Saurimo – Uma centena de residências afectas ao projecto habitacional Mwono Waha, localizada há cerca de 13 quilómetros de Saurimo (Lunda-Sul), estão a ser alvos de vandalização por desconhecidos, por não estarem habitadas, preocupando os moradores daquela urbe.
Numa ronda efectuada pela à ANGOP, hoje, domingo, o condomínio inabitado observa-se ausência de tecto, janelas, portas, vandalização da louça sanitária, sistema eléctrico e cheiro nauseabundo.
Admiro Gonçalves, um dos moradores da zona, relatou que o Governo deve proceder a entrega das casas para interessados, para que cada um possa terminar com as obras, porque têm servido de esconderijo de malfeitores e muitos jovens a fumar estupefacientes.
Apontou que, por conta da chuva que cai todos dias, as residências poderão cair e criar mais danos aos cofres do Estado ou da empresa construtora, em litígio com a Procuradoria-geral da República (PGR).
Mário Mingas, morador, afirmou que por conta disso os malfeitores escondem-se nelas e praticam actos que menos abonam a convivência social, a título de exemplo, realizam violações a menores, quando saem da escola de noite.
Igualmente o único posto policial comporta apenas três polícias, sem viatura de ronda, número exíguo para dar cobertura ao projecto habitacional.
Por seu turno, instado sobre o assunto, o coordenador do projecto Mwono Waha, José Matuca Bibi, afirmou que neste momento controla 340 casas habitadas, 152 não habitadas e que estão a ser alvos de vandalismo.
Explicou que uma das razões da não entrega de tais moradias a beneficiários, com maior incidência a funcionários da Sociedade Mineira de Catoca, tem que ver com apreensão dos imóveis por parte da PGR, no quadro da recuperação de activos, em que está envolvida a empresa construtora China International Fund (CIF).
A CIF, segundo o responsável, abandonou o projecto, tendo em conta a pressão que sofria das autoridades judiciais e subcontratou uma outra, que até aqui nada faz.
Avançou que, por causa das reclamações dos beneficiários, de que a primeiras casas não ofereciam segurança e qualidade, apresentavam fissuras, infiltrações de água, trabalhos paliativos foram realizados para a melhoria e, fruto disso, há pouco interesse da Catoca e seus trabalhadores a aderirem mais nestas residências inabitadas.
Referiu que a vandalização tem estado a afectar psicologicamente os moradores, daí que aconselha a PGR a ser célere na tramitação dos processos destas casas e entregarem as pessoas interessadas, para darem acabamento e habitarem.
“Já apanhamos um cidadão na calada da noite a violar uma menina e um outro na tentativa de queimar uma residência, accionou-se a Polícia Nacional e foram presos”, detalhou.
Solicitou aos órgãos competentes a reforçarem o posto policial, com pelo menos 30 efectivos, porque o bairro é vulnerável à criminalidade, apenas três garantem o asseguramento.
Tentativas feitas pela ANGOP, para contactar a PGR, para esclarecer o assunto, mas sem sucesso.
O projecto, financiado pela Endiama-EP, em colaboração com o Governo Provincial da Lunda-Sul, está em 50% concluído (total de 1.000 fogos), sendo que 222 habitações já estão ocupadas, maioritariamente por funcionários da Sociedade Mineira de Catoca e no âmbito do sistema de renda resolúvel.
O complexo “Mwono Waha”, um termo tchokwe que traduzido para português significa “Nova Vida”, foi projectado para ter moradias T3, com modelos A e B, e T4.
Possui uma escola do primeiro ciclo, com capacidade para 872 crianças, e um centro médico, lavandaria e uma Estação de Tratamento de Água (ETA), entregues pelo governador da Lunda-Sul, Daniel Neto, no quadro da expansão da rede pública.
A unidade de saúde foi inaugurada e atende também a população das áreas adjacentes ao complexo, que, depois de estar concluído, vai ter 2.300 habitantes, dos quais 502 famílias já vivem na urbanização.JW/AC