Ondjiva - Os talhos da cidade de Ondjiva, sede capital da província do Cunene, registam, nos últimos tempos, escassez de carne, com particular realce para a bovina, situação que se pode estender durante a quadra festiva.
Em declaração hoje,quinta-feira, à ANGOP, os proprietários afirmaram que os estabelecimentos comerciais não dispõem de bovinos para abate, devido às dificuldades de aquisição de animais, junto dos criadores tradicionais.
O gerente do talho Pawa, José Tulengeipo, disse que têm como fonte de aquisição os criadores tradicionais, que para além de aumentar o valor da compra, muitos deles já não estão a comercializar, devido às chuvas que se fazem sentir.
Informou que no período de seca os criadores despacham os animais a preços baixos para não morrerem, mas quando existe disponibilidade de pasto e água ficam susceptíveis em vender o seu gado.
Fez saber que a cabeça de boi que custava 180 a 200 mil kwanzas, actualmente esta ser comercializada a 450 mil, dependendo do tamanho e do peso do animal.
Já o proprietário do talho ATJ, André Tchielenge, esclareceu que passam muitas dificuldades na compra de animais, porque muitos estão a comercializar na vizinha Namíbia e outros em Luanda.
Salientou que grande parte dos comerciantes da carne sai de Luanda, Huambo, Benguela e Bié para a província do Cunene, acrescentando serem pessoas com grande poder de compra e adquirirem, com facilidade quantidades de cabeças de gado.
Por este facto, afirmou que o preço do animal, que era comercializado abaixo dos 200 mil, disparou para 380 a 450 mil kwanzas, dependendo do tamanho do animal, o que não recompensa com o preço praticado localmente.
Disse que um quilograma de carne custa três mil kwanzas, de primeira e de segunda.
O gestor defende a criação, por parte da banca comercial, de um crédito específico, com taxas bonificadas para apoiar o negócio da venda de carne bovina.
O gerente do talho LBM, Alberto Chitenha, fez saber que anteriormente compra o animal a um preço acessível e havia maior oferta no mercado, mas actualmente os preços estão elevados e a venda não compensa.
Os comerciantes de cabritos e porcos vivos, do mercado da Alemanha, Miguel Shinanga e Emanuel Jorge, afirmaram haver disponibilidade de animais, mas que os preços subiram fase a época festiva.
O valor do cabrito está entre 32 a 60 mil kwanzas, dependendo do tamanho, contra os 25 do mês de Outubro, enquanto os suínos os preços variam entre 15 mil o leitão, médio 27 e os maiores 75 mil kwanzas.
Os consumidores Francisco Mwenetumba e Germana Maria lamentaram a indisponibilidade e o valor da carne, pelo que ressaltaram a necessidade dos órgãos de tutela trabalhar para garantir uma fonte mais segura de aquisição de animais e reduzir o actual preço
“As famílias estão com muita dificuldade de conseguirem carne bovina, porque os talhos estão abater apenas uma ou duas cabeças dia, o que não satisfaz a procura”, referiram.
Entretanto, o coordenador adjunto da ANIESA no Cunene, Belarmino Tumbuleni, disse que a preocupação resume-se nas balanças de peso, pois há balanças que são adulteradas, o que não corresponde o respectivo quilograma.
" Os talhos estão abrangidos nas actividades de fiscalização. Estamos a trabalhar para inspeccionar os talhos e verificar. Casos forem adulterados preços, não haverá tréguas para os incumpridores que prejudicam os consumidores, tirando proveito próprio, sob pena de incorrerem em multas", asseverou.
Os criadores tradicionais são os principais detectores de maior parte do efectivo pecuário no Cunene, com 75 porcento, e 25% em posse de fazendeiros.
Dados dos Serviços de Veterinária (SV) indica que o Cunene tem um controle efectivo de um milhão e 100 mil cabeças de gado bovino, dois milhões 150 de caprinos, 75 mil ovinos, 50 mil suínos, dois mil 700 equinos, seis mil asininos e dois milhões e 500 aves.FI/LHE/AC
