Sonangol aposta em energia solar no Sul do país

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  • Benguela     Quinta, 02 Junho De 2022    22h59  
Sede da Sonangol - petrolífera estatal
Sede da Sonangol - petrolífera estatal
Pedro Parente-ANGOP

Benguela - Catorze mil e 500 habitações nas localidades de Caraculo e da Quilemba, nas províncias do Namibe e da Huíla, terão acesso electricidade, com a implantação de duas centrais fotovoltaicas, numa parceria entre a Sonangol e parceiros.

Abordado no painel sobre “Transição Energética”, nas sessões técnicas que antecedem o VII Conselho Consultivo do Ministério dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás, a realizar-se sexta-feira, em Benguela, o projecto de produção de energia solar de Caraculo, região localizada a 70 quilómetros da cidade de Moçamedes, capital do Namibe, já está em curso, num investimento de 42 milhões de dólares assegurados pela Solenova, uma sociedade constituída pela Sonangol e a Eni, com 50 % do capital social, cada uma.

Segundo o presidente da Comissão Executiva da Unidade de Negócio de Gás e Energias Renováveis (UNGER), da Sonangol, Manuel Barros, o projecto da central fotovoltaica de Caraculo, no município da Bibala, terá uma capacidade total de 50 megawatts, sendo 25 MW na primeira fase e outros 25 MW na segunda etapa.

Os painéis de captação de energia solar serão instalados numa área de 33 hectares (1 hectare é igual a 10 mil metros quadrados, medida próxima à de um campo de futebol oficial, de 12 mil m2), com Manuel Barros a destacar, para já, os benefícios deste projecto que vão desde o fornecimento de electricidade a mais de sete mil casas em Caraculo, no início de 2023, até a poupança significativa de combustível diesel.

Ainda no quadro da estratégia de energias renováveis adoptada pela Sonangol, numa altura em que o país tem 60% da sua matriz energética originada de fontes hídricas e 40% termoeléctrica, o responsável aponta para o projecto de construção da segunda central fotovoltaica, na localidade da Quilemba, município do Lubango, na província da Huíla.

Embora ainda em fase de estudo, para lançamento numa área de 55 hectares, o projecto de energia fotovoltaica da Quilemba engaja três empresas, entre as quais a Sonangol e a francesa Total Energy, e terá uma capacidade de produção de até 100 megawatts, dos quais 49 MW na primeira fase.

De acordo com ele, o projecto vai fornecer energia eléctrica para mais de 7.500 residências na Quilemba, assim contribuir para uma redução significativa de emissões de gases nocivos provenientes da queima de combustíveis fósseis, como diesel na atmosfera.

“Este projecto traz grandes benefícios para o nosso país, no processo de transição energética, com impacto na redução das emissões de gases de efeito estufa”, frisou, vincando o compromisso irreversível da Sonangol no processo de transição e transformação em uma empresa de energia.

Neste âmbito, a Sonangol elege a estabilização das suas operações como um dos pilares fundamentais da petrolífera angolana, pelo que Manuel Barros diz que a “descarbonização” será feita em dois eixos fundamentais.

Produção de hidrogénio verde

Por sua vez, o director-geral do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento (CPD) da Sonangol, Vladimir Machado, apresentou a estratégia da empresa para produzir hidrogénio verde em Angola.

O terminal oceânico da Barra do Dande é o local previsto para a instalação de uma fábrica para a produção do referido composto e seus derivados, para consumo interno, na agricultura e exportação.

“O hidrogénio verde também pode ser usado no processo de refinação para melhorar a eficiência da produção de gasolina, sendo ainda um contributo para o desenvolvimento socioeconómico da Sonangol e do país em geral”, explicou.

A iniciativa está inserida na estratégia de transição energética da companhia, na busca de recursos energéticos renováveis, desenvolvida em parceria com as empresas alemãs Conjuncta GmbH e Gauff GmbH & Co. Engineering Kg, que assinaram um acordo para a implementação de uma fábrica para a produção de hidrogénio verde em Angola.

O hidrogénio verde constitui uma das fontes energéticas mais limpas e a sua produção, por via da electrólise da água, deve ser assegurada por fontes de energias renováveis.

O painel sobre “Agrominerais”, que abordou o papel da Agência Nacional de Recursos Minerais no licenciamento da actividade mineira e as rochas calcárias que podem ser utilizadas como correctivos de solos, também marcou as sessões técnicas coordenadas pelo secretário de Estado para o Petróleo e Gás, José Alexandre Barroso.

Os projectos de exploração e prospecção de fosfato em Lucunga (Zaire) e Cabinda também foram objecto de apreciação do encontro.

O ministro dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás, Diamantino Azevedo, vai orientar os trabalhos do VII Conselho Consultivo do pelouro, agendado para esta sexta-feira, no centro sócio-pastoral Dom Armando Amaral dos Santos, em Benguela, com o objectivo de apresentar o balanço das acções e resultados, no período 2017-2022.





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