Responsável defende domínio da rede comercial por nacionais

     Economia           
  • Benguela     Sábado, 11 Novembro De 2023    16h08  
Interior de um estabelecimento comercial
Interior de um estabelecimento comercial
Claúdio Neto

Benguela - O director do Gabinete Provincial de Desenvolvimento Económico Integrado de Benguela, Samuel Maleze, defendeu, nesta cidade, a inversão do domínio do comércio por expatriados, a favor do empresariado nacional.

Falando numa tertúlia com jornalistas, Samuel Maleze reconheceu que existe uma grande presença de expatriados que viram no comércio a grosso e a retalho, e pequena indústria, com destaque para as panificadoras, uma grande oportunidade para lucrar.

Comparou a postura dos comerciantes retalhistas nacionais e estrangeiros, bem como a sua prosperidade.

Segundo o director, enquanto o expatriado faz o comércio até ao último cliente, o nacional fecha a porta às 18h00, incentivando o comércio informal nas chamadas "pracinhas nocturnas".

"Eles são unidos, criaram uma rede de fornecimento de bens em todas as lojas a nível do país", assegurou.

Já a maior parte dos empresários nacionais, disse Samuel Maleze, prefere alugar as suas instalações, incluindo as licenças, o que é ilegal, ficando à espera de uma renda mensal.

Recordou, no entanto, que o Executivo tem criado mecanismos de financiamento ao empresariado angolano, através do Aviso 10, do Banco Nacional de Angola, do Plano de Acção para a Promoção da Empregabilidade (PAPE), do Fundo Activo de Capital de Risco Angolano (FACRA) e outros.

"Hoje, felizmente, já temos entidades nacionais a reentrar no negócio do pão", revelou.

Ainda neste segmento, frisou que existe um grande mercado, pois, existem municípios da província de Benguela que têm apenas uma padaria, ou mesmo nenhuma, como é o caso do Chongoroi.

Para inverter o quadro, afirmou ser necessário fazer um trabalho de sensibilização das pessoas e reorganizar a rede comercial, com forte intervenção  dos órgãos de fiscalização.

Em relação aos preços dos produtos em geral, reconheceu que estão a subir dia após dia.

"Conhecendo o fraco poder de compra dos angolanos, os expatriados vão colocando uma margem de lucro de 50 a 100 kwanzas em sintonia com os seus compatriotas, continuando numa posição confortável", considerou.

Quanto aos vizinhos congoleses que chegam ao país para comprar antecipadamente a produção de feijão, inflacionando os preços, disse que a solução passa pelos financiadores apoiarem os produtores nacionais.

"Eles alegam que compram o produto para vender na praça do 30, em Luanda, mas ultrapassam e levam até as suas fronteiras. Contudo, os órgãos do Ministério do Comércio e Indústria já estão a trabalhar no sentido de estancar este problema", explicou.

O director falou igualmente da questão do êxodo rural, onde os camponeses querem vir para as grandes cidades pensando ser o melhor espaço para se viver.

"Esquecem-se que têm terras aráveis, água e que o Governo apoia com sementes, fertilizantes e moto-bombas para o fomento agrícola", explicou.

Sobre este aspecto, deu o exemplo de jovens que vendem os seus haveres para comprar uma motorizada e fazer o trabalho de moto-táxi, visando o lucro fácil.

"A inversão deste quadro passa por olhar para a produção interna", defendeu o director. 

Samuel Maleze referiu-se também sobre a rede comercial "Nosso Super" na província, que passou para a esfera do sector privado, no âmbito do Programa de Privatizações (PROPRIV).

"A unidade do Lobito foi adquirida pela POMOBEL, enquanto que em Benguela, o concurso foi vencido por um grupo que dentro em breve vai abrir as suas portas", pontualizou.

O Gabinete Provincial de Desenvolvimento Económico Integrado é um serviço de apoio ao Governo de Benguela, que tem como tarefa, a gestão de políticas públicas no sector da Indústria, do Comércio, dos Recursos Minerais, com a componente dos derivados do petróleo, a Promoção do Emprego e Fomento Empresarial. TC/CRB 

 

 

 


 





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