Agricultura mecanizada cobre apenas 5% da produção nacional

     Economia           
  • Malanje     Sábado, 03 Julho De 2021    19h50  
Grande parte dos camponeses e agricultores ainda usam enxadas e arado puxado pelo boi
Grande parte dos camponeses e agricultores ainda usam enxadas e arado puxado pelo boi
ANGOP

Malanje - O director-geral do Instituto de Desenvolvimento Agrário (IDA), David Tunga, declarou, nessa sexta-feira, que a preparação mecanizada no País está aquém do esperado por ocupar a última posição, isto é, cinco por cento do total da produção nacional.

Em declarações à Angop, o responsável precisou que a preparação manual ocupa o primeiro lugar com 70 por cento da produção nacional, ao passo que a de tracção animal está em segundo com 25 por cento, razão pela qual, urge a necessidade de se inverter o actual quadro.

Fez saber que o país conta com cerca de três milhões de famílias camponesas engajadas na produção de hortícolas, leguminosas, oleaginosas, tubérculos e raízes, que contribuem com 88 por cento dos alimentos consumidos em Angola.

Portanto, disse ser importante que se invista mais na agricultura familiar “Suporte da alimentação angolana”, tendo em conta, que em virtude da pandemia, muitos países deixaram de importar bens e Angola continua alimentar a sua população com recurso à produção nacional.

Segundo ele, o governo está a intervir na reparação das redes viárias, sobretudo a secundária e terciária do País, com vista a comercialização e processamento da produção, visando dar uma resposta cabal à situação da fome e da pobreza que se vive.

Realçou a necessidade de se investir no domínio de fruteiras e da retoma da preparação de terras em blocos culturais com 100 a 500 hectares para que dentro destes espaços se faça a distribuição de parcelas de dois a quatro hectares para cada família produzir frutas, que vão actuar como um produto de renda para as mesmas, visando fazer face à insuficiência de produção de cereais e de leguminosas.

Por outro, fez saber que Angola possui apenas quarto empresas que produzem sementes de milho e de feijão, e para satisfazer as necessidades, o país recorre às importações. Daí que precisa-se identificar e trabalhar com os multiplicadores ao nível das províncias para a distribuição de material vegetativo.

“Temos que alavancar a produção e a multiplicação de sementes no país, dando capacidade aos produtores destas empresas que deverão actuar no mercado como os maiores pivôs e a sua volta, gravitar uma rede de multiplicadores de sementes, incluindo as comunidades”, frisou.

De acordo com a fonte, os Institutos de Investigação Agronómica (IIA), de Desenvolvimento Agrícola (IDA), o de Cereais e o Serviço Nacional de Sementes devem desenvolver um papel crucial no que toca ao fornecimento de sementes básicas aos multiplicadores e a sua certificação.

Em face disso, acrescentou que os multiplicadores de sementes precisam de ser apoiados financeiramente e os bancos têm que jogar o seu papel, concedendo créditos.

No que toca aos fertilizantes, David Tunga afirmou que o País não possui nenhuma fábrica destes produtos, considerados insumos importantes para o aumento da produção.

E, para se sair desta situação, disse que há necessidade de se montar em médio prazo, fábricas misturadoras de fertilizantes para não depender das importações do adubo MPK 24.12 que o país consome.

Disse que os solos de Angola na sua maior parte enfrentam problemas de acidez e os técnicos do IDA vão intervencionar, para a sua correcção com a incorporação do calcário dolomítico.

Noutra vertente, avançou que devido a intermitências das chuvas, há toda necessidade de se apostar na construção de represas, valas de regadio, criação de reservatórios superficiais para a sustentabilidade a produção familiar.

Para tal, disse, está em curso a construção de 13 valas de regadio nas provinciais do Bié e Huambo, cuja iniciativa será expandida para as outras regiões, com maior realce para as províncias do Cunene, Cuando Cubango, Huíla, Namibe e Benguela.

O director mostrou-se satisfeito com o trabalho desenvolvido pelo projecto Mosap II, em formar mais de dois mil 400 facilitares, 270 técnicos mestres, que actuam em mais de cinco mil escolas de campo das provinciais do Bié, Malanje e Huambo.

Disse estar em curso um projecto de reforço de resiliência das famílias da agricultura familiar das províncias do Uíge, Bengo, Cuanza Norte, Zaire, Namibe, Cunene e Benguela cujo projecto está orçado em cerca 150 milhões de dólares (96 mil milhões de kwanzas), será desenvolvido por técnicos do Mosap II.





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