Quiculungo – Setecentas e 50 toneladas de café mabuba da variedade robusta serão colhidas na presente safra, na província do Cuanza Norte, ultrapassando as previsões que indicavam uma colheita na ordem das 600 toneladas.
A campanha da colheita do corrente ano, aberta sexta-feira, na fazenda São João, no município do Quiculungo, acontece num momento em que se regista nos últimos dois anos o aumento da procura do produto pelos compradores.
Esse factor, aliado ao aumento do preço nos últimos quatro anos, que passou de 60 para 300 kwanzas o quilo, está a incentivar os cafeicultores a aumentarem os níveis de produção do bago vermelho.
Segundo o chefe do Departamento Provincial do Cuanza Norte do Instituto Nacional do Café de Angola (INCA), Costa Neto, nos últimos quatro anos a produção local tem sido animadora, o que satisfaz as autoridades da província.
Afirmou que no ano passado à província tinha perspectivado a colheita de 550 toneladas.
Esta previsão foi ultrapassada pela safra alcançada pelos produtores de 650 toneladas nesse mesmo ano.
Entretanto, a idade dos cafeicultores, a maioria acima dos 65 anos, está a tornar-se num obstáculo à prática da cafeicultura.
Numa mensagem lida no acto de abertura da campanha de colheita, o representante dos produtores, Titino Tito Moreira, pediu ao Governo para adoptar medidas que incentivem a juventude a envolver-se na produção de café.
Definiu ainda como factores críticos à produção a falta de crédito aos produtores, falta de máquinas de descasques e mau estado das vias de acesso.
O governador do Cuanza Norte, Adriano Mendes de Carvalho, que orientou o acto de abertura da colheita, reconheceu que o índice de produção do café na província ainda é baixo devido a vários factores, dentre os quais a falta de financiamentos e de meios de produção.
Reiterou a aposta do Governo no fomento da produção do café e na melhoria da qualidade do produto, para alavancar o desenvolvimento económico da região.
Fez saber que as dificuldades vividas pelos cafeicultores são do domínio público, contudo, assegurou que o Governo do Cuanza Norte, no âmbito da dinâmica de reestruturação da cultura do café está a trabalhar com as comunidades para voltar a alcançar os níveis de produção do passado.
Sublinhou que, neste sentido, todo o esforço está a ser feito para a materialização deste plano, com acções de formação dos produtores, remoção dos obstáculos à legalização das cooperativas e outros procedimentos administrativos para facilitar o acesso ao crédito, no âmbito do Prodesi e intensificar a produção do café.
O governo da provincia distribuiu, na presente campanha agrícola, 20 mil mudas de café a 20 cafeicultores dos municípios de Ambaca, Cazengo, Golungo Alto, Samba Caju e Banga, no âmbito do incentivo ao aumento da produção.
O café no Cuanza Norte é cultivado em sete dos 10 municípios, designadamente, Ambaca, Cazengo, Banga, Bolongongo, Quiculungo, Golungo Alto e Ngonguembo.
O INCA, na província, controla actualmente 650 produtores familiares, em plena actividade, explorando em média oito a 20 hectares.
Na realidade, por incapacidade técnica e financeira, apenas dois a quatro hectares são explorados por cada um dos cafeicultores, dos cerca de cinco mil 375 disponíveis para cultivo, em toda a região.
A província do Cuanza Norte já foi o segundo maior produtor nacional na década de 70, período em que atingiu perto de mais de 54 mil toneladas por safra.
Actualmente, a produção oscila entre 500 a 800 toneladas/ano.