Cuango - O ministro da Energia e Águas, João Borges, reiterou, esta quarta-feira, no Cuango, província da Lunda Norte, que o Executivo angolano vai continuar a investir na criação de projectos energéticos que visam a produção, expansão e acesso à energia limpa e barata.
O governante reiterou este compromisso durante a cerimônia de lançamento da primeira pedra para a construção do parque fotovoltaico da vila de Cafunfo, município do Cuango, sublinhando que Angola pretende com estes investimentos atingir a meta de 72 por cento da população angolana a beneficiar de energia limpa, até 2027.
"A população do Cafunfo e em muitos pontos do país , têm acesso à energia a preços altos e é por causa disso , que há dois anos começamos a elaborar uma série de projectos , priorizando as províncias com uma taxa de produção eléctrica muito baixa, construindo , com financiamentos externos, hidroeléctricas e parques fotovoltaicos para reduzir em grande medida, os custos com a produção e consumo", frisou.
Destacou que com o lançamento do projecto de electrificação rural, que vai beneficiar 60 comunas das províncias do Bié, Lunda Norte, Lunda Sul, Malanje e Moxico , o Executivo quer expandir a energia limpa para áreas remotas do país e distante do litoral.
Disse que o projecto pretende responder às necessidades desenvolvidas na estratégia do Plano Angola 2025, definidas pelo Governo, que tem como objectivo transformar Angola num país próspero, moderno e com uma inserção crescente na economia mundial e regional.
Fez saber que na Lunda Norte o projecto será implementado em 15 vilas e comunas de seis municípios (Caungo, Caungula, Cambulo, Capenda Camulemba, Lubalo e Xá-muteba) beneficiando 74 mil e 368 famílias.
O projecto de Cafunfo será construído em três anos e vai comportar um parque fotovoltaico com 72 mil painéis , que terão a capacidade de produzir 41,40 megawatts e mais 101, 80 MW armazenados em baterias, para produção nocturna.
Orçado em mil milhões, 27 mil 914 Euros , o projecto contempla iluminação pública, rede de distribuição de média , alta e baixa tensão.
Segundo o ministro, após a conclusão do central fotovoltaica, serão criadas oportunidades de negócios, ou seja, o ministério e a ENDE vão permitir que surjam agentes autorizados para a venda de recargas dos contadores pré-pagos, empresas especializadas para manutenção dos equipamentos, entre outros serviços.
Por outro lado, apelou a população a não vandalizar os projectos energéticos implementados no país, com realce para as redes de transporte de energia.
O projecto
Com uma capacidade voltaica de 265 megawats (MW) de potência fotovoltaica e 595 MW de armazenamento em baterias , o valor económico aportado pelo projecto, considerando a poupança face a soluções alternativas e o ganho no rendimento da população, situa-se entre 3.1 e 5.9 mil milhões de euros.
O projecto prevê 202 mil e 657 ligações domiciliares, 12 sistemas conectados à rede (electrificação mais três subestações).
A electrificação será de alta, média e baixa tensão, com 46 sistemas isolados, 12 conectados à rede e três subestações de dois conectados à rede.
Conta com parceiros estratégicos, cujo financiamento e/ou apoio financeiro de 1,2 mil milhões de Euros feito pela empresa alemã Euler Hermes.
A MCA, uma empresa portuguesa, é a construtora das 46 mini-redes solares e os britânicos Satanderd Chartered responsáveis pela montagem e operação do projecto energético.
O Estado angolano pretende com este projecto, dar um contributo ambiental positivo através da redução de emissões de gases de efeito estufa, que situa-se entre 4.2 e 8.0 milhões de ton CO2.
Angola é, por excelência, um local com distintas condições para a utilização da energia solar, com uma radiação global em plano horizontal anual média compreendida entre 1 370 e 2 100 kWh/m2/ano.
A tecnologia mais adequada para aproveitar o recurso solar é a produção de electricidade através de sistemas fotovoltaicos, sendo esta a tecnologia de mais rápida instalação (prazos inferiores a 1 ano) e com menor custo de manutenção, e que gradualmente deixou de ser tão onerosa, conferindo um maior sentido para soluções de pequena/média dimensão e descentralizadas.HD