Oitenta por cento da dívida da Sécil Marítima provém dos catamarãs

     Economia           
  • Luanda     Terça, 20 Julho De 2021    19h27  
transportes marítimos
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Pedro Parente

Luanda – Cerca de cinquenta milhões de dólares é o montante global da dívida certificada da Sécil Marítima S. A, 80% do qual resultante da operacionalização dos “catamarãs”, pela empresa de Transportes Marítimos de Angola (TMA).

Em entrevista à ANGOP, a propósito da retoma dos serviços de cabotagem no país, o administrador para Administração e Finanças da instituição, João Martins, esclareceu que esse valor corresponde à dívida certificada (iniciou há 20 anos) até 31 de Março do corrente ano.

“As dívidas da empresa começaram a ser constituídas por volta de 2002, após a Sécil perder a concessão dos terminais, por volta de 2001, ficando sem condições de pagar salários aos funcionários uma vez que a receita própria era paliativa”, considerou.

Essa incapacidade financeira, explicou, é resultante - em grande parte - de actividades conexas como a gestão imobiliária do prédio onde se encontra a sua sede, a agência de viagens e restaurante, terminada em 2011.

De acordo com o também actual presidente interino do Conselho de Administração (PCA), com isso, a empresa perdeu capacidade para suportar todos os trabalhadores inactivos que continuaram como efectivos, mesmo com a actividade descontinuada.

Desde 2017, a Sécil conseguiu autonomia, com a actualização do seu capital social, de acordo com os estatutos aprovado no Decreto Presidencial n.º 04/06, financiada por diversos agentes estatais maioritariamente sectoriais, sob forma de empréstimos, no período em que “herdou” os activos e passivos do TMA.

Aliados aos 80% da dívida imputados aos serviços dos catamarãs, sublinhou o gestor, estão outros 20 por cento correspondentes aos ordenados dos colaboradores. “Apesar de estipulado nos seus estatutos, o capital social nunca foi subscrito e realizado (…..), resumiu.

João Martins explicou que o perdão total das dívidas com entidades públicas ou a sua transformação em prestações suplementares do accionista Estado para respectiva regularização, ainda não ocorreu para saldar as dívidas”, salientou.

Esta regularização dos saldos mencionados, segue o responsável, permitirá reforçar os capitais próprios da empresa, o que aumentaria a capacidade creditícia junto de potenciais futuros investidores e/ou financiadores.

“Neste momento, e tendo em atenção os quatro catamarãs de passageiros e o ferryboat misto (para carga e passageiros), a maior preocupação agora é a criação de condições para o arranque da cabotagem”, adiantou.

Com isso, prosseguiu o PCA interino, pretende-se diversificar a futura carteira de negócios e clientes da empresa, através da expansão comercial para novos mercados, mitigando quaisquer riscos de concentração de parceiros.

Segundo o gestor, a Sécil tem consciência do longo caminho a percorrer no quadro interno, nomeadamente a criação de um regime especial que permita o desenvolvimento da cabotagem marítima de carga no País.

“Só será possível por via de um mercado mais competitivo e que possibilite a implementação de uma operação de cabotagem marítima de passageiros assente em pressupostos de mercado”, enfatizou o gestor.

Neste momento a Sécil não possui embarcações de carga de longo curso, sendo que a empresa sobrevive do segmento de logística, transportando cargas para Angola em parceria com dois operadores chineses – a “Sinotrans” e a “Comtrans”.

Ainda sobre a situação actual e perspectivas, o administrador disse que a empresa conseguiu fidelizar cerca de 13 clientes principais, maioritariamente chinesas no ramo da Construção Civil e que estão a trabalhar em projectos do Governo, inseridos na Linha de Crédito da China (LCC).

“Também transportamos cargas de projectos do Governo, incluindo do Ministério dos Transportes, tais como locomotivas para os Caminhos de Ferro de Luanda, de Benguela e do Namibe; autocarros para os transportes públicos; e cargas de projectos de energias da EDEL, dentre outros”, reforçou.

A Sécil Marítima tem neste momento 57 trabalhadores, tendo recrutado, recentemente, cerca de 91 técnicos, entre tripulantes e pessoal afecto aos serviços de apoio, para preenchimento de vagas para a actividade de cabotagem que está prevista para o último trimestre de 2021.

 





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