SODMAT quer relançar produção no perímetro irrigado da Matala

     Economia           
  • Huíla     Segunda, 30 Novembro De 2020    09h50  
Grande parte dos camponeses e agricultores ainda usam enxadas e arado puxado pelo boi
Grande parte dos camponeses e agricultores ainda usam enxadas e arado puxado pelo boi
ANGOP

Lubango - A transformação da Sociedade de Desenvolvimento da Matala (SODMAT) numa instituição de utilidade pública e a aprovação da proposta da taxa de beneficiação da terra e da tarifa de água para a rega foram defendidas hoje como os principais caminhos para redinamizar a produção no perímetro irrigado, o maior do país.

Em entrevista exclusiva à Angop, para abordar a situação financeira da sociedade, o seu presidente do Conselho de Administração, Aznam e Silva, referiu que já se remeteu todo expediente desde Março deste ano às autoridades competentes, sobretudo ao Ministério das Finanças, da Agricultura e ao Governo provincial, para o seu aval, mas até ao momento ainda não recebeu nenhuma informação.  

Aznam e Silva afirmou que a aprovação de uma tarifa do consumo da água destinada à rega vai permitir que o produtor comparticipe nas despesas de manutenção do sistema afim, que actualmente é usado gratuitamente.

Acrescentou que hoje só é cobrado o contrato de acesso à terra, equivalente a 37.500 Kwanzas por hectare, com durabilidade de cinco anos, mas nem todos pagam, alegando falta de condições.

Referiu ser fundamental o investimento na reabilitação da segunda fase do canal condutor geral da Matala-Capelongo, com a construção de três estações de bombagem, as residências dos quadros em estado avançado de degradação e a conclusão das obras do laboratório de solos e seu abastecimento regular de reagentes.

A Sociedade de Desenvolvimento da Matala – S.A, que gere o perímetro irrigado da Matala, está localizada na comuna de Capelongo, na margem direita do rio Cunene, e foi criada em Fevereiro de 2006. 

Desde 2012, a empresa assume dívidas que vão se arrastando até o momento.

As despesas com o pessoal e manutenção das infra-estruturas foram sempre sustentadas por subsídios operacionais alocados pelo actual Instituto de Gestão de Activos e Participações do Estado (IGAPE), através da gestora dos perímetros irrigados de Angola, SOPIR.  

Desde de Dezembro de 2014, a SODMAT deixou de receber os subsídios operacionais e com a extinção da SOPIR, em 2018, sem fazer-se a dissolução das sociedades gestoras, o deficit acentuou-se cada vez mais, devido ao serviço da dívida de longo prazo.

Com isso deparam-se com paralisações constantes das actividades produtivas e dos serviços, com penalização de falta de salários, criando absentismo e dificuldades de gestão por parte dos responsáveis e ainda a falta de intervenções pontuais nos equipamentos que compõem o sistema de rega.

O capital circulante que sustentava a aquisição de insumos agrícolas foi sendo utilizado para garantir o funcionamento dos serviços básicos, como a manutenção do canal, silos, câmaras de frio, segurança de infra-estruturas, seguro de acidente de trabalho, combustíveis, alimentação do pessoal de guarnição entre outras.

Aquisição de viaturas para apoio aos quadros de assistência e extensão agrícola, apoio à manutenção do sistema de rega, numa extensão de 322 quilómetros, foram apontadas pelo responsável como outras necessidades da empresa.

 “Precisamos de um camião basculante e um tractor equipado para trabalho de manutenção de todo sistema de rega, assim como 15 postos de transformação e a dotação de um fundo de maneio para aquisição de sementes melhoradas para a substituição das degeneradas, reparação e substituição de equipamentos de apoio ao sistema de rega”, continuou.        

Aznam e Silva salientou que a criação de parcerias com os centros logísticos para facilitar o escoamento dos produtos produzidos no perímetro irrigado e a reactivação do parque industrial para transformar os produtos em excesso constituem também prioridades da SODMAT.

A atracção de grandes mercados, compradores e programas do Executivo para absorver a produção realizada, e a recuperação das vias de acesso para facilitar os trabalhos e a mobilidade das pessoas, são outras acções que devem ser executadas para o melhoramento do perímetro.

A sociedade conta com 98 funcionários, sem salários desde 2015, dos quais apenas 33 estão disponíveis em trabalhar no local com a situação.  

O perímetro irrigado da Matala existe já desde a época colonial, possui uma área bruta de 10 mil e 732 hectares, dos quais 6.831 destinados para exploração agrícola e 3.901 para exploração pecuária. Conta com um canal de 42 quilómetros.

Conta actualmente com 662 produtores, organizados em sete cooperativas agrícolas, que produzem anualmente 12 mil a 40 mil toneladas de produtos diversos, com destaque para a batata rena, cebola, milho e alho.





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