Medidas do BNA têm impacto sobre disponibilidade de dinheiro - BPC

     Economia           
  • Luanda     Sábado, 11 Setembro De 2021    15h53  
Banco Central - responsável pelo controlo das reservas internacionais do país
Banco Central - responsável pelo controlo das reservas internacionais do país
Pedro Parente

Luanda - A falta de dinheiro nos multicaixas e a dificuldade de levantamento nos balcões dos bancos têm a ver com o perfil dos clientes, concentração de ATM nas zonas urbanas e com as medidas de contenção da inflação implementadas pelo Banco Nacional de Angola( BNA), afirmou hoje o director de Marketing do BPC, José Matoso.

José Matoso explicou que o BNA aplicou medidas para baixar a inflação, que têm impacto na disponibilidade de dinheiro nos ATM (Multicaixas)  e nos balcões dos bancos. Além disso, acrescentou que grande parte dos clientes dos bancos está na periferia da cidade de Luanda, onde não há serviços suficientes, por isso, acorrem a cidade, daí a pressão sobre os multicaixas.

“ A banca deve fazer fazer que o sistema de pagamento se expanda, porque onde está a maioria da população  há falta de serviços de Multicaixa e de TPA”, afirmou o gestor de  Marketing do BPC, ao intervir no debate sobre  “ O sistema bancário nacional e as respostas às necessidades dos cidadãos”, promovido pela Rádio Nacional de Angola (RNA).

Sobre o assunto, o director de Departamento de Sistema de Pagamento do BNA, Edgar Costa, disse que a redução de cerca de 100 agências bancárias do sistema contribui para que grande parte das pessoas se desloquem aos Multicaixas.

Segundo Edgar Costa, não existe falta de dinheiro, mas capacidade limitada de atendimento dos bancos, que está ligada ao facto das empresas pagarem os salários na mesma altura, isto é, no final de cada mês.

Para completar sua justificação, aconselhou os clientes a utilizar serviços alternativos como internet banking, Multicaixa Express, Unitel Money e outros.

Retorquindo os argumentos do BNA, o economista António Stote, um dos integrantes do painel de debate, disse que os bancos estão violando um instrutivo do BNA (Aviso 12/16, 5 de Setembro), ao prestarem mau serviço aos clientes.

No seu entender, o BNA está a escusar-se de aplicar sanções aos bancos e demonstra que tem dificuldades de se assumir como regulador.

Por sua vez, o consultor Victor Garcia, argumentou que o BNA tem uma política de baixo consumo que visa a baixa da inflação.

Disse ainda que os bancos têm falta de dinheiro e, habitualmente, justificam com a falta de sistema.

Em relação ao recurso a serviços alternativos como internet banking, Multicaixa Express, Unitel Money, apontou a necessidade de se adequar os meios de pagamento à realidade dos destinatários.

Na sua óptica, “ nós não estamos capacitados para implementar a banca digital e é necessário que o BNA supervisione os serviços e produtos dos bancos com imparcialidade, a fim de servir toda a população, onde quer que esteja”.

Tendo em conta a difícil situação que os clientes enfrentam para movimentar suas contas bancárias e as constantes enchentes que se observa à porta dos bancos, o Banco Nacional de Angola (BNA) emitiu  um instrutivo,  a 3 de Setembro, que orienta os bancos a manter os Terminais de Pagamento Electrónicos (na sigla inglesa ATM) com dinheiro, de forma regular, até 95% da sua capacidade instalada.

Nos últimos dias, na província de Luanda, tem sido comum verificar-se enchentes à volta dos ATM e uma procura frenética por estas caixas automáticas, com valores monetários, especialmente no final do mês (épocas de pagamento de salários) e nos finais de semana.

De acordo com o BNA, os bancos comerciais têm uma moratória de, até 15 de Setembro, para executar a referida orientação, sendo que os mesmos devem assegurar a referida disponibilidade monetária, durante as horas normais de expediente, no período de 25 de cada mês até ao dia 05 do mês seguinte, inclusive, aos sábados até ao meio dia.

Conforme a directiva do BNA, a que ANGOP teve acesso, a medida visa prevenir que tais situações anómalas aconteçam, tendo em atenção a protecção dos consumidores de produtos e serviços financeiros, bem como proporcionar aos seus clientes, um serviço de qualidade, assente nas melhores práticas bancárias e financeiras.

“ O horário de abertura das agências bancárias deve ser alargado, ao período de maior movimento, incluindo aos sábados, sempre que se mostrar necessário, em particular, nos períodos de pagamento de salários da função pública, de forma a proporcionar aos clientes um serviço de qualidade”, assevera-se na nota.

Acrescenta ainda que os bancos comerciais devem ainda publicar, no seu sítio de internet e nas referidas agências bancárias, de forma bem visível, os balcões e o horário de atendimento para que os clientes estejam melhor informados.

Os bancos comerciais, segundo o documento, devem informar ao BNA os horários alargados, pois, o incumprimento e o dever de proporcionar ao cliente um serviço de qualidade é punível nos termos da Lei do Regime Geral das Instituições Financeiras (Lei n.º 14/21, de 19 de Maio).

O debate contou , também, com as contribuições do director de Comunicação  Gestão da Marca do BAI, Fábio Correia, Bruno Pinto do Banco Millennium, e  o administrador executivo da EMIS, Joaquim Caniço.





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