 toneladas por hectar,  enquanto que na Tailandia e  Indonésia há variedades a atingir as  22 e 23 toneladas por  hectar.

Na opinião da comissária da União Africana, tal como a Nigéria que é o maior produtor de mandioca no nosso Continente, Angola pode inscrever o seu nome para satisfazer as necessidades actuais do Continente em termos de derivados e substitutos de matéria –prima importada e produtos semi-acabados de mandioca.

Josefa Sacko fez saber que as oportunidades são enormes para que a agricultura angolana possa descolar de novo como nos anos 70 e desempenhar plenamente o seu papel, rumo à  industrialização do País, o que vai requerer, de certa medida, enfrentar vários desafios como as cadeias de valor agrícola de alto desempenho.

Considerou  de mais-valia, a ratificação por parte de Angola da Zona de Comércio Livre Continental Africana (ZCLCA), que poderá conectar mais de 1.3 biliões de consumidores, uma aposta para o relançamento do processo de industrialização do País, para tirar maior vantagem das trocas comerciais intra-Africanas que poderão passar de 15%  actuais  para mais de dobro nos próximos tempos.

“A aceleração da transformação da nossa agricultura passa indubitavelmente pela pequena industrialização da nossa produção, pois a estratégia para tal existe e o papel aqui, enquanto Comissão da União Africana, é de tomar em conta as decisões dos  Chefes de Estado e de Governos e transformá-las em políticas e estratégias para facilitar a sua implementação”, destacou.

Ainda sobre a cadeia de valores da produção  e transformação da mandioca referiu que no maior produtor africano a Nigéria, a demanda por farinha de mandioca de alta qualidade ( HQCF) em pães , biscoitos e salgadinhos está acima de 500.000 toneladas  anuais, enquanto o fornecimento com a indústria local é inferior à 15.000 toneladas.

Enquanto isso, prosseguiu a comissária, a produção de amido de mandioca está acima  de 300.000 toneladas, cuja oferta esta abaixo de 10.000 toneladas e o potencial de etanol  para combustível para cozinha e para veículos movidos a energia (E10) e outros usos industriais excede a 1 bilhão de litros .

Entretanto, Josefa Sacko (citada numa nota da União Africana) defendeu  que  , Angola deveria  tirar proveito da experiência e conhecimento cientifico da EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, e do agronegócio feito no Brasil e Argentina, pela similitude do clima e aproximação cultural .

“Angola e África estão com olhos virados para a superação dos desafios da Covid-19, cujo impacto interfere na mobilidade de pessoas e bens, provocando  disfuncionamento das cadeias de valor do mercado global de aprovisionamento. As lições desta crise ensinam-nos que precisamos aprender das experiências dos outros”, frisou.

Nesta senda, sublinfou que “o Brasil e a Argentina têm uma vasta experiência sólida e resiliente sobre o agro-negócio, em termos de politicas de industrialização e agro-processamento, o que poderia  ajudar os processos de reformulação e harmonização de novas políticas adaptadas às condições específicas de Angola.

Na ocasião, a comissária da União Africana para Agricultura,  Desenvolvimento  Rural, Economia Azul e Ambiente Sustentável convidou os ministros da Indústria e Agricultura, assim como os seus homolgos da Comissão Multisectorial para a conclusão do processo de domesticação da Declaração de Malabo no Plano Nacional de Investimentos Agrícolas.

“Há orientações políticas que  dão um tratamento especial às Cadeias de Valor na área da agricultura, decisões políticas desde a Cimeira de Abudja em 2010 à Declaração de Malabo de 2014, como uma tela para supervisionar a implementação da Agenda 2063, a África que queremos, no domínio da agricultura”, finalizou a dirigente angolana.





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