Responsável destaca medidas do Governo para controlar pesca de arrasto

     Economia           
  • Benguela     Terça, 05 Março De 2024    18h40  
Embarcações de pesca (Arquivo)
Embarcações de pesca (Arquivo)
Rosário dos Santos - Angop

Benguela – O director provincial da Agricultura, Pecuária e Pescas em Benguela, José Gomes da Silva, destacou, esta terça-feira, que a paralisação da pesca de arrasto demersal entre Maio, Junho e Julho deste ano, vai contribuir para a recuperação da biomassa de algumas espécies.

Em declarações à ANGOP, o responsável enquadra a paralisação das embarcações de pesca de arrasto de espécies demersais (peixes) no leque de medidas de gestão delineadas pelo Governo, para garantir a preservação dos recursos pesqueiros.

Acredita que a interrupção temporária das embarcações que utilizam artes de arrasto demersal terá, ainda, impacto na redução do elevado esforço de pesca, que também tem sido uma das causas da escassez de peixe na costa angolana.

“Nestes últimos tempos, estamos a ver e a acompanhar os problemas de muitos pescadores, quer artesanais, quer armadores industriais”, notou, afirmando que a escassez de peixe é uma situação que preocupa não só os armadores e pescadores artesanais, mas também o Ministério das Pescas e Recursos Marinhos.

Independentemente do impacto das alterações climáticas, José Gomes da Silva avisa que o elevado esforço de pesca é um dos factores por trás da diminuição da biomassa de muitas espécies marinhas na costa angolana.

Por isso, entende que paralisar a pesca de arrasto demersal e, de seguida, a veda do carapau para as embarcações de cerco, irá contribuir para a recuperação de algumas espécies, como a sardinha e o cachucho, que escasseiam no mercado.

Apreensivo com o actual estado de coisas nas capturas, aquele responsável aponta o dedo, novamente, às alterações climáticas e ao alto esforço de pesca pela redução drástica dos níveis de biomassa nos últimos tempos, não obstante as medidas do Governo.

Entre as espécies mais populares em vias de desaparecimento, apontou a sardinha, que, a seu ver, abundava nos mares da costa benguelense, mas cuja biomassa diminuiu, segundo os especialistas do Instituto Nacional de Investigação Pesqueira e Marinha (INIP).

Porém, explicou que o INIP fará, depois, uma avaliação dos recursos e, em função dos níveis de biomassa, o Ministério das Pescas e Recursos Marinhos irá tomar outras medidas necessárias para manter a sustentabilidade dos recursos na costa angolana.  

Fiscalização

A par dessas medidas, igualmente disse ser pretensão do sector reforçar a fiscalização da actividade de pesca para controlar e desencorajar algumas práticas lesivas, que também contribuem para a diminuição da biomassa.

Na pesca artesanal, muitos pescadores praticam a pesca de banda-a-banda, uma arte praticamente de arrasto do mar para a terra, de acordo ainda com ele.

“O agravante nesse tipo de arte é que eles utilizam redes de malha muito inferior que permitem a captura de grandes quantidades de imaturos”, denunciou, reiterando o objectivo do Ministério das Pescas e Recursos Marinhos de primar por uma pesca responsável.

A seu ver, essas medidas têm que ser acauteladas e respeitadas, pois todos devem ter consciência de que o peixe é um recurso esgotável, ou seja, se não for capturado de forma responsável e sustentável “podemos cair num colapso de não haver peixe”.

Para que isto não aconteça, José Gomes da Silva apela a que todos os operadores do sector na província de Benguela arregacem as mangas, respeitando a lei dos recursos biológicos e aquáticos, e todas as medidas que advirem do Governo nesse sentido. JH/CRB 

 





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