Pesca artesanal contribui para o combate à fome

     Economia           
  • Luanda     Segunda, 07 Novembro De 2022    11h39  
Embarcação de pesca (Foto ilustração)
Embarcação de pesca (Foto ilustração)
Joaquim Tomás

Ramiros - A pesca artesanal marítima e fluvial, no município de Belas, tem contribuído para o combate à fome e pobreza, dado ao engajamento dos pescadores e comerciantes deste bem, afirmou o director municipal da Agricultura, Pecuária e Pesca desta região de Luanda, Miji Txibuila

Nesta região da costa marítima de Luanda, são controlados 180 armadores em oito cooperativas, que anualmente capturam mais de 100 toneladas de peixe, com realce para as espécies tainha, macua, barbudo, corvina, carapau.

O director municipal da Agricultura, Pecuária e Pesca em Belas, Miji Txibuila, disse à Angop que a pesca emprega 25 vezes mais pessoas do que a pesca industrial, além de cerca de 80 por cento dos trabalhadores serem mulheres ligadas, na sua maioria, ao comércio e processamento do pescado.

 “ A vida do pescador artesanal é dura e arriscada. Antes mesmo do sol nascer, muitos já pegaram nas suas chatas para se aventurarem no mar. A hora da volta nunca se sabe, tudo porque muitas das vezes os pescadores são surpreendidos pelas fortes correntes ou outros problemas no alto mar”, sublinhou o mestres Valdimir Neto, tripulante de uma embarcação de nove metros e sete pescadores a bordo.   

De acordo com o mestre, na actividade de pesca, nem todos os dias são santos.

“ Há dois dias que o grupo não consegue capturar peixe. Ontem, por exemplo, só conseguimos duas bacias com carapinha e tainha que serviu  para o consumo interno”, explicou.

Seu colega de profissão, identificado por Cassinda, conta que a embarcação tem dono e quando a captura é pouca o peixe é dividido entre os trabalhadores e a outra metade vende-se.

Apesar de ser uma actividade dura, fez saber que, num dia de trabalho, pode-se "facturar qualquer coisa como 50 mil kwanzas, conforme o tipo de pescado capturado. Agora, temos dias que a venda do peixe é muito baixa ”.               

                                                                PESCA ILEGAL E RISCOS

Entretanto, o director municipal da Agricultura, Pecuária e Pesca, Miji Txibuila, referiu que existe na região mais de 100 embarcações da categoria, que exercem actividade de forma ilegal, sem os pagamentos anuais de licenças.

Os mesmos, apontou, fazem-se ao mar sem as mínimas condições de segurança como coletes salva-vidas, bóias e bússolas.

Mestre Cassule tem 20 anos de mar, já viveu uma aventura que por pouco lhe custou a vida, há três anos,  na companhia de outros marinheiros, rumou ao mar, numa altura em que o tempo estava péssimo para pesca.

“Como já estávamos há algum tempo sem pescar, resolvemos enfrentar a correnteza. Sorte nossa foi o facto de não estarmos muito distantes da costa. Fomos atacados por uma catela (onda forte) e a chata abriu-se ao meio”, contou o mestre, referindo que um dos integrantes da embarcação não sabia nadar e teve de ser transportado às costas.

“Tivemos de nadar 30 minutos ou mais até chegar a terra”, explicou.

Um especialista de navegação marítima,Joao Castelo Branco, defendeu a necessidade de uma maior fiscalização, bem como da adaptação de um sistema electrónico de monitorização das embarcações artesanais, no sentido de garantir segurança aos pescadores, em caso de perigo, serem socorridos imediatamente. 

Este sistema, acrescentou, permite que o pescador tenha dois dispositivos, sendo um móvel, preso ao colecte de cada membro da tripulação e outro na embarcação.     

Com mais de 700 mil habitantes, fazem parte do município de Belas a comuna da Barra do Cuanza e os distritos dos Ramiros, Kilamba, Quenguela, Cabolombo, Morro dos Veados, Vila Verde e Ramiros.

O município está limitado pelo Oceano Atlântico, Rio Kwanza e os municípios de Viana e Talatona.

      

 





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