Benguela – A produção de trigo em grande escala na comuna da Chicuma, município da Ganda, na província de Benguela, tem assegurado o retorno financeiro para as três mil e 500 famílias camponesas seleccionadas pelo projecto, soube a ANGOP.
Iniciativa da empresa Royal Empire, num investimento inicial de 1, 5 mil milhões de kwanzas financiados pelos fundos de Apoio ao Desenvolvimento Agrário (FADA) e de Garantia de Crédito (FGC), este projecto deve atingir o pico de 73 mil toneladas em quatro anos, numa área acima de 20 mil hectares de terras aráveis na comuna da Chicuma.
Segundo o director do Gabinete responsável pelos sectores da Agricultura, Pecuária e Pescas, em Benguela, José Gomes da Silva, prevê-se uma receita média líquida por família de cerca de três milhões de kwanzas, com a implementação deste projecto de fomento à produção de trigo.
Com isso, perspectiva a melhoria das condições de vida das famílias camponesas e pequenos produtores envolvidos no processo produtivo, tendo em vista o desenvolvimento socioeconómico daquela localidade.
José Gomes da Silva salientou que empoderar a agricultura familiar é hoje o grande foco do Governo Provincial de Benguela, acrescentando que o projecto de produção de trigo vai integrar mais de três mil famílias camponesas da Chicuma.
Para o efeito, deu a conhecer que estes pequenos produtores serão beneficiados com imputes, sementes e fertilizantes, além de acompanhamento técnico, para poderem produzir sem dificuldades, com vista ao alcance das metas previstas.
Equipamentos
Deu garantias de que a Royal Empire irá fornecer aos agricultores familiares toda uma gama de equipamentos que tanta falta fazem ao campo, como motocultivadores, máquinas de colheitas e descasque de trigo, visando impulsionar a produção.
Em vez de fábricas de descasque, José Gomes da Silva ressaltou que as pequenas unidades são mais rentáveis e fáceis de manusear, face ao volume da produção esperado.
Também notou que a produção será sistema de sequeiro, ou seja, dependente da chuva, tendo em conta as condições climáticas propícias da Chicuma.
Relativamente ao escoamento da produção, o responsável disse que a Royal Empire e o Governo de Benguela vão gizar estratégias que facilitem este processo, tendo em vista a comercialização do produto para proporcionar renda às famílias camponesas.
Porém, adiantou que essas famílias seleccionadas deverão vender apenas o produto a uma certa entidade indicada pelo promotor do projecto, o que, a seu ver, garante retorno de capital.
Regresso aos tempos áureos
José Gomes da Silva lembra que, nos anos 1973, Angola produzia arroz, trigo, milho em grande escala e nunca importou esses cereais, porque tinha auto-suficiência alimentar.
O objectivo do Executivo, referiu, é produzir ao máximo para quebrar essa tendência, “porque vivemos das importações e isso não nos leva a lado nenhum, quando temos todas as condições para produzir no país”.
Todavia, assevera que não é só Benguela que abraçou a produção nacional, mas também as outras províncias estão com essa preocupação, de tal modo que se possa satisfazer as necessidades da população.
O director da Agricultura na província de Benguela acredita que, quando o projecto atingir o pico, em quatro anos, vai contribuir sobremaneira na redução do preço da farinha de trigo no mercado nacional.
“Então, agora é só arranjar condições para voltar aos tempos áureos”, referiu, contando que o processo de cadastramento no terreno já abrangeu, até ao momento, 2.500 famílias, faltando apenas mil para completar o processo.
Entretanto, garante o arranque da produção massiva de trigo até Setembro deste ano, sendo que o Ministério da Agricultura e Florestas irá apoiar o projecto com sementes, que serão distribuídas às famílias camponesas.
Refira-se que as primeiras experiências feitas com a produção de trigo envolveram perto de seis mil famílias na Chicuma, resultando numa safra de cerca de nove mil toneladas de trigo.
Visando tornar a Chicuma referência nacional na produção de trigo, este projecto foi já apresentado este mês no município da Ganda e deverá criar 13 mil postos de trabalhos directos. JH/CRB