Luena - A falta de investimento privado de grande porte é apontada como o principal factor impeditivo do crescimento socioeconómico e do desenvolvimento da província do Moxico.
A constatação foi feita, esta quinta-feira, no Luena, capital provincial, pelos académicos e outros membros da sociedade civil local, durante uma mesa redonda que abordou os "Avanços e perspectivas" da região, no quadro da celebração dos 106 anos da província do Moxico, que hoje se assinala.
Intervindo durante o referido encontro, o economista e docente universitário Dinis Mussango defendeu que este défice será ultrapassado com a conjugação de esforços, a todos os niveis, com vista a galvanizar o desenvolvimento da região.
"Não podemos olhar apenas para o Estado como o provedor de todas situações que enfermam a sociedade, temos de apostar e convidar iniciativas privadas”, ressaltou.
Não obstante a isso, disse que o futuro da província passa pela maior aposta na formação das áreas técnicas, para granjear competências na transformação dos recursos naturais que a região possui para estar alinhada na rota do crescimento económico.
O académico defendeu, igualmente, a necessidade dos jovens apostarem fortemente no empreendedorismo, de forma criativa e inovadora, aproveitando da melhor maneira os incentivos do Estado nesta matéria, a emissão de garantias aos jovens para garantir o fornecimento de serviços e bens na região.
Ainda na perspectiva do desenvolvimento da região, a especialista em Administração Pública, Ruth de Freitas, destacou os ganhos que a província obteve nos últimos anos, em diversas áreas, embora reconheça a necessidade de mais investimentos que possam responder às necessidades das comunidades, como a melhoria do saneamento e construção de mais infraestruturas habitacionais.
Já o historiador Daniel José, de 83 anos, entende que a província registou alguma evolução, se comparado com o passado, entretanto "há muito ainda por ser feito, sobretudo no capítulo das estradas intermunicipais".
Por sua vez, o vice-governador para o sector Político, Económico e Social, Victor da Silva, reconheceu a carência, fundamentalmente, de estradas, acesso à distribuição de energia eléctrica e águas nas comunidades, bem como o reduzido número salas de aulas.
Entretanto, reiterou que já existem projectos elaborados pelo Governo, que garantam maior aposta nas referidas áreas sociais, para garantir o desenvolvimento da província.
A promoção agropecuária é um dos eixos importantes escolhido pelo Governo, de acordo com o responsável, para dinamizar o desenvolvimento do Moxico, uma vez que a circunscrição apresenta características climáticas propícias para a produção agrícola e pecuária.
Para tal, disse, é preciso o engajamento da participação dos empresários para produção em grande escala da mandioca, milho, massambala, batata doce e outras culturas que a província oferece.
Actualmente com perto de um milhão de habitantes, a província foi elevada à esta categoria a 15 de Setembro de 1917, por via do Decreto 3365, contando com nove municípios, nomeadamente Alto Zambeze, Bundas, Camanongue, Léua, Luacano, Luau, Luchazes, Cameia e Moxico.
Moxico é limitada, a norte, pela província da Lunda Sul e pela República Democrática do Congo (RDC), a leste, pela República Zâmbia, a sul e ao oeste pelas províncias do Cuando-Cubango e Bié, respectivamente. MT/TC/YD