Primeiras centrais de energia solar em Angola entram em operação em Julho

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  • Benguela     Sexta, 27 Maio De 2022    22h25  
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Central fotovoltaica (Foto ilustração)
Central fotovoltaica (Foto ilustração)
José Cachiva - Angop
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Ministro da Energia e Águas, João Baptista Borges
Ministro da Energia e Águas, João Baptista Borges
Valentino Yequenha

Benguela – A partir de Julho próximo, Angola entra na lista de países produtores de energia solar em África, com o início da operação das duas primeiras centrais fotovoltaicas de 285 megawatts (MW), na província de Benguela.

Os dois projectos de energia fotovoltaica, num investimento acima dos 300 milhões de Euros, foram adjudicados, em Março de 2021, nas localidades do Biópio e da Baía Farta, em Benguela, à construtora portuguesa MCA, no quadro da estratégia do Governo de produzir uma energia limpa e barata que pode ajudar a reverter os efeitos das mudanças climáticas.

Com uma potência total instalada prevista de 188, 8 megawatts de energia eléctrica, o suficiente para abastecer mais de um milhão de pessoas, a central fotovoltaica da comuna do Biópio, município da Catumbela, é o maior projecto de energia solar em Angola e totaliza 509 mil e 40 painéis solares.

A segunda central de energia solar, que deverá também entrar em operação em Julho, gerando 96 megawatts de potência para a rede eléctrica nacional, para beneficiar meio milhão de consumidores, está a ser construída nos arredores da vila municipal da Baía Farta, numa área de 186 hectares e contará com 261 mil e 360 módulos solares.

Quanto ao estado de execução dos projectos, o ministro da Energia e Águas, João Baptista Borges, reconhece que as obras conheceram um desenvolvimento significativo, daí que a expectativa do Governo seja a de inaugurar os parques fotovoltaicos do Biópio e da Baía Farta já em Julho próximo.

Com isso, Angola terá este ano, pela primeira vez na história, energia eléctrica de fonte renovável (solar), o que, segundo o ministro João Baptista Borges, representa uma inovação que vai diversificar a matriz energética e tornar o sistema mais consistente.

Energia limpa compromisso do Governo

O ministro lembrou que o Presidente da República, João Lourenço, assumiu, na Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP26), realizada em Novembro de 2021, em Glasgow, Reino Unido, o compromisso de mais investimentos públicos em projectos relacionados com a transição energética em Angola.

Por isso, a matriz energética do país terá 72 por cento de energia limpa e com zero emissões de carbono, no sentido de eliminar gradualmente a produção diesel, isto é, substituir a produção de energia na base de geradores em muitas partes do país.

No caso concreto das duas centrais, aponta que, embora Benguela seja a grande beneficiária, a capacidade de mais de 200 MW permitirá electrificar mais áreas, uma vez que essa energia nova entrará no sistema eléctrico nacional e qualquer província do país poderá beneficiar, desde que esteja conectada à rede.

“Esse acréscimo no sistema eléctrico vai permitir que mais pessoas possam ter acesso à electricidade, muitas delas pela primeira vez e, a partir de uma fonte limpa”, enfatizou, destacando a importância desses projectos para o alcance da meta de “descarbonizar” a indústria e economia angolanas, assegurando um ambiente mais sustentável para as próximas gerações.

Dada à irregularidade das chuvas no país, o ministro diz que a energia fotovoltaica tem um papel muito importante, de maneira a criar sempre uma resiliência em termos de capacidade para fazer face aos efeitos das alterações climáticas.

Leste do país próximo passo

O plano das autoridades prevê que, até meados de Junho, seja lançada a primeira pedra para os projectos de energia solar, nas localidades de Saurimo (Lunda Sul), Lucapa (Lunda Norte) e Luena (Moxico), com cerca de 74 MW previstos.

Por seu lado, os municípios do Bailundo (Huambo) e Cuito (Bié), por já estarem a receber energia da rede eléctrica nacional, serão abrangidos depois.

Contudo, o ministro assumiu como prioridade os parques solares do Leste do país, cujas obras serão executadas a partir de Junho, com a previsão de conclusão para finais do ano em curso.

A ANGOP sabe que a meta do Governo é construir sete centrais de energia solar fotovoltaica, nas províncias de Benguela, com duas, Bié, Huambo, Moxico, Lunda Sul e Lunda Norte, totalizando 370 megawatts (MW) de capacidade instalada, num investimento superior a 500 milhões de Euros, financiados pela Agência de Promoção de Exportações da Suécia (SEK).

Desta forma, Angola juntar-se-á a países africanos, com tradição na produção de energia solar, como Quénia, África do Sul, Argélia, Gana, Marrocos, entre outros.

A nível da despesa pública, a produção de energia eléctrica através centrais solares terá como impacto a poupança de cerca de um milhão e 400 mil litros de combustível diariamente.

Hoje, estima-se que 60 milhões de pessoas usam energia solar como fonte de electricidade em África, um continente onde quase 87% das pessoas de baixa renda que vivem nas áreas rurais subsaariana não têm acesso à electricidade.

 





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