Perda do poder de compra dilata “stocks” de bebidas

     Economia           
  • Luanda     Terça, 29 Dezembro De 2020    12h54  
LINHA DE PRODUÇÃO DE BEBIDAS ESPIRITUOSAS DA REFRIANGO
LINHA DE PRODUÇÃO DE BEBIDAS ESPIRITUOSAS DA REFRIANGO
GASPAR DOS SANTOS

Luanda - O baixo poder de compra do consumidor, considerado de "muito acentuado", está a dificultar as operações da Associação das Indústrias de Bebidas de Angola (AIBA), que tem elevados stocks de produtos a espera de compradores.

De acordo com o seu presidente, Manuel Sumbula, em declarações à ANGOP, a Associação depara-se com os armazéns lotados de produtos para venda, mesmo estando em quadra festiva, neste período atípico imposto pela Covid-19.  

"O problema não está na capacidade de produção, mas sim na quebra do poder de compra do consumidor. Os nossos armazéns, hoje, estão lotados de produtos para venda, uma situação que até já dificulta as nossas operações", afirmou o responsável. 

Sem avançar as quantidades de bebidas a espera de compradores, desde água de mesa, refrigerantes e cervejas, Manuel Sumbula lembra os  períodos similares, de quadra festiva, cujas vendas eram elevadas.  

Dados sobre a produção de alguns bens, do primeiro ao terceiro trimestre, deste ano, extraídos da Pesquisa da Produção Industrial de Angola (PPIAM), apontam que no campo da indústria de bebidas, como cervejas, sumos, água de mesa e refrigerantes, a produção teve pouca variação de Janeiro a Setembro.  

Quanto à produção de cervejas, observou-se um ligeiro aumento,   passando de um milhão 463 mil e 777,80 hectolitros, no primeiro trimestre, para um milhão 526 mil e 947, 97 (no segundo), e um milhão 943 mil e 8, 53 hectolitros no terceiro.  

De Janeiro a Setembro, a indústria de cervejas produziu quatro milhões 933 mil e 734,30 hectolitros, dos 17 milhões 445 mil e 900 hectolitros da capacidade instalada/ano.

A produção da indústria  de água de mesa, neste mesmo período, fixou-se em três milhões 870 mil e 195,6 hectolitros face aos 11 milhões 464 mil e 139 hectolitros de capacidade/ano de produção.

Os sumos, com uma capacidade de três milhões 306 mil e 340 hectolitros, viram a produção a atingir 162 mil e 188,49 hectolitros, no primeiro trimestre, 126 mil e 909,89 (no segundo), e 114 mil e 80,79 hectolitros, no terceiro trimestre, tendo uma produção acumulada de 403 mil e 178,33 hectolitros.

Nos refrigerantes, a queda foi um pouco mais expressiva,  saindo de 771 mil e 712,87 hectolitros, no primeiro trimestre, para 431 mil 675,20, no segundo trimestre, e recuperando ligeiramente no terceiro trimestre, para 569 mil e 247,94 hectolitros.

AIBA reage à redução do IEC

O presidente da AIBA, Manuel Sumbula, manifesta a sua satisfação com a recente aprovação da redução do Imposto Especial de Consumo (IEC), em sede do Conselho de Ministro. 

O Governo angolano propôs o desagravamento do Imposto Especial de Consumo (IEC), para o sector das bebidas, que prevê passar de 25 por cento para 8% os refrigerantes e 11% para as cervejas e sidras.

Até à data, há uma taxa geral do IEC de 25 por cento para a generalidade das bebidas, que se considera objecto de tributação, entretanto, considerada alta para os produtores do sector.

Entretanto, o Executivo está a propor a redução dos refrigerantes para 8 por cento, as cervejas e sidras 11% ,  enquanto os vinhos terão uma baixa de 15%  e os destilados e espirituosas de 21%. 

Tal redução, há muito esperada pela classe empresarial, vem trazer um "pouco mais de oxigénio" ao sector que, actualmente, atravessa um momento extremamente difícil, de acordo com Manuel Sumbula.

"A nossa expectativa é que o diploma, que agora segue para o Parlamento, seja, igualmente, aprovado e publicado, o mais rapidamente possível, preferencialmente já durante o mês de Janeiro de 2021", augura o empresário.  

Mas ainda assim, para a reactivação das linhas, actualmente, paralisadas, a AIBA diz que não depende única e exclusivamente da redução do IEC.  

O empresário aponta outros factores que concorrem negativamente para estas questões, como a perda do poder de compra da população, que é bastante acentuada; a concorrência desleal que tem prejudicado, sobremaneira, as empresas associadas da AIBA; e a desvalorização da moeda, dentre outros.  

 





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