Produtores do Cuanza Norte perspectivam colheita de mais de 700 toneladas de café

     Economia           
  • Cuanza Norte     Sábado, 02 Julho De 2022    17h34  
Governador do Cuanza Norte, Adrino Mendes de Carvalho, na abertura da colheita de Café
Governador do Cuanza Norte, Adrino Mendes de Carvalho, na abertura da colheita de Café
Diniz Simão

Quiculungo – Setecentas e 50 toneladas de café mabuba da variedade robusta serão colhidas na presente safra, na província do Cuanza Norte, ultrapassando as previsões que indicavam uma colheita na ordem das 600 toneladas.

A campanha da colheita do corrente ano, aberta sexta-feira, na fazenda São João, no município do Quiculungo, acontece num momento em que se regista nos últimos dois anos o aumento da procura do produto pelos compradores.

Esse factor, aliado ao aumento do preço nos últimos quatro anos, que passou de 60 para 300 kwanzas o quilo, está a incentivar os cafeicultores a aumentarem os níveis de produção do bago vermelho.

Segundo o chefe do Departamento Provincial do Cuanza Norte do Instituto Nacional do Café de Angola (INCA), Costa Neto, nos últimos quatro anos a produção local tem sido animadora, o que satisfaz as autoridades da província.

Afirmou que no ano passado à província tinha perspectivado a colheita de 550 toneladas.

Esta previsão foi ultrapassada pela safra alcançada pelos produtores de 650 toneladas nesse mesmo ano.

Entretanto, a idade dos cafeicultores, a maioria acima dos 65 anos, está a tornar-se num obstáculo à prática da cafeicultura.

Numa mensagem lida no acto de abertura da campanha de colheita, o representante dos produtores, Titino Tito Moreira, pediu ao Governo para adoptar medidas que incentivem a juventude a envolver-se na produção de café.

 Definiu ainda como factores críticos à produção a falta de crédito aos produtores, falta de máquinas de descasques e mau estado das vias de acesso.

O governador do Cuanza Norte, Adriano Mendes de Carvalho, que orientou o acto de abertura da colheita, reconheceu que o índice de produção do café na província ainda é baixo devido a vários factores, dentre os quais a falta de financiamentos e de meios de produção.

Reiterou a aposta do Governo no fomento da produção do café e na melhoria da qualidade do produto, para alavancar o desenvolvimento económico da região.

Fez saber que as dificuldades vividas pelos cafeicultores são do domínio público, contudo, assegurou que o Governo do Cuanza Norte, no âmbito da dinâmica de reestruturação da cultura do café está a trabalhar com as comunidades para voltar a alcançar os níveis de produção do passado.

Sublinhou que, neste sentido, todo o esforço está a ser feito para a materialização deste plano, com acções de formação dos produtores, remoção dos obstáculos à legalização das cooperativas e outros procedimentos administrativos para facilitar o acesso ao crédito, no âmbito do Prodesi e intensificar a produção do café.

O governo da provincia distribuiu, na presente campanha agrícola, 20 mil mudas de café a 20 cafeicultores dos municípios de Ambaca, Cazengo, Golungo Alto, Samba Caju e Banga, no âmbito do incentivo ao aumento da produção.

O café no Cuanza Norte é cultivado em sete dos 10 municípios, designadamente, Ambaca, Cazengo, Banga, Bolongongo, Quiculungo, Golungo Alto e Ngonguembo.

O INCA, na província, controla actualmente 650 produtores familiares, em plena actividade, explorando em média oito a 20 hectares.

 Na realidade, por incapacidade técnica e financeira, apenas dois a quatro hectares são explorados por cada um dos cafeicultores, dos cerca de cinco mil 375 disponíveis para cultivo, em toda a região.  

A província do Cuanza Norte já foi o segundo maior produtor nacional na década de 70, período em que atingiu perto de mais de 54 mil toneladas por safra.

Actualmente, a produção oscila entre 500 a 800 toneladas/ano.





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