Porto do Lobito regista redução substancial dos custos com o pessoal

     Economia           
  • Benguela     Quarta, 20 Março De 2024    13h39  
PCA do Porto do Lobito, Celso Rosas
PCA do Porto do Lobito, Celso Rosas
Nelson Malamba

Lobito - O Porto do Lobito reduziu em sessenta por cento os seus custos com os trabalhadores, em função da sua transformação em Porto Senhorio, afirmou, esta quarta-feira, o seu Presidente do Conselho de Administração.

Fruto dessa transformação, foram transferidos 858 trabalhadores para dois consórcios, sendo 128 para o Lobito Atlantic Railway, que gere o terminal mineraleiro, e 730 para o Africa Global Logistics, que tem o cais polivalente (carga geral e contentorizada) sob sua responsabilidade.

Segundo Celso Rosas, que falava à ANGOP, esses custos estavam relacionados com salários, assistência médica e medicamentosa, cesta básica, formação e outras despesas.

O gestor disse que, apesar disso, também registou-se um decréscimo das receitas na mesma proporção ou um pouco mais.

"A empresa deixa de ter um custo elevado com o pessoal e poderá, com efeito, investir mais no desenvolvimento das infra-estruturas portuárias", afirmou.

O PCA assegurou que o processo de transferência foi conduzido com transparência, sapiência e lisura por parte do Conselho de Administração da empresa,  com informações claras do processo em si, em assembleias de trabalhadores ou com os seus representantes da Comissão Sindical.

Sobre as cláusulas do acordo com maior impacto, Celso Rosas destacou a que assegura as condições de transferência e garante a continuidade dos postos de trabalho e remunerações (declaração de rendimento assinada pelos trabalhadores).

Quanto à entrada em funcionamento dos consórcios, confirmou as operações no terminal polivalente, enquanto que no mineraleiro disse estarem para breve.

Lembrou que, a 31 de Dezembro de 2023, registou-se a entrada de um comboio para a operação do primeiro carregamento experimental de minério de cobre, vindo da República Democrática do Congo (RDC), no âmbito da concessão dos serviços ferroviários e da logistica de suporte ao Corredor do Lobito.

Questionado sobre o valor que o Porto arrecada mensalmente com os dois consórcios, disse apenas que a empresa receberá uma renda fixa, que tem a ver com o aluguer das instalações, e uma renda variável, que dependerá do volume do tráfego mensal.

"Com estas concessões, o Executivo angolano, de forma geral, espera dinamizar a produtividade dos terminais e contribuir para o crescimento sustentável da região", considerou.

De acordo com o PCA, as empresas concessionárias, durante o período de gestão, realizarão investimentos significativos no que concerne aos equipamentos, infra-estruturas e formação de pessoal, estando salvaguardado o emprego, bem como os direitos dos trabalhadores.

Durante a conversa tocou-se também no assunto das dívidas, tanto do Porto para com os seus fornecedores, assim como a dos seus clientes.

Sobre este aspecto, informou que o seu Conselho de Administração continua preocupado com a amortização da dívida contraída, visto que existe um plano de pagamento mensal e "o compromisso é de manter as boas relações com os parceiros".

"Daí que que o CA vai procurar maximixar e optimizar o seu património, com vista a gerar novos negócios rentáveis, à luz do nosso Plano Director", explicou.

Referindo-se à divida dos clientes, nomeadamente entidades públicas e privadas, disse que está cifrada em trinta e dois mil, oitocentos e sessenta e três milhões, trezentos e um mil, setecentos e oitenta e três kwanzas e quarenta e oito cêntimos (32.863.301.783,48).

"Estamos empenhados na recuperação da dívida dos clientes, embora o processo não seja fácil. Temos tido resultados satisfatórios, já que aqueles com alguma complexidade foram remetidos aos órgãos de direito como o Instituto de Gestão de Activos e Participação do Estado (IGAPE), a Administração Geral Tributária (AGT) e o Ministério das Finanças, através da Unidade de Gestão da Dívida Pública (UGDP)", informou.

Falando da relação com antigos parceiros, nomeadamente os agentes de navegação, transitários, despachantes e outros, considera que "continua boa".

"Apesar de ter passado para Porto Senhorio, a empresa não vai deixar de interagir com os seus clientes e parceiros, porque faz parte dos nossos valores, a prestação de serviços de qualidade e também a colaboração activa com os mesmos", sublinhou.

Celso Rosas afirmou ainda que a empresa tem tido contactos com outros Portos Senhorios para obtenção de experiência, como por exemplo o de Luanda e outros a nível internacional. TC/CRB 

 

 


 





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